Depois de privatizarem o sistema elétrico, tucanos paulistas colocam em risco o meio ambiente

Sob risco de apagão, governo de SP apela à iniciativa privada. A ideia é que empreendimentos comerciais e residências usem geradores a diesel no horário de pico…





Luis Nassif

Empresas de energia e de rodovias lucram mais. Concessionárias de serviços públicos lideram o ranking de rentabilidade…

Obs : Eis o resultado do modelo tucano paulista.

http://www.eletrosul.gov.br/gdi/gdi/cl_pesquisa.php?pg=cl_abre&cd=hjlcdb… 
     
As empresas de energia elétrica estão correndo contra o tempo para investir ainda neste ano mais de R$ 2 bilhões em programas de eficiência energética e de pesquisa e desenvolvimento, obrigatórios por lei. São recursos que já deveriam ter sido aplicados ao longo dos últimos anos, mas ficaram parados no balanço das companhias.

Obs 2:O abuso por parte das concessionárias configurando crime continuado.

http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4943528-EI8139,00-SP+governo+propoe+geradores+proprios+para+iniciativa+privada.html

SP: governo propõe geradores próprios para iniciativa privada

13 de fevereiro de 2011 • 09h31

Sob risco de novos apagões, o governo de São Paulo vai propor a grandes consumidores do Estado para que eles gerem sua própria energia. A ideia é que empreendimentos comerciais e residências saiam do sistema elétrico no horário de pico. A proposta é do secretário de Energia, José Aníbal. De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, na última terça-feira, um problema de transmissão deixou cerca de 2,5 milhões de pessoas sem energia na capital.

Segundo o jornal, o governo admite novos apagões novamente na zona sul, e também na zona norte e no ABC paulista. Segundo Aníbal, esses grandes consumidores precisam ter geração própria, até por prudência. O governo, porém, não pretende tornar a medida obrigatória.

E o Gaspari, surpreendente:

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po1602201103.htm

São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

ELIO GASPARI

Depois da privataria, o "macrogato"

O tucanato vendeu o patrimônio da Viúva e agora sugere que a patuleia compre geradores de energia

O secretário de Energia do governo de São Paulo, José Aníbal (PSDB-SP), anunciou que shoppings centers, empreendimentos comerciais e conjuntos habitacionais "vão ter que ter" geração própria para evitar apagões. Nas suas palavras:

"Nos momentos de pico, eles saem da rede e fazem geração própria. Vai ter que trabalhar nisso. Isso não é só saudável do ponto de vista do conjunto do sistema, como é prudente do ponto de vista das insuficiências da transmissão da empresa que está aí. Vamos estimular".

O que o doutor propõe é um salto para o século 19, com a criação de um sistema avulso de geração de energia elétrica, o "macrogato". Um absurdo ambiental, porque os geradores queimam óleo diesel; econômico, porque o equipamento de um edifício residencial custa algumas dezenas de milhares de reais; e financeiro, porque o freguês gastará com a manutenção da máquina enquanto ela estiver parada. Tudo isso e mais a pontual conta de uma energia que às vezes vem, mas pode não vir. Há 12 anos, quando o tucanato vendeu a Eletropaulo, prometiam-se rios de mel. Os novos donos fariam investimentos, o sistema melhoraria e todo mundo ficaria feliz, até porque a estatal se tornara um ninho de espertalhões.

Em 1998, a Eletropaulo foi vendida pelo preço mínimo porque um dos arrematantes, a AES, tinha um contrato de gaveta com o consórcio rival da Enron. O BNDES financiou os compradores e, já no governo petista, a AES não pagou uma dívida de US$ 336 milhões. Resolveu-se o calote espichando-se o prazo do empréstimo. (Entre 1998 e 2001, a AES remeteu aos seus acionistas internacionais US$ 318 milhões.) A privataria tucana transformou-se na privataria petista, subordinando o Ministério de Minas e Energia, bem como a Aneel, ao aparelho dos companheiros-empresários.

Por conta da decadência do sistema elétrico ("o melhor do mundo", para o ministro Edison Lobão), pode-se estimar que haja em São Paulo algo como 20 mil geradores instalados até mesmo em restaurantes e edifícios residenciais. No Rio podem ser 5.000. Essa gambiarra degenera o sistema, remunera a inépcia e derruba a produtividade da economia. Num país onde os cidadãos pagam duas vezes pela educação e pela saúde (uma para a Receita e outra para a rede privada), o doutor José Aníbal apresenta a matriz energética do "gato". Vale lembrar que o atual governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, era o presidente do Conselho Diretor do Programa de Desestatização do Estado quando a Eletropaulo foi vendida.

O sistema elétrico brasileiro, como o ferroviário e o de telefonia, já foi privado, passou para a Viúva e retornou ao mercado. Em tese, o empresário presta o serviço, recebe tarifas, investe e remunera-se. Na prática, uma relação incestuosa entre os operadores e o Estado resulta no desestímulo aos investimentos e na degradação dos serviços. Nessa hora, se a empresa é pública, privatiza-se. Se é privada, estatiza-se. Na ida ou na volta, alguns maganos fazem a festa.

Quando o secretário de Energia de São Paulo sugere a criação de um "gato" de geradores, pode-se suspeitar que a estatização passou a ser vista como um bom negócio pelos concessionários beneficiados pela privataria.