Dirigente da CGT de Honduras convoca solidariedade internacional

Participando ativamente do 10º CONCUT, o dirigente camponês Jose Obdulio Fuentes Maldonado…

 CUT

Participando ativamente do 10º CONCUT, o dirigente camponês Jose Obdulio Fuentes Maldonado, secretário geral adjunto da Central Geral dos Trabalhadores (CGT) de Honduras, faz um breve relato da mobilização popular contra os golpistas e pela restituição da Presidência a Manuel Zelaya.  Em entrevista ao Portal do Mundo do Trabalho, Maldonado destaca o papel da solidariedade internacional no crescente isolamento dos golpistas e das manifestações que buscam restituir a normalidade democrática em seu país, "para avançar na construção de uma democracia participativa".

Como está a situação neste momento?

Há uma determinação muito grande, de amplos setores, para garantir a volta de Manuel Zelaya ao poder. Ele é o presidente constitucional de Honduras, eleito pelo voto popular, livre e direto. Zelaya vinha acenando com reformas substanciais, tendo duplicado recentemente o valor do salário mínimo, ampliado para 4.500 lempiras na área rural (cerca de US$ 225) e 5.000 lempiras na área urbana (cerca de US$ 250). Diante disso, já tinha havido uma reação dos grandes empresários, dos bancos e das multinacionais, contrários à medida, taxada pelos reacionários de "inconstitucional". Devido à intensa pressão do movimento sindical e popular, a Corte Superior de Justiça decidiu pela sua constitucionalidade. Esses exemplos de luta e de vitória nos impulsionam neste momento em que tentam impor o retrocesso.

Pelo que descreves, o governo começava a pisar no acelerador das mudanças…

Zelaya quis fazer uma consulta popular para que a população, por meio de uma Nova Construção, tivesse mais espaço nas decisões, com medidas que desconcentrassem a renda, que possibilitassem o acesso da grande maioria aos bens públicos. Daí toda a simbologia do que chamamos "quarta urna". A primeira era para a eleição presidencial, a segunda para o legislativo e a terceira para as prefeituras. A quarta era precisamente a urna da Constituinte, que os golpistas não aceitam de jeito nenhum, pelo temor da participação direta. Nossa luta é por uma república democrática e participativa.

Quem é a direita golpista em seu país?

O Conselho Hondurenho de Empresas (Cohep) faz o jogo das maquiladoras, empresas transnacionais que exploram a nossa mão-de-obra, que tentam fazer tábua rasa de direitos e buscam submeter o país inteiro aos seus interesses oligárquicos, sabotando o processo de transformação e procurando postergar indefinidamente toda e qualquer decisão política que os contrarie. Há um conluio entre multinacionais, grandes empresários e banqueiros e, claro, os meios de comunicação. As empresas que discordam são censuradas e têm suas transmissões cortadas pelos militares golpistas. Não estão sendo respeitadas as leis internacionais, nem o Código do Trabalho nem a contratação coletiva. Os sindicatos estão sendo perseguidos, com a estrutura do Estado mobilizada para defender a classe patronal.

E a violência?

Temos mais de 400 presos, 200 feridos e torturados e quatro pessoas assassinadas por terem se levantado contra o golpe. Há uma forte determinação de resistir à injustiça, que está se espraiando.

A solidariedade internacional é crescente. No próximo dia 12, a convite do governo brasileiro, o presidente Manuel Zelaya visitará o nosso país…

A solidariedade de todos os países e povos do mundo e, em especial, dos latino-americanos tem fortalecido a convicção de que a democracia prevalecerá. Nossa luta é pela restituição de Manuel Zelaya, o único presidente que reconhecemos, fruto de um processo limpo e transparente do qual participaram todos. Estamos totalmente satisfeitos com a intensidade das declarações de apoio recebidas, repudiando energicamente a ação golpista e o desrespeito ao voto popular.