Rede Brasil Atual
Depois do melhor ano para as negociações salariais, o Dieese avalia que 2013 continuará trazendo resultados positivos nos acordos coletivos. Lista alguns fatores para justificar essa convicção: juros no menor nível histórico, inflação menos alta, retomada da indústria, criação de mais empregos e maior crescimento econômico. “Não acredito em recuo. Essa tendência (de predominância de aumentos acima da inflação) deve se manter. Os resultados do começo do ano apontam um crescimento do PIB de 3% a 3,5%. A inflação (anualizada) deve crescer ainda no primeiro semestre e será maior do que no segundo. E a indústria puxa a atividade econômica em geral”, analisa o coordenador de Relações Sindicais do Dieese, José Silvestre Prado de Oliveira.
Em 2012, segundo pesquisa divulgada hoje (20) pelo instituto, 94,6% de 704 acordos e convenções coletivas pesquisados tiveram aumento real (acima da inflação, tendo como deflator o INPC-IBGE), no melhor resultado da série iniciada em 1996. O resultado poderia ser considerado surpreendente, considerando que no ano passado a inflação subiu e a alta do PIB foi tímida (0,9%). Mas Silvestre observa que o crescimento da economia, isoladamente, não garante ganhos reais. “Se isso fosse verdade, 2010 (PIB de 7,5%) teria resultado melhor. A inflação é um fator determinante. E há um dado relevante, que é a elevação do salário mínimo”, observou. Segundo o economista, o reajuste de 14% dado ao salário mínimo em 2012 influenciou resultados nos setores de comércio e serviços, elevando os pisos salariais das categorias.
Para o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, o resultado demonstra o acerto da campanha das centrais pela valorização do salário mínimo, que resultou em política de governo. “No primeiro semestre, várias categorias se baseiam nele, o piso da categoria é empurrado pelo salário mínimo. Isso valoriza a ação unitária das centrais e a volta da marcha a Brasília”, afirmou, referindo-se à manifestação realizada no último dia 6. A Força e a CTB foram as únicas centrais a enviar representantes à divulgação – tradicionalmente, todas as centrais participam.
Apesar da manutenção da tendência positiva, 2012 teve um comportamento atípico, com os resultados do primeiro semestre (aumento real médio de 2,14 pontos percentuais) superando os do segundo (1,61 ponto percentual). “Normalmente, acontece o contrário”, lembrou Silvestre. Isso se explica, acrescentou, pela elevação da inflação e pela piora das expectativas ao longo do ano. “No começo de 2012, as projeções davam conta de crescimento de até 4%. Essas expectativas foram sendo refeitas. Isso aqui (dados do segundo semestre) está certamente influenciado pelas expectativas do PIB e da inflação”, comentou.