Democracia e sindicatos: uma não existe sem o outro!

Ou a quem interessa atacar os sindicatos.





Por João Antonio de Moraes

Nos longos períodos de ditadura que vivemos em nosso país, como foi o caso do Estado Novo e do Regime Militar, o governo imposto ao povo tratou logo de intervir ou fechar  as entidades representativas dos trabalhadores (sindicatos). Sabiam os déspotas que para impor sua vontade seria necessário calar os trabalhadores, cujas vozes não repercutiam nos meios de comunicação da burguesia, que, historicamente, tentam  manipular a opinião pública a favor dos seus interesses, valorizando,  seus pseudo lideres,  para, assim, impor  a vontade de uma minoria sobre a maioria, no caso, os trabalhadores.

A Petrobrás nasceu da luta e chegou ao que é hoje graças aos sindicatos

Entre nós, petroleiros, podemos provar fartamente isso. Em 1964, quando a ditadura fechou nossos sindicatos, e ns intervenções sofridas em 1983, quando os Sindipetros Campinas e Bahia, em defesa dos novos trabalhadores que tiveram seus direitos reduzidos por um decreto lei, conduziram uma greve que parou a produção das refinarias Rlam e Replan. Uma greve que foi fundamental para impulsionar a criação da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Na Assembléia Constituinte de 1988, os Sindipetros tiveram papel fundamental através da mobilização popular para constitucionalizar e ampliar o monopólio estatal do petróleo, que, até então, estava em  lei ordinária.

Graças a greve de 1995, organizada pela FUP, a onda privatizante do PSDB não conseguiu entregar a Petrobrás, a grande jóia da coroa. Eles quebraram o monopólio, venderam uma boa parte do capital acionário, mas o controle permaneceu nas mãos do Estado. FHC não conseguiu no Brasil quebrar  a FUP e os Sindipetros, como  fez Margareth Thatcher na Inglaterra com os mineiros.

Os petroleiros, democraticamente, definiram em seus fóruns, plenárias e congressos o apoio à eleição de um operário e depois de uma mulher à Presidência da República. Temos convicção de que nossas decisões muito contribuíram para o estágio em que se encontra a nossa Petrobrás e o nosso Brasil hoje. Em  2002, a Petrobrás era uma empresa fatiada na destrutiva política das UNs e caminhava a passos largos para a derrocada total. O nosso quadro próprio, que já tinha sido de 60.000 trabalhadores, estava em 32.000. Há quase trinta anos, não se construía uma refinaria e as existentes estavam sucateadas. A eleição de Luiz Inácio Lula da Silva mudou essa história. Ainda temos muito o que conquistar, mas não podemos negar a importância do que já foi feito e o que continua sendo feito. A Petrobrás tem hoje o maior plano de investimentos do planeta (240 bilhões de dólares).  Só no que diz respeito ao parque de refino, estamos construindo cinco novas refinarias.

Nos seus 59 anos de existência, a Petrobrás – que nasceu das lutas sociais na campanha “O Petroleo é nosso”, entre o final dos anos 40 e inicio dos 50 – nunca foi aceita pelas maioria das nossas elites. Sempre servis aos interesses externos, essas elites não mediram esforços nos ataques à Petrobrás. O povo, tendo a frente os petroleiros e, mais recentemente, principalmente, a FUP e seus sindicatos, foram imprescindíveis para derrotar a sanha entreguista dos bem nascidos.

Por essas e outras, podemos afirmar, sem o menor risco de erro, que, se não fossem os trabalhadores petroleiros organizados em sindicatos, a Petrobrás de forma alguma seria a gigante que é, ou talvez sequer existiria. Teríamos presenciado no Brasil o que aconteceu na nossa vizinha Argentina, onde a estatal petrolífera YPF, que já foi uma das maiores do mundo, foi privatizada e destruída, obrigando o país hoje a importar petróleo e gás.

A história de nosso país e da Petrobrás comprova, claramente, que defender a FUP e nossos sindicatos é, sem duvida, defender a democracia e um futuro melhor para   Brasil.