CUT reage e impede Senado de votar projeto de terceirização idêntico ao 4330

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Bancada de senadores do PT fechou com a CUT contra o PLS 87, do tucano Azeredo, que amplia a terceirização e precariza as condições de trabalho

A pressão da CUT, que conseguiu o apoio da bancada do PT, impediu nesta quarta-feira (13), a aprovação do Projeto de Lei do Senado, PLS nº 87/2010, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

 

A saída regimental encontrada pelos senadores Humberto Costa (PT-PE) e Eduardo Suplicy (PT-SP) foi pedir vistas do PLS para impedir a votação. Feito isso, a bancada petista sugeriu a realização de uma audiência pública para debater a proposta com a CUT e as demais centrais sindicais. A sugestão foi aceita pelo relator do projeto, o deputado e empresário Armando Monteiro (PTB-PE), ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria.

“Fomos surpreendidos com a acelerada tramitação deste PLS, mas estamos em estado de alerta e agimos rapidamente para impedir a votação”, disse o presidente da CUT, Vagner Freitas.

O dirigente explicou que o texto do relator do projeto do Senado é absolutamente idêntico ao relatório final do Projeto de Lei 4330/2004, que não foi votado na Câmara dos Deputados. O relator do PL 4330 é o deputado Arthur Maia, que saiu do PMDB e está no Solidariedade, um dos novos partidos criados este ano.

Segundo Vagner, a militância CUTista conseguiu mostrar para a sociedade como o 4330 é prejudicial para os trabalhadores, mas os empresários não  desistiram de aprovar a ampliação da terceirização e, consequentemente, da precarização das condições de trabalho.   

A CUT, no entanto, disse ele, está atenta às inúmeras tentativas dos empresários, que pressionam os parlamentares com quem têm afinidade para aprovar propostas que tiram direitos dos trabalhadores.

Para a secretária de Relações do Trabalho, Graça Costa, o debate que a CUT fez este ano com a base para detalhar o conteúdo do PL 4330 deixou os/as trabalhadores/as informados/as sobre os prejuízos que esse ou qualquer outro projeto semelhante representa para a classe trabalhadora e para a sociedade.

“A militância está em permanente estado de alerta, pronta para fazer grandes mobilizações em Brasília e em todo o País, protestar, denunciar, impedir que o Congresso Nacional aprove qualquer um desses projetos”, afirmou Graça.

Na avaliação de Vagner e de Graça, depois da vitoriosa luta da CUT para impedir a aprovação o PL 4330, de autoria do deputado e empresário Sandro Mabel (PMDB-GO), os empresários mobilizaram as bancadas fieis às suas propostas para aprovar rapidamente a legalização da interposição fraudulenta de mão de obra.

O PLS 87, do ex-senador e atual deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG), também libera a terceirização para as atividades-fim das empresas, ampliando a precarização das condições de trabalho e de renda no Brasil.

Assim como o PL 4330, o projeto do senador tucano permite a prestação de serviços terceirizados em todos os setores das empresas, inclusive a atividade principal, chamada de atividade-fim, que hoje é proibido por lei. Ambos os  projetos isentam as empresas da responsabilidade sobre irregularidades trabalhistas cometidas pela terceirizada, deixando os trabalhadores sem o recurso de recorrer à Justiça do Trabalho para reivindicar seus direitos quando as terceirizadas deixam, por exemplo, de pagar salários, 13º, férias ou até mesmo cumprir obrigações trabalhistas como contribuir com o INSS.

 “Não vamos permitir que o parlamento aprove uma lei que tira conquistas, reduz a renda, deixa desprotegidos milhares de trabalhadores e trabalhadoras em todo o País”, alerta Vagner.