Sob o lema "Unidos por uma mudança global", no próximo sábado, 15 de Outubro, os "indignados" vão se manifestar pelo mundo inteiro.
Sob o lema "Unidos por uma mudança global", no próximo sábado, 15 de Outubro, os "indignados" vão se manifestar pelo mundo inteiro, explicitando a dimensão internacional deste protesto inédito que nasceu na Espanha no dia 15 de maio.
Desde Madri até Nova York, manifestações foram convocadas em 719 cidades de 71 países, segundo o site 15october.net, apoiando-se em uma ampla difusão através das redes sociais: "United for #Globalchange", dizem os apoiadores.
Cinco meses depois do nascimento do movimento, os "indignados" e outros grupos querem fazer do dia 15 de outubro uma jornada simbólica, ocupando lugares emblemáticos das finanças como Wall Street, City, o coração financeiro de Londres, e o Banco Central Europeu em Frankfurt.
“Qual é o ponto de encontro em Hanôver, na Alemanha?”, pergunta Guadalupe Cases na página do Facebook sobre os protestos de 15 de Outubro. “E em Hamburgo?”, quer saber Mac Fähland. Miriam Roura promete estar na rua em Barcelona, há mensagens em grego e em árabe. Sebastián Celis deixa informações sobre os protestos no Chile e Sérgio Vitorino, da organização contra a homofobia Panteras Rosa, apela às pessoas para que saiam à rua em Portugal. Pelo que tudo indica, vai ser mesmo um protesto global.
Em Madri, desde distantes bairros da periferia e seus arredores, os manifestantes voltaram a marchar em direção a Porta do Sol, a praça central que foi ocupada durante um mês, onde é previsto que passem a noite de sábado para domingo.
"Faremos com que os políticos e as elites financeiras, às quais eles servem, saibam que a partir de agora seremos nós, o povo, que vamos decidir nosso futuro", proclama um manifestante que pede por movimentos em toda a Espanha.
A extensão do movimento, nos Estados Unidos especialmente, demonstra "que isto não é uma questão meramente espanhola, e sim uma questão que atinge o mundo inteiro, pois a crise é uma crise global, os mercados atuam em nível global", explicou Jon Aguirre Such, porta-voz do movimento na Espanha.
Após as grandes manifestações da primavera passada, o movimento se espalhou por vários países, mas com diferentes proporções, na França, por exemplo, ele ainda é muito pequeno.
"A palavra ”indignado” é uma espécie de etiqueta, os laços, porém, são muito frágeis. Não ter reivindicações comuns é a fragilidade do movimento", afirma Arnaud Zacharie, ex-presidente da Attac Bélgica.
Na Espanha, um país afetado por um desemprego recorde de 20,89%, a voz dos "indignados", sustentada por um amplo apoio popular, encontrou espaço, como nas manifestações que impediram o despejo de dezenas de proprietários endividados.
Refletiu-se também na promessa do candidato socialista nas eleições legislativas, Alfredo Pérez Rubalcaba, de reformar a lei eleitoral para aumentar o peso dos pequenos partidos políticos.
"É um fenômeno extremamente promissor, que busca renovar profundamente a forma de participação dos cidadãos na política", analisa o economista francês Thomas Coutrot, co-presidente do movimento Attac.
"Os Estados Unidos estão na origem da crise, e é onde as consequências serão maiores, o que explica a mobilização", disse Zacharie.
O movimento Occupy Wall Street, que se alimentou nos Estados Unidos do desemprego dos jovens e do aumento das desigualdades, chamou a população para uma manifestação no sábado na Times Square em Nova York.
Na Europa, os "indignados" ocuparam as ruas de muitas cidades, como Lisboa, onde o movimento "geração precária" se apresentou como a liderança da mobilização.
Centenas ou milhares deles também devem desfilar pelas ruas de Bruxelas, ponto de chegada da marcha que atravessou a Espanha e a França, em Zurique, Genebra e Basileia, onde o poder dos bancos será o centro das atenções, ou na Place de la Bourse em Amsterdã, Viena e Praga.
O manifesto do movimento, que está no site agregador de todas os protestos ( http://15october.net/), já foi traduzido em 18 idiomas. Leia abaixo:
Os poderes estabelecidos atuam em benefício de uns poucos, ignorando a vontade da grande maioria e sem se importarem com o custo humano ou ecológico que tenhamos que pagar. Há que pôr fim a esta situação intolerável.
Unidos em uma só voz, faremos saber aos políticos e às elites financeiras que eles servem, que agora somos nós, o povo, que decidirá o nosso futuro. Não somos mercadorias nas mãos de políticos e banqueiros que não nos representam.
No dia 15 de Outubro encontramo-nos nas ruas para pôr em marcha a mudança global que queremos. Vamos manifestar-nos pacificamente e vamos nos organizar até atingirmos o nosso objetivo.
Chegou a hora de nos unirmos. Chegou a hora de nos ouvirem.”