Rede Brasil Atual
A acirrada disputa entre Hugo Chávez e Henrique Capriles na disputa presidencial revela o vigor da democracia na Venezuela, segundo o jornalista, historiador e professor de Relações Internacionais de Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Gilberto Maringoni. Para ele, a melhoria na qualidade e vida dos cidadãos venezuelanos pode explicar a reeleição de Chávez com 54,4% dos votos no domingo (7).
“Historicamente, o sistema eleitoral venezuelano é preparado para receber 30% dos eleitores, já que a votação não é obrigatória. Nesta eleição, o comparecimento dos eleitores chegou a 80% da população, algo nunca atingido antes”, disse em entrevista à Rádio Brasil Atual. O professor explica que o caráter acirrado da disputa eleitoral pode ser apontado como causa da grande participação do povo venezuelano nas eleições. O candidato da oposição Henrique Capriles recebeu 44% dos votos.
“Entre 2002, quando a oposição deu um golpe que retirou o presidente Chávez por três dias do poder, e 2005, quando eles se abstiveram de participar das eleições parlamentares, a tática que vigorou foi a do confronto fora do âmbito institucional. A oposição não reconhecia a legalidade do sistema político venezuelano”, diz.
Porém, o professor também traça debilidades no sistema político venezuelano. O fato de Chávez estar sucessivos mandatos no poder é uma delas. Segundo ele, a dificuldade de se pensar em um substituto para o atual presidente reside principalmente na figura quase mítica que Chávez adquiriu através dos anos. “Mais do que um líder, ele é tido como um herói nacional, porque tentou derrubar um governo num processo golpista, há 20 anos. Não existe nenhuma figura assim”.
Para o jornalista, Chávez precisa trabalhar uma liderança que o substitua. “Não é fácil, mas é preciso se pensar nisso como consolidação democrática, porque senão o governo venezuelano será eternamente dependente de uma só pessoa”.