CUT participa de audiência na ONU sobre o Haiti

CUT

Uma delegação internacional que exigia a retirada das tropas da ONU do Haiti foi recebida em audiência pelo chefe do Escritório de Assuntos Políticos do Departamento de Operações de Forças de Paz das Nações Unidas, William Gardner, e por mais três membros de sua equipe, no dia 11 de outubro, em sua sede em Nova York (EUA).

A CUT esteve representada por Julio Turra, diretor executivo da Central. Também integraram a delegação o secretário-geral da Central dos Trabalhadores da Argentina (CTA), Pablo Micheli, o secretário-geral da Central Autônoma dos Trabalhadores do Haiti (CATH), Louis Fignolé St-Cyr, o senador haitiano Jean-Charles Moise, Jocelyn Lapitre da União Geral dos Trabalhadores da Guadalupe (UGTG), Alan Benjamin do Conselho da AFL-CIO de San Francisco, Colia Clarck, militante dos Direitos Civis nos EUA, Kim Yves, editor do jornal Haiti-Liberté de Nova York, Geffrard Jude Joseph, diretor da radio “Pa Nou” e Robert Garoute do Movimento em defesa do Haiti de Brooklin, Nova York.

Julio Turra introduziu a discussão com o Sr. Gardner explicando que a delegação expressava uma campanha que se desenvolve de norte a sul das Américas em solidariedade ao povo haitiano e as suas organizações, contra a presença de tropas da ONU em seu país desde o golpe de Estado que derrubou o presidente Aristide em 2004. Mencionando as mensagens de apoio à delegação vindas de organizações sindicais da Bolívia, México, Peru, Uruguai e outros países, Julio fez um resumo das atividades da campanha pela retirada imediata das tropas da ONU do Haiti, em particular, do Ato continental realizado em São Paulo, com a presença da CUT, em 5 de novembro de 2011.

Um dossiê preparado pelo Comitê “Defender o Haiti é defender a nós mesmos”, sediado na Assembléia Legislativa de São Paulo, foi entregue ao alto funcionário da ONU, que também escutou as intervenções dos demais membros da delegação, todos unânimes em manifestar seu desacordo com a renovação por mais um ano do mandato da Missão das Nações Unidas de Estabilização do Haiti (Minustah), que seria adotada pelo Conselho de Segurança no dia seguinte, 12 de outubro.

O senador Moise apresentou uma resolução votada pelo Senado do Haiti em 2011, que estabelecia o prazo de 15 de outubro para a retirada das tropas estrangeiras de seu país – resolução esta que o presidente Martelly, fruto de uma fraude eleitoral, sequer comunicou às Nações Unidas. Denunciou também que foi alvo de perseguição pela Minustah, temendo por sua vida, e que exigiu indenização às vítimas do cólera, doença introduzida no Haiti por tropas da ONU, pedindo resposta à solicitação de 5 mil vítimas entregue à organização internacional. Sem uma resposta concreta, o Sr. Gardner alegou que o caso estava no departamento jurídico da ONU.

Ato de protesto em 12 de outubro

No dia seguinte à audiência, 12 de outubro, o Conselho de Segurança da ONU renovou por mais um ano o mandato da Minustah, cujo comando militar está nas mãos do Brasil.

Em protesto à medida, centenas de manifestantes, em sua maioria da colônia haitiana em Nova York, realizaram um ato em frente à sede da ONU. Por cerca de três horas, os manifestantes entoaram palavras de ordem como “A Minustah deve ir embora”, “Martelly deve ir embora”, portando cartazes e faixas. Os membros da delegação, solidários ao ato, fizeram uso da palavra, além de outros sindicalistas dos Estados Unidos e Trinidad-Tobago e representantes de diversas organizações de imigrantes haitianos.

Em um momento em que no Haiti sucedem-se manifestações de massa contra o governo fantoche e a presença de tropas estrangeiras, a delegação internacional, com o apoio de todos os presentes no ato do dia 12 de outubro, propôs a realização de uma Conferência Continental pela retirada das tropas da Minustah. A ideia é que a Conferência seja realizada no 1º de junho de 2013, em solo haitiano, com o concurso das organizações sindicais e populares daquele país.