CUT
Entre os dias 26 de novembro e 07 de dezembro de 2012, na cidade de Doha, no Catar, acontece a 18ª Conferência da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-18). Durante os dias da conferência, grande parte da atenção e da tensão dos sete grupos em funcionamento estará centrada em três grupos de trabalho.
O grupo de trabalho do protocolo de Quioto (AWG-KP), que discute a continuidade do protocolo de Quioto e regula a redução de emissão dos países do Anexo I, os países desenvolvidos. Com dois pontos ainda sem resposta: quando inicia o segundo período de compromisso e quem participará. Os Estados Unidos, não signatário do protocolo e que não participou do primeiro período, assim como países como Japão, Canadá e Rússia já declararam seu não engajamento.
O segundo grupo, chamado grupo de trabalho sobre cooperação de longo prazo (AWG-LCA), que busca incorporar questões e ações de países em desenvolvimento, além de ações de adaptação, visão compartilhada, transferência de tecnologia, entre outros. O terceiro grupo, criado na COP 17 em Durban 2011, a Plataforma para ação fortalecida de Durban (ADP), discute o que será implementado a partir de 2020. Seu conteúdo e plano de ação, no entanto, espera-se que esteja pronto para 2015.
Muitos países parecem não ter pressa. Enquanto isso, os últimos relatórios mostram que se seguirmos com os padrões atuais de emissões, enfrentaremos um aumento da temperatura de 4ºC. Os países tinham assinado fazer o possível para que parássemos em 2ºC.
Para o movimento sindical é essencial que se defina como se pagará as ações para a transição justa para um mundo onde o desenvolvimento sustentável seja possível. Sem compromisso financeiro palavras firmadas em documentos dificilmente terão planos de ações concretas. A governança do Fundo Verde do Clima é outra questão preocupante. Até o momento, a participação da sociedade civil, apesar de garantida no papel de criação do fundo, segue complicada. Ainda é preciso a conquista que o movimento sindical obteve de reconhecimento da relevância da transição justa para os trabalhadores agora deve ser passada para a implementação.
Na cerimônia de abertura, a secretária Executiva da convenção, Cristiana Figueires, apontou que a COP 18, a primeira realizada na região do Golfo, tem como desafio olhar para a situação da plataforma de Durban. Isso para que sua estrutura a ser acordada para o futuro contenha ações que sejam aplicada a todos, mas que garanta equidade e resposta ao que a ciência nos aponta.
Secretário Nacional de Meio Ambiente da CUT, Jasseir Fernandes, está acompanhando a conferência. A Central Única dos Trabalhadores atuará junto com a delegação sindical coordenada pela Confederação Sindical Internacional (CSI) que conta com representantes da África do Sul, Zimbábue, Argentina, Gâmbia, República Dominicana, Canadá, França, Noruega, Brasil, Tunísia, Peru, e representantes de sindicatos de mais países que chegarão durante os próximos dias.
“Viemos para fazer pressão junto ao governo brasileiro e aumentar a poder de atuação das organizações sociais na negociação”, destaca Fernandes.
Como é tradição, nas poucas intervenções que temos espaço para fazer na plenária é dada preferência para centrais sindicais do país sede da conferencia. Durante a Rio+20, que ocorreu em junho 2012, na cidade do Rio de Janeiro, a CUT falou e atuou em reuniões com representantes de governo. No Catar, tal tradição não será possível. Estamos em um país onde organizar-se em sindicatos é proibido por lei.
Até quando permitiremos que muito se fale e pouco se faça? As esperanças e expectativas pelos corredores do centro de convenção em Doha seguem baixas.
Para refrescar a memória sobre a participação da CUT na última COP 17 que aconteceu em Durban na África do Sul, leia aqui.