Três semanas após a FUP interpelar a Petrobrás sobre declarações de gestores do E&P de que a companhia “está quebrada” e que “chegará com caixa zerado em meados de 2016”, a empresa continua se omitindo em relação ao fato e ainda tenta justificar o comportamento dos gerentes. A gravidade das afirmações feitas por eles, inclusive em reuniões públicas, é, no mínimo, passível de processo disciplinar, como prevê o Código de Ética da Petrobrás, pois são um claro atentado à imagem da empresa.
“Por muito menos, e na verdade por ações empreendidas na via contrária, em defesa da Petrobrás, dirigentes e militantes sindicais vêm sendo punidos disciplinarmente, e perseguidos com medidas como mudança seletiva de regime de trabalho”, contestou a FUP, em documento enviado à Diretoria de Governança, Risco e Conformidade da Petrobrás e à Presidência do Conselho de Administração da empresa.
Os gerentes denunciados pela FUP ferem pelo menos dois ítens dos “Compromissos de Conduta do Sistema Petrobrás”, elencados no Código de Ética. São eles o 3.5 – “respeitar o sigilo profissional, exceto quando autorizado ou exigido por lei, preservar os interesses do Sistema sempre que se manifestarem, em ambiente público ou privado, e zelar para que todos o façam” – e o 3.6 – “guardar sigilo das informações estratégicas e das relativas a atos ou fatos relevantes ainda não divulgados ao mercado, às quais tenham tido acesso, bem como zelar para que outros também o façam, exceto quando autorizados ou exigidos por lei”.
É inadmissível, portanto, o tratamento desigual que a diretoria do E&P dispensa aos trabalhadores, se valendo do Código de Ética para punir e assediar os que defendem a empresa e violando, quando convém, as normas internas para proteger os “amigos do rei”.
Ética para quem?
Com o objetivo de promover a defesa de “princípios éticos” e “compromissos de conduta”, o Código de Ética do Sistema Petrobrás tem sido mais um daqueles documentos bonitos, que os gestores se orgulham de ostentar em suas apresentações, mas que na prática, de nada valem. Quando utilizado, tem sido de forma distorcida, sempre manipulado pelas gerências, de acordo com as suas conveniências, quase sempre para punir e assediar os trabalhadores. Não foi à toa que a edição de 2005 estampou na capa, nada mais, nada menos que o ex-gerente da Petrobrás, Pedro Barusco, réu confesso, que participou dos esquemas de corrupção na empresa.
Fonte: FUP