Desde que quebraram a unidade nacional, há sete anos, dissidentes continuam a reboque da FUP

FUP

Desde que quebraram a unidade nacional, quando saíram da FUP em 2006 (após abandonarem o XII Confup antes mesmo da instalação do Congresso), os divisionistas passaram a se opor a todos os indicativos da Federação, sem propor alternativas aos trabalhadores e sem construir mobilizações ou estratégias de negociação que apontassem um caminho diferenciado na condução das lutas da categoria. Campanha após campanha, ao longo destes sete anos, o receituário dos dissidentes é exatamente o mesmo, incapaz de surpreender os petroleiros e muito menos os gestores da Petrobrás. Pelo contrário, como a empresa já sabe de cor e salteado que a disputa dos divisionistas é com a FUP, as estratégias para tentar enfraquecer os trabalhadores nas negociações vão ficando cada vez mais sutis e apuradas.

Cabe à FUP e aos seus sindicatos mobilizarem a categoria e buscarem outros canais de interlocução sempre que os gestores da Petrobrás criam impasses no processo de negociação. Foi assim nesta campanha de PLR, onde a reunião com a presidente Maria da Graças Foster e o diretor José Eduardo Dutra foi fundamental para que a empresa apresentasse uma nova proposta com avanços significativos em relação a anterior. Já os divisionistas, como nas campanhas anteriores, não propuseram sequer uma mobilização em suas bases, desqualificaram os avanços obtidos pela FUP e ainda tentam iludir os trabalhadores de que a Petrobrás teria uma terceira proposta para a PLR. 

A tática deles é sempre a mesma: propor um movimento unificado para que possam pegar carona nas lutas organizadas pela FUP e depois nos transformarem em bode expiatório de seus fracassos. Quantas e quantas vezes a categoria já não viu esse filme? Com cinco sindicatos, será que é tão difícil assim organizar uma mobilização contundente? Em 1983, em plena ditadura militar, dois sindicatos enfrentaram sozinhos os milicos que comandavam a Petrobrás e o regime. A greve da Replan (Campinas) e da Rlam (Bahia) foi um marco na história do movimento sindical brasileiro e deveria servir de inspiração para os divisionistas. O que será que impede ou inibe os dissidentes a construírem uma mobilização coesa em suas bases já que temos um governo popular e democrático, bem diferente da conjuntura de 1983?

Propomos aqui esse desafio às lideranças da dita Frente Nacional dos Petroleiros. Como fonte de reflexão, fizemos um histórico resumido das campanhas conduzidas pelos divisionistas desde que romperam a unidade nacional.

2006 – Campanha reivindicatória: desesperados com os índices de mais de 80% de aceitação da categoria ao acordo conquistado pela FUP, os dissidentes tentaram manipular as assembleias, apostando na divisão entre ativos e aposentados. Os trabalhadores exigiram novas assembleias e aprovaram o ACT indicado pela FUP.

2007 – Campanha reivindicatória: enquanto a FUP indicava greve nacional e tentava buscar uma nova proposta, os coordenadores dos Sindipetros RJ, SE/AL e Pará realizaram, finalmente, uma mobilização: arriaram as calças em frente ao Edise!

2008 – PLR: mesmo com os petroleiros em estado de greve, realizando vigília de 24 horas e paralisações de dois dias em solidariedade à greve dos trabalhadores da Bacia de Campos pelo dia do desembarque, nem assim os divisionistas foram capazes de fortalecer a luta nacional da categoria. Enquanto atacavam a FUP, tentavam pegar carona nas mobilizações para se cacifarem na mesa com a Petrobrás. Mas, em vez de buscarem avanços, apostaram no acirramento e no impasse, sendo novamente atropelados pela base. Campanha salarial: mais uma vez manobraram as assembleias para tentar impedir a aprovação do acordo conquistado pela FUP. No RJ, os divisionistas chegaram a suspender e adiar uma assembleia de aposentados, quando perceberam que estava esvaziada e que não reverteria os votos da ativa a favor do ACT.

2009 – PLR: atenderam ao chamado da FUP e somaram-se em algumas bases à greve unificada de cinco dias, mas abandonaram a mesa de negociação que buscava uma saída para o impasse. Campanha reivindicatória: enquanto a FUP mobilizava a categoria e fazia interlocuções com o governo para reverter as punições aplicadas pela Petrobrás contra os trabalhadores que fizeram a greve de março, os divisionistas reduziram a pauta às questões econômicas. Chamaram duas greves e duas vezes foram ignorados pelos trabalhadores, enfraquecendo a categoria em uma negociação extremamente difícil e complexa, onde o cancelamento das punições era ponto de honra para os petroleiros.

2010 – PLR: após mobilizações e dois meses de negociação, a FUP conquistou um dos melhores acordos de PLR da categoria, que foi aprovado por unanimidade em várias bases. Os divisionistas nada fizeram e ainda indicaram a rejeição e foram novamente atropelados. Campanha salarial: a campanha da FUP já começou com uma semana de mobilizações em resposta ao abono discriminatório da Petrobrás que privilegiou as funções gratificadas. A pressão surtiu efeito e arrancou uma das melhores propostas de ganho real da história da categoria. Os dissidentes indicaram a rejeição, sem propor alternativa e foram novamente atropelados pelas assembleias.

2011 – PLR: ao contrário da FUP, os divisionistas não se posicionaram contrários à tentativa da Petrobrás de reeditar o surbônus. A FUP enfrentou a disputa política com as gerências e organizou várias mobilizações que os sindicatos dissidentes tentaram se apropriar, dizendo que o indicativo era deles. Fugiram do enfrentamento com as gerências, ficaram em cima do muro em relação ao surbônus e, para piorar, o coordenador da FNP assinou o acordo proposto pela empresa, enfraquecendo a luta da categoria. Mesmo com essa desmoralização, os divisionistas ainda tentaram sair pela tangente com um indicativo de greve. Moral da história: foram os primeiros a assinar o acordo que, por força da luta conduzida pela FUP, impediu a volta do surbônus. Campanha reivindicatória: a defesa da vida foi o mote da campanha da FUP, que teve início com um ato classista que reuniu milhares de trabalhadores em frente ao Edise, junto com a CUT, CTB e várias categorias.  Os trabalhadores atenderam o indicativo da FUP e realizaram mobilizações por segurança, batizadas de “operação Gabrielli”, e aprovaram uma greve nacional em defesa da vida. À margem de uma luta urgente como esta, os divisionistas se limitaram a atacar a FUP e ao final da campanha foram os primeiros a assinar o acordo que eles indicaram a rejeição.

Como se vê, entra ano, sai ano e é sempre a mesma ladainha. Os divisionistas pregam a unidade e ao mesmo tempo chamam a FUP de traidora. Estão sempre a reboque dos nossos calendários e aguardam os indicativos da FUP para se posicionarem contra. A unidade se faz na luta, com respeito às diferenças, mas sobretudo com representatividade e legitimidade.