Diretor da FUP, representante do NF na comissão da P-19, tem crachá bloqueado para ingresso em prédio da Petrobrás

O diretor da FUP, Raimundo Teles, que representa o Sindipetro-NF na comissão de investigação do acidente que matou, em 2 de agosto, o petroleiro Patrick Carlos, à bordo da plataforma P-19, na Bacia de Campos, teve o crachá bloqueado para ingresso, nesta manhã, no Edifício Senado (Edisen), uma das sedes administrativas da Petrobrás no Rio, onde participaria de uma das reuniões do grupo.

O sindicalista registrou em vídeo o momento em que tenta passar pela catraca e não acontece a liberação. O mesmo prédio vinha sendo acessado pelo diretor nos últimos dias, justamente para participar de trabalhos da comissão, sem problemas. O mais recente destes acessos aconteceu na última segunda, 22.

Raimundo explica que chegou hoje ao Edisen por volta das 7h50. Após ver que o acesso não estava liberado, foi à recepção para saber o que estava acontecendo, quando recebeu a informação de que ele estava bloqueado por ser sindicalista. O petroleiro conta que esperou mais um pouco e, às 8h06, tentou o acesso novamente, sem sucesso.

“Foi quando veio um inspetor de segurança alegando que a orientação era essa e que se tivesse que ter acesso iriam verificar para me liberar como visitante. Aí eu já considerei uma ofensa pessoal, porque eu sou funcionário da Petrobrás, estou prestes a completar 40 anos de vinculação com a empresa agora no dia 1º de setembro, e não aceitei entrar com o crachá de visitante para participar de uma atividade que já está estabelecida”, protesta Raimundo.

Prática antissindical 

O diretor sindical atribui o bloqueio a uma prática antissindical da empresa, especialmente em momentos mais acirrados das reivindicações dos trabalhadores. A categoria está em período de assembleias, com indicativo de rejeição de uma contraproposta de Acordo Coletivo de Trabalho feita pela empresa. No Norte Fluminense, ao impasse no ACT, soma-se a tentativa de cortes dos direitos previstos em Acordos Regionais.

“Foi  um fato lamentável que realmente imediu o meu acesso, por conta de algo que reconhecidamente se estabelece como prática antissindical da empresa, principalmente em períodos negociais, de mobilizações maiores da categoria petroleira, como vem acontecendo agora”, afirma o sindicalista.

Raimundo lementou ainda que “um direito assegurado nas normas, no Acordo Coletivo, que é a participação da representação sindical nas análises de acidente, foi, de uma forma unilateral, prejudicada pela empresa dentro do seu conjunto de práticas antissindicais, que ao longo desse governo vem colocando em prática sucessivamente”.

Repúdio veemente

O Sindipetro-NF repudia de modo veemente mais este caso de prática antissindical da empresa, que frequentemente bloqueia crachás de sindicalistas para gerar constrangimento diante dos demais trabalhadores, criminalizando a atuação sindical. A entidade entende, no entanto, que esta brutalidade da gestão da empresa acaba surtindo efeito contrário ao pretendido pelos gestores: os petroleiros e petroleiras ficam ainda mais indignados e unidos para lutar contra os desmandos da companhia.

O sindicato vai continuar a atuar, tanto no campo político quanto no jurídico, para denunciar e coibir estas ações ilegais e autoritárias da empresa. No caso específico da comissão da P-19, exigirá que a participação do representante dos trabalhadores não seja mais prejudicada em razão da truculência negocial da gestão.

[Da imprensa do Sindipetro NF]