Por Tadeu Porto, petroleiro da Bacia de Campos, diretor da FUP e do Sindipetro-NF
É notório que a Lava Jato burlou a essência do direito moderno para se tornar a maior operação policial da história do país. Já era sabido por nós que acompanhamos de perto todo o processo e a Vaza Jato veio para adicionar mais fatos sobre o assunto.
Além disso, as revelações do The Intercept Brasil trouxeram outra perspectiva sobre a força tarefa: como seus líderes são pequenos e mesquinhos. Pessoas baixas e antiéticas que focaram em grandes projetos pessoais, mesmo sendo figuras com altíssima responsabilidade pública.
Deltan Dallagnol, por exemplo, tinha na cabeça que corrupção “tira dinheiro da saúde, edução e segurança pública”, contudo, de tão alienado e individualista, não conseguiu enxergar o óbvio: a ganância dele tirou muito mais serviços essenciais da população.
A grande maioria (queria dizer todos, mas ando sem tempo pra pesquisar) dos indicadores sociais do país pioraram depois da Lava Jato. Nem isso foi suficiente para frear a sanha dos procuradores, entre eles Deltan. Desestabilizaram o país para ganhar dinheiro com a fama.
Em todos esses anos, DD poderia ter pensado em soluções para preservar os empregos que a LJ acabou destruindo . Sem falar nas obras de infraestrutura cruciais para economia, que pararam.
Pelo contrário, ele estava preocupado em ganhar dinheiro com palestras e com a diversão dos filhos no Beach Park, enquanto muitos desempregados da construção civil não conseguem sequer levar seus filhos ou filhas num simples parque da cidade.
A medida que as revelações da Vaza Jato se encaminham, vemos uma pessoa soberba e luxuosa, que, na vida real – fora das redes e mídia – pouco se importa com o povo.
Nem mesmo ensinamentos consolidados e incontestáveis, como a frase clássica do Tio Ben (personagem d’O Homem Aranha) “com grandes poderes vem grandes responsabilidades”, pararam a ambição destrutiva do Deltan.
A agenda econômica do momento – neoliberal – vende que a competição é o melhor meio para para dar qualidade/acesso a bens e serviços. Prega, também, o mérito individual é como forma de poder (não à toa recebe o sufixo -cracia, de vez em quando).
Junta-se isso ao culto exacerbado à liberdade individual e a demonização do Estado (forma política e histórica de organização coletiva) e
voilà: o egoísmo acaba se tornando uma virtude.
Por fim, vale lembrar que a humanidade não se organizou coletivamente à toa. A Solidariedade e a empatia são fundamentais para compartilhar espaços e mediar conflitos.
Tom Jobim dizia, por exemplo, que é impossível ser feliz sozinho.
Milan Kundera, por outro lado, escreveu um clássico da literatura argumentando que as pessoas que ficam “mais leves que o ar” têm os movimentos “tão livres quanto insignificantes”.
E para quem tem dúvidas sobre as pesadas consequências de viver pensando somente em si mesmo: Rei Leão, live action (tenho minhas dúvidas se é mesmo live) vai estrear essa semana.
[Publicado originalmente no blog O Cafezinho]