Dilma: “Os petroleiros são a pátria de capacete e macacão”

alt

alt

Durante a cerimônia que comemorou no dia primeiro de julho os 500 mil barris diários de petróleo que a Petrobrás já está extraindo do pré-sal, a presidenta Dilma Rousseff fez uma analogia com a célebre frase de Nélson Rodrigues, de que a seleção brasileira é a pátria de chuteiras: “A Petrobras é a pátria com as mãos sujas de óleo”, declarou. Em 2010, durante a II Plenafup, a então candidata Dilma, já havia deixado claro que os trabalhadores da empresa têm sido fundamentais para a soberania nacional.  “Os petroleiros são a pátria de capacete e macacão”, ressaltou na época.

De lá pra cá, o pré-sal já passou a produzir cerca de 512 mil barris de petróleo por dia, dos quais 78% são extraídos pela estatal e o restante por empresas privadas. Esse volume representa hoje 22% de toda a produção da Petrobrás e dobrará nos próximos três anos, atingindo em 2018 mais de 50% de todo o petróleo produzido pela empresa.

Daí a importância do governo ter transferido integralmente para a Petrobrás quatro áreas gigantescas do pré-sal, com estimativas de 10 a 15 bilhões de barris de óleo, decisão comemorada pela FUP os movimentos sociais que historicamente lutam pela soberania nacional. Para a Plataforma Operária e Camponesa para Energia, “o atual governo federal adota postura de defesa dos interesses nacionais e do povo brasileiro e favorece o controle do Estado sobre as reservas estratégicas de energia”.

Em função dessa estratégica medida governamental, as reservas da Petrobrás dobrarão e a empresa passará a ter uma produção média diária de 4,2 milhões de barris de óleo entre 2020 e 2030. Segundo estudos do governo, isso significará no mínimo R$ 1,3 trilhão de recursos para o Estado brasileiro que serão destinados à educação e à saúde no próximos 35 anos.

Leia também:

Presidenta Dilma fortalece o Brasil no pré-sal

Conselheiro eleito trai a categoria!

Na contramão da soberania nacional, o presidente da Aepet, Silvio Sinedino, que ocupa a vaga dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás, mobilizou a mídia nacional, colocando sob suspeita a medida do governo que dobrou as reservas da estatal. Junto com os acionistas privados, ele ameaçou denunciar a Petrobrás à Comissão de Valores Mobiliários.

“A Petrobrás não vai ver esse óleo tão cedo”, afirmou ao jornal Estado de São Paulo, para deleite dos tucanos, tachando a decisão do governo como algo “gravíssimo”.”OConselho é igual à Rainha da Inglaterra”, disse ao Jornal Nacional, que lhe deu todo o espaço necessário para questionar a decisão do governo. Suas declarações caíram como uma luva sobre o mercado financeiro, que derrubou as ações da Petrobrás, fazendo coro à campanha escancarada da mídia, que há tempos vem tentando desmoralizar a estatal com o objetivo claro de desqualificar o seu papel de operadora única do pré-sal.

Apoiado pela Aepet, Sindipetros RJ, LP, SJC, PA, SE/AL, PSTU/Conlutas e associações de aposentados, Sinedino foi eleito para o Conselho de Administração com os votos da ala conservadora da empresa, que sempre defendeu a sua privatização. Não é de hoje que denunciamos as alianças espúrias dos divisionistas com as forças neoliberais que se articulam por dentro da estatal. Desta vez, eles assumiram explicitamente de que lado estão, ao somarem forças com os acionistas que representam o capital privado na Petrobrás para questionarem publicamente uma conquista que devolve à estatal o monopólio sobre uma das maiores reservas de petróleo dos últimos tempos. 

Ao ser questionado sobre o seu posicionamento, ele ainda tentou mudar o discurso, alegando que era a favor da decisão do governo, mas questionava o fato da medida não ter sido discutida no CA. Papo pra boi dormir, pois o estrago já havia sido feito. Tanto, que o próprio Sindipetro-RJ, onde Sinedino já foi diretor e integrou a última Comissão Eleitoral, saiu em defesa da medida do governo, ressaltando no editorial do seu boletim que as críticas da mídia (muitas delas embasadas nas declarações de Sinedino) atendiam às multinacionais que não querem a Petrobrás como operadora única do pré-sal. A quem os divisionistas tentam enganar? 

Fonte: FUP