Desenvolvimento das usinas do Brasil não rima combina com dignidade

Trabalhadores relatam precarização do trabalho e calotes que levaram das construtoras terceirizadas….





CUT

O motivo que levou quase uma centena de trabalhadores à sede do Sticcero (Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil de Rondônia), na manhã desta quarta-feira (6), não deixa dúvidas sobre os graves problemas que o Estado de Rondônia e o Brasil enfrentarão, caso não se discuta as relações trabalhistas na construção civil.

Uma parte dos operários reclamava por não ter recebido o pagamento pelos serviços prestados à BS Construtora, terceirizada contratada pelo consórcio Energia Sustentável do Brasil (Enersus), responsável pela construção de Jirau. Outros traziam nas mãos cheques carimbados pelo banco atestando a falta de fundos para compensá-los.

Perante a multidão, que destoava no agradável ambiente com ar-condicionado, o coordenador administrativo do consórcio, Fúlvio Giada, resolveu cumprir a obrigação do grupo, não sem antes tentar convencer os operários a saírem. “Estou dizendo que vamos pagar, vocês tem que acreditar em uma empresa sólida como a nossa”, sugeria.

A pressão deu resultado e, no final da noite, os valores foram levados à sede do sindicato e entreguepara aqueles que geram o lucro das construtoras.

Acidente não é doença
Entre os operários prejudicados, o soldador Joanes Pereira era a prova de que as fraudes praticadas pelas empreiteiras que atuam na construção das usinas de Jirau e Santo Antônio não se restringem ao pagamento. Como em outros casos acompanhados por nossa reportagem (clique aqui para conhecer a história de Emerson do Nascimento, que passou por situação idêntica na usina de Santo Antônio), ele foi mais um acidentado que recebeu da empregadora um documento apontando uma situação de doença ocupacional. 

Perante a multidão, que destoava no agradável ambiente com ar-condicionado, o coordenador administrativo do consórcio, Fúlvio Giada, resolveu cumprir a obrigação do grupo, não sem antes tentar convencer os operários a saírem. “Estou dizendo que vamos pagar, vocês tem que acreditar em uma empresa sólida como a nossa”, sugeria.

A pressão deu resultado e, no final da noite, os valores foram levados à sede do sindicato e entreguepara aqueles que geram o lucro das construtoras.

Acidente não é doença
Entre os operários prejudicados, o soldador Joanes Pereira era a prova de que as fraudes praticadas pelas empreiteiras que atuam na construção das usinas de Jirau e Santo Antônio não se restringem ao pagamento. Como em outros casos acompanhados por nossa reportagem (clique aqui para conhecer a história de Emerson do Nascimento, que passou por situação idêntica na usina de Santo Antônio), ele foi mais um acidentado que recebeu da empregadora um documento apontando uma situação de doença ocupacional.

A manobra tem justificativa econômica. Caso seja indicado o acidente, o funcionário tem direito a um ano de estabilidade, se a recuperação superar 15 dias, além de ter garantido o depósito do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) durante o afastamento. A alíquota que a companhia paga do Seguro Acidente também aumenta conforme crescem os incidentes e o risco da atividade.

A pedido de um encarregado, o maranhense que deixou o estado natal em novembro do ano passado, realizava um serviço de ajudante de torneiro, portanto, fora de sua função, quando teve a mão a mão atingida por uma barra de ferro. Mas, para ele, o pior parece ter sido a falta de assistência do Enersus. “Fiquei aguardando um dia todo para entrar em um quarto do João Paulo II (hospital público de Porto Velho), depois de 21 dias fui transferido para fazer a  cirurgia. Nesse tempo todo, só recebi uma ligação da empresa no terceiro dia dizendo que iriam me ajudar, mas nunca vi a a cara de ninguém por lá. Até sabonete e creme dental precisei pedir emprestado”, lamentou, demonstrando que no Brasil da aceleração do crescimento, a falta de diálogo e de comprossio social nas grandes obras podem deixar um legado de exclusão.