Pesquisa do IBGE mostra que em um ano aumentou em 1,7 milhão o número de desempregados. Outros 1,2 milhão se somam ao desalento e há 9,7 milhões de ocupados a menos
[Da Rede Brasil Atual | Foto: REUTERS/Amanda Perobell]
Na última divulgação de 2020, o país teve acréscimo de 1,7 milhão de desempregados em relação a 2019 (aumento de 13,7%) e venceu a marca de 14 milhões. O total de 14,061 milhões no trimestre encerrado em outubro representa 931 mil em relação a julho (7,1%). Desalento e subutilização da mão de obra seguem em alta, aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta terça (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O total de ocupados (84,301 milhões) caiu 10,4% em relação a igual período de 2019. São 9,754 milhões a menos em um ano. Na comparação trimestral, a ocupação cresceu 2,8% (2,273 milhões), devido ao trabalho informal.
Nem o informal
Enquanto o emprego com carteira variou 1,3% em relação ao trimestre anterior, o sem carteira subiu 9%. E o trabalho por conta própria aumentou 4,9%. Em um ano, o resultado é ainda pior: o emprego formal cai 10,4% (menos 3,347 milhões) e o sem carteira recua 20,1% (menos 2,382 milhões). Já o trabalho por conta própria recua 8,1% (1,990 milhão a menos). Assim, ante 2019, que já foi um ano fraco, nem o trabalho informal ajudou a reduzir o contingente de desempregados em 2020.
O governo alardeou resultados que apontam crescimento do emprego com carteira, mas os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (“novo” Caged) não são comparáveis aos da Pnad Contínua. O Caged é um registro administrativo, enquanto a Pnad é feita por meio de entrevistas domiciliares. Além disso, o emprego formal é apenas parte do mercado de trabalho brasileiro.
Subutilizados e desalentados
Segundo os dados da Pnad, o país tem 29,769 milhões de empregados com carteira no setor privado e 9,470 milhões sem carteira. Os trabalhadores por conta própria somam 22,456 milhões. E os trabalhadores domésticos somam 4,707 milhões, queda de 25,5% (menos 1,607 milhão) ante 2019.
A chamada subutilização da mão de obra, com aqueles que gostariam de trabalhar mais, somou 32,5 milhões de pessoas. Aumento de 20% sobre 2019 – acréscimo de 5,4 milhões. A taxa caiu ligeiramente no trimestre (0,7 ponto percentual) e subiu em um ano (5,7 pontos), para 29,5%.
Já os desalentados somam 5,8 milhões. Se o IBGE não registrou variação estatística significativa em relação a julho, na comparação com igual período de 2019 houve crescimento de 25%, com 1,2 milhão a mais. O percentual em relação à força de trabalho é de 5,5%, 1,4 ponto a mais em um ano. Já a taxa de informalidade cresceu no trimestre e caiu no ano, chegando a 38,8% dos ocupados.
Menos R$ 11,7 bi na economia
Entre os setores, na comparação trimestral a ocupação cresceu em quatro dos 10 grupos pesquisados e ficou estável no demais. Frente a igual período de 2019, caiu em oito dos 10 grupos: queda de 10,6% na indústria, 11,2% no comércio/reparação de veículos, 13,7% na construção e 28,5% em serviços de alojamento/alimentação.
Estimado em R$ 2.529, o rendimento médio ficou estável em relação ao trimestre imediatamente anterior e subiu 5,8% ante 2019 – indicando eliminação de vagas de menor remuneração. Assim, em um ano, com a queda na ocupação, a massa de rendimentos caiu 5,3%, para R$ 207,9 bilhões. Isso significa menos R$ 11,7 bilhões na economia.