Dois trabalhadores morrem durante limpeza de petróleo derramdo pela BP no golfo do México

Eles trabalhavam nas equipes de limpeza do vazamento causado pela BP há dois meses …





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Duas pessoas que trabalhavam nas equipes de limpeza do vazamento causado pela explosão em uma plataforma petrolífera da BP (antiga British Petroleum) há dois meses morreram em acidentes distintos, informaram nesta quarta-feira (23) fontes oficiais.

O almirante da Guarda Costeira, Thad Allen, responsável pela coordenação das tarefas de contenção do derramamento, confirmou em sua entrevista coletiva diária as duas mortes, mas não revelou a identidade das vítimas nem mais detalhes dos acidentes.

Allen também informou que as duas mortes de trabalhadores não parecem estar relacionadas com o trabalho, mas ressaltou que estão sob investigação.

A Guarda Costeira também afirmou hoje que a BP foi obrigada a retirar a tampa de contenção, instalada em junho, que auxiliava na captura do vazamento de óleo no golfo do México, segundo o jornal "The New York Times". Com isso, o petróleo vaza sem controle pelo golfo do México.

Negligência criminosa

Por Alejandro Nadal, no Informação Alternativa

O derrame de petróleo no golfo do México passará à história como um dos piores desastres ambientais à escala mundial. Por mais que a empresa British Petroleum (BP) anuncie novas manobras para controlar a situação, a injeção de óleo cru nas águas do Golfo continuará até agosto. O petróleo chegará à costa cubana e sairá para o Atlântico ao incorporar-se na corrente do Golfo.

Fala-se de um acidente na plataforma Deepwater Horizon, mas seria mais adequado falar de negligência criminosa. O desastre deve-se à arrogância corporativa e à ambição dos operadores da BP. Claro, também estão envolvidos a empresa Transocean, dona e operadora da plataforma (por conta da BP) e a Halliburton, responsável pela fundação do poço. O que foi que se passou a 20 de Abril?

Às 12h35 da madrugada, os técnicos da Halliburton completaram a operação de fundação do poço. Nas horas seguintes, realizaram-se provas de pressão para assegurar que o poço estava bem cimentado. Às 11h, levou-se a cabo um acalorado debate entre executivos da BP e da Transocean sobre mudanças nos planos relacionados com a fase seguinte na fundação.

Nessa tarde, às 17:05 horas, observou-se uma perda de fluído no tubo que liga a cabeça do poço com a plataforma. Este facto revelou que havia perda de pressão na cabeça, a qual se supõe que deve controlar o poço e estabilizá-lo em caso de mudanças repentinas no fluxo de óleo cru ou de gás. A cabeça está supostamente projetada para fechar o poço em caso de uma emergência.

Entre as 17h e as 19h realizaram-se mais provas para corroborar que a pressão correspondia às especificações da fundação. Os instrumentos indicavam uma perda total de pressão na tubagem de emergência que vai do poço à plataforma. Esta tubagem serve para cortar o fluxo do petróleo cru. Em contraste, a tubagem principal utilizada na perfuração acusou um aumento de pressão até aos 2.757.904 pascals, o que era sinal inequívoco de um incremento extraordinário de gás natural.

Às 20h, os técnicos da BP deram por concluídas as provas e começaram a operação de extração de lodos de perfuração para substituí-los com água do mar. Estes lodos são na realidade uma combinação de varro e minerais utilizados para selar. Enquanto não se colcar a tampa de cimento para fechar provisoriamente o poço, a presença destes lodos é a única forma de restringir a expansão de gases e fluídos que estão a grandes pressões no subsolo.

Por volta das 21h, havia mais fluídos a sair da cabeça do que os que estavam a ser bombeados para dentro e, às 21h10, a pressão na tubagem principal de perfuração aumentou espectacularmente. Às 21h50, surgiu uma primeira bolha gigante de gás natural e as válvulas da cabeça foram incapazes de controlá-la. A primeira explosão sobreveio uns segundos depois. A plataforma Deepwater Horizon, titular da marca mundial de perfuração em águas ultraprofundas, estava condenada. Às 21h52, deu-se a ordem de abandoná-la. Dos seus 126 tripulantes, havia 11 desaparecidos.

Fora das especificações

Há vários problemas com a cabeça. O seu desenho não seguiu as especificações originais. As baterias que deviam fazer funcionar vários dos seus acessórios estavam defeituosas. Finalmente, uma das suas peças medulares foi destruída semanas antes da explosão. Trata-se de uma abraçadeira gigante que foi submetida a pressões superiores às do seu nível de tolerância. Pedaços da abraçadeira apareceram na coberta da plataforma, indicando um grave dano no equipamento. Os técnicos da BP não deram importância a este sinal de alarme. Daí em diante, as leituras de pressões na cabeça do poço a mil e quinhentos metros de profundidade seriam inexatas.

A falta mais grave da BP foi ordenar aos operadores da Transocean a retirada dos lodos pesados de perfuração. Esses são a linha fundamental de proteção em caso de uma erupção de gás e devem ser retirados só após ser colocada a tampa de cimento. Mas a BP estava mais interessada em acelerar o ritmo das operações e decidiu inverter a sequência de operações.

A lei federal que limita a responsabilidade para reparo de danos de US$ 75 milhões já não se aplica em caso de negligencia. A BP vai ter dificuldades em demonstrar a sua inocência.

O chefe de eletrônica na plataforma Deepwater Horizon, Mike Williams, fez uma declaração extraordinária: "Foi-nos dito que esta era a tecnologia mais sofisticada e que nada do que ocorreu devia suceder". Trata-se do mesmo que foi dito pelos engenheiros nucleares depois dos acidentes de Three Mile Island e de Tchernóbyl. Isso dirão os técnicos das empresas multinacionais que produzem e comercializam cultivos de organismos geneticamente modificados. Acompanhá-los-á o coro de burocratas cúmplices que cobriram os seus atos no campo mexicano. Mas, tal como no Golfo do México, as cicatrizes ambientais durarão gerações.

Executivo da BP é substituído

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A BP também anunciou a substituição do executivo-chefe, Tony Hayward, como principal responsável da gestão direta dos esforços para atenuar as consequências do vazamento de petróleo no Golfo do México. Hayward sofreu forte crítica ao ser visto em uma corrida de iate na Ilha de Wight, na costa sul da Inglaterra, durante dia de folga no último sábado (19).

Em comunicado, a BP informou que criou um departamento especial para gerir a catástrofe ambiental, que será coordenada pelo diretor do conselho de administração da BP, Robert Dudley.

Dudley, de nacionalidade americana e que entrou na BP quando o grupo britânico adquiriu a Amoco em 1998, era até agora membro do conselho de administração da companhia, encarregado das atividades nas Américas e na Ásia.

Hayward foi interrogado no Congresso norte-americano na quinta-feira (17) sobre o vazamento de petróleo, na tentativa de demonstrar o compromisso da petrolífera em resolver a maior tragédia ambiental da história dos Estados Unidos. Durante o depoimento, Hayward irritou os congressistas ao afirmar que não era informado sobre os detalhes técnicos das perfurações de petróleo e dar respostas evasivas.

 

*Com informações de agências internacionais