Não faltou mobilização. Em todo o país, a militância não fugiu à luta, saiu em defesa da democracia, mas viu uma Câmara dos Deputados alheia aos apelos populares tocar em frente o projeto de chegar ao poder driblando o voto popular.
A reposta ao golpe, alertaram movimentos sindical e sociais, será imediata e virá em forma de uma greve geral, conforme alertou o presidente da CUT-SP, Douglas Izzo.
“A votação significa um duro golpe na democracia, mas vamos às ruas. Vamos paralisar o país e fazer uma greve geral. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), está atolado até o último fio de cabelo com corrupção, ao contrário de Dilma, sobre a qual não pesa nenhum crime de responsabilidade e nenhuma denúncia de corrupção”, disse no encerramento do ato neste domingo (17), no Vale do Anhangabaú.
Representante da coordenação do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Josué Rocha, ressalta que a luta será ainda mais intensa para levar à cadeia o deputado federal Eduardo Cunha, acusado de ter contas não declaradas no exterior, e o conspirador principal da República, o vice-presidente Michel Temer.
Uma batalhada da qual os trabalhadores não podem abrir mão. “Querem dizer que o país está dividido agora, mas isso acontece há muito tempo, entre os de cima, que querem o impeachment e o ajuste fiscal, e os de baixo, que querem a defesa da democracia”, ressaltou.
Para o coordenador estadual da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, hoje foi apenas uma etapa contra o golpe e pelos direitos sociais. “Continuaremos nas ruas e não assumiremos jamais qualquer que seja o processo que venha pelo golpe. Nossa luta continua e a pressão também será sobre o Senado.”
Cada vez maior
Presidente nacional do PT, Rui Falcão, agradeceu o empenho da militância e afirmou que a ampla unidade da esquerda sai ainda mais fortalecida.
“Os donos da mídia monopolizada, os traidores dos partidos que se dizem de centro, o conspirador Temer e o corrupto Cunha ganharam a batalha, mas não a guerra conta o povo. Agora é luta e mais luta para pressionar o Senado.”
No pronunciamento final, o presidente do PCdoB de São Paulo, Jamil Murad, lembrou quem financia o golpe, o que só aumenta a importância da manifestação de hoje.
“Essa armação tem por trás Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Rede Globo que para isso usam a máscara do combate à corrupção. Mas vamos vencer com nossa unidade que hoje já fez com que fossemos maiores no país todo.”
Representante do PSOL, Douglas Belchior alertou que o cenário alerta para a necessidade de não acreditar mais em conciliação contra a elite. “Não é possível confiar nos inimigos nem um minuto. É dentro dos movimentos que devemos construir alianças”.
Da mesma forma, em nome do PCO, Antônio Carlos apontou que as traições partidárias deixaram claro que não é possível acreditar em alianças no Congresso, mas em pressão sobre os parlamentares sem trégua. “Vimos hoje que não dá mais para acreditar na lei do voto do PMDB. O caminho é a luta nas ruas e organizar a greve geral. Vai ser na marra, não com a generosidade do Congresso”.
Nota da CUT
Este 17 de abril entrará para a história da nação brasileira como o dia da vergonha. Uma maioria circunstancial de uma Câmara de Deputados manchada pela corrupção ousou autorizar o impeachment de uma presidente da República contra a qual não pesa qualquer crime de responsabilidade!
As forças sociais e políticas que alimentaram essa farsa – entidades empresariais, políticos como Eduardo Cunha, réu no STF por crime de corrupção, partidos derrotados nas urnas como o PSDB, interesses exteriores ao Brasil interessados em pilhar nossas riquezas e privatizar empresas como a Petrobras e entregar o Pré-sal para as multinacionais – com a ajuda de uma mídia golpista como a Rede Globo e com a cobertura de uma operação jurídico-policial voltada para atacar determinados partidos e lideranças e não outros, tem o objetivo de liquidar direitos trabalhistas e sociais do povo brasileiro.
Por isso a CUT conclama os trabalhadores e trabalhadoras, os seus parceiros da Frente Brasil Popular e Frente Povo sem Medo, a não sairmos das ruas e continuarmos o combate contra o golpe através de todas as formas de mobilização e com pressão agora sobre o Senado, instância que julgará o impeachment da presidente Dilma sob a condução do ministro Lewandowski do STF.
A luta continua contra o golpe tramado para derrubar uma presidente eleita, contra a democracia e nossos direitos arrancados na luta, em nome de um falso combate à corrupção e de um impeachment sem crime de responsabilidade.
Empenhada em abrir uma saída positiva para a crise em que o país está mergulhado, a CUT desde já afirma que não reconhecerá legitimidade num eventual governo Temer que fosse fruto de um golpe institucional, como pretende a maioria da Câmara ao aprovar a admissibilidade do impeachment.
Não reconhecerá e lutará contra tal governo ilegítimo, combaterá cada uma das medidas que ele vier a adotar contra nossos empregos e salários, contra nossos direitos sociais e trabalhistas duramente conquistados e em defesa da democracia, da soberania popular e da soberania nacional.
Não nos deixaremos intimidar pelo voto majoritário de uma Câmara recheada de corruptos comprovados, cujo chefe, Eduardo Cunha, é réu no STF e ainda assim comandou a farsa do impeachment de Dilma, e continuaremos na luta até reverter o golpe em curso e restabelecer a plena democracia em nosso país, o que passa por uma profunda reforma do sistema político atual, verdadeira forma de combater efetivamente a corrupção.
A luta continua!
Central Única dos Trabalhadores
Fonte: CUT