Dez anos da P-36: unidade e luta para barrar novas tragédias

É imprescindível que os trabalhadores de todas as plataformas se reúnam e façam um levantamento das pendências de sua plataforma…





Sindipetro-NF

O dia 15 de março é uma data de muita tristeza para a categoria, foi quando 11 trabalhadores da brigada de incêndio de P-36 morreram após uma grande explosão. O acidente foi tão grave que chegou a balançar a plataforma, e dias depois afundou levando os corpos dos companheiros. Todos os anos o sindicato realiza um ato para marcar esse dia de luto, mas essa direção não quer mais realizar atos para lembrar novas tragédias. A diretoria quer impedir que novos acidentes como esse aconteçam e para isso precisa do apoio de toda categoria petroleira.

É imprescindível que os trabalhadores de todas as plataformas se reúnam e façam um levantamento das pendências de sua plataforma com base nas normas regulamentadoras. E como forma de demonstrar insatisfação com o risco diário que correm em seu local de trabalho e marcar a passagem dos dez anos da tragédia com a P-36, realizem assembleias para referendar o levantamento. As atas devem ser encaminhadas até às 12h do dia 16, quarta.

 

Março de 2001: maior plataforma da Petrobrás afunda após acidente que matou 11 trabalhadores

Foram através de levantamentos encaminhados pelos trabalhadores, por solicitação do sindicato, que novas tragédias foram impedidas de ocorrer por conta das interdições de P-33, P-35, P-27 e PCH-2. No boletim Nascente 660, publicado em 6 de agosto de 2010, o Sindipetro-NF publicou fotos encaminhadas pelos petroleiros que apresentavam flagrantes dos problemas enfrentados a bordo. Essas fotos, os documentos e atuação do sindicato junto à DRT, Marinha e ANP foram peças chaves para as interdições.

No caso da P-33, depois que 110 trabalhadores assinaram um documento, revelando a situação de insegurança, a unidade foi efetivamente parada por 80 dias. As denúncias de incêndio ocorridas no dia 19 de janeiro em PCH-2, também foram ações conjuntas que culminaram na interdição da plataforma. Já no Tecab ocorreram mais de 30 autuações por conta de denúncias dos trabalhadores e do sindicato.

 A atuação do sindicato em saúde e segurança será tão mais qualificada quanto mais os trabalhadores se envolverem e denunciarem.
 É isso que é precisa continuar sendo feito pelos trabalhadores, porque a atuação sindical passa a ser referendada por documentação dos trabalhadores que vivem nas unidades.

Hoje, 15, é o dia de mostrar para as empresas que não queremos correr mais riscos.  O Sindipetro-NF convocou assembleia em todas as plataformas para aprovação dos levantamentos das pendências de segurança que não estão de acordo com as NRs .O TECAB e demais áreas operacionais de terra também devem realizar o levantamento e enviar para o sindicato, lembrando que o anexo 2 da NR-30 não se aplica às unidades de terra.

Não podemos nos omitir em relação às 74 mortes que aconteceram na Bacia de Campos de 2001 até agora e às condições inseguras de trabalho que convivemos em nosso dia a dia. Exigimos que as vidas sejam preservadas e que não haja mais riscos no trabalho dos petroleiros da Bacia de Campos.

A tragédia da P36  que comoveu o país

Março de 2002: viúvas e parentes dos petroleiros mortos protestam em frente à sede da Petrobrás

Na madrugada de quinta-feira, 15, os trabalhadores de P-36 são acordados com um barulho semelhante a uma carga caindo sobre o convés. O estrondo é seguido de um grande balanço que é sentido por toda plataformas. Enquanto esse movimento era sentido por alguns trabalhadores, onze heróis da brigada de incêncio desceram à coluna de popa-boreste para verificar o ocorrido. Foram, mas não retornaram. Uma grande explosão acabou atingindo os trabalhadores no momento em que estavam atuando.
Apenas o operador Sérgio Santos Barbosa, 41anos,  um dos integrantes da brigada é resgatado com 98% do corpo queimado e encaminhado ao Hospital da Força Aérea do Galeão. Um corpo outro corpo foi achado totalmente carbonizado e os outros nove trabalhadores foram dados como desaparecidos pela Petrobras.
Quando o acidente aconteceu grande parte dos 175 trabalhadores a bordo estava dormindo.
Passaram quase três horas da primeira explosão até o início do movimento de abandono da P-36.

AFUNDAMENTO

No dia 16, a P-36 já começou a mostrar sinais de inclinação e dava indícios que iria afundar, levando para o fundo do mar os corpos dos nove companheiros. Foram dias de angústia para os parentes, colegas de trabalho e para o país até que no domingo, 18, mergulhadores encontraram o corpo de Sérgio dos Santos Souza, (Serjão), 35. Com isso as esposas ganham esperança de pelo menos levar os corpos de seus maridos, mas tudo isso  acaba na quarta, 21. Às 10h45 a plataforma afunda a 1.350 metros e leva para o fundo do mar os corpos dos trabalhadores mortos.

Dez anos de saudades dos companheiros de luta

Adilson Almeida de Oliveira
Charles Roberto Oscar
Emanoel Portela Lima
Ernesto de Azevedo Couto
Geraldo Magela Gonçalves
Josevaldo Dias de Souza
Laerson Antonio dos Santos
Luciano Cardoso Souza
Mário Sérgio Matheus
Sérgio Santos Barbosa
Sérgio dos Santos Sousa

Jamais esqueceremos!