A sede da Central Única dos Trabalhadores foi palco na tarde desta quinta-feira (19) de uma…
A sede da Central Única dos Trabalhadores foi palco na tarde desta quinta-feira (19) de uma reunião histórica das centrais sindicais e dos movimentos sociais. De forma unitária, 40 lideranças representantes de 19 entidades nacionais decidiram atuar coletivamente no combate à crise, levando às ruas de todo o país no dia 30 de março uma resposta contundente do povo brasileiro em defesa da redução dos juros e da jornada de trabalho sem redução de salário, de investimentos na reforma agrária, na geração de empregos, valorização dos salários e garantia de direitos.
Durante mais de três horas dirigentes da CUT, Força Sindical, CGTB, CTB, NCST, UGT, Intersindical, Conlutas, MST, UNE, UBES, Marcha Mundial de Mulheres, representações do movimento negro e comunitário dialogaram sobre a necessidade de responder à crise com unidade e mobilização em uma grande jornada pelo desenvolvimento. As linhas gerais de atuação já vinham sendo debatidas desde a Cumbre Sindical dos Trabalhadores das Américas, realizada em Salvador, mas a convocação ganhou peso após o Fórum Social Mundial, com o pleno assumimento pela Confederação Sindical Internacional (CSI), Confederação dos Trabalhadores das Américas (CSA), Federação Sindical Mundial (FSM) e a Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul. Na mesma data, serão feitos atos e mobilizações em vários países das Américas, África, Ásia e Europa, denunciando a globalização neoliberal, que fomentou a desregulação dos mercados, as privatizações e a desnacionalização das economias como a responsável pela crise.
No Brasil, explicou Antonio Carlos Spis, da executiva nacional da CUT e da Coordenação dos Movimentos Sociais, "estamos construindo esta jornada com muita maturidade e compromisso com o presente e o futuro do país, com os interesses da classe trabalhadora e do nosso povo". No final de semana, na escola do MST em Guararema, contou, a CMS e a Assembléia Popular estiveram reunidas para debater os pontos em comum das duas articulações e a convocação para uma data unificada. "Esse também foi o espírito que norteou a reunião de hoje e que vai se refletir positivamente nas lutas que teremos daqui por diante, porque as tarefas que temos pela frente vão exigir muita organização, muita mobilização e, acima de tudo, muita unidade", enfatizou.
O presidente nacional da CUT, Artur Henrique, acredita que a complexidade do momento vai exigir da direção das entidades uma aproximação cada vez maior, citando o exemplo da luta contra as demissões na Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer). Para Artur, entre as prioridades do dia 30, que também é o Dia de luta pela terra na Palestina, estão a defesa da paz, a aceleração da reforma agrária, a defesa dos empregos e o combate aos juros mais altos do mundo. Entre as propostas apresentadas pelo líder cutista está a de conformar a mais ampla unidade contra as demissões: "A partir de agora temos de atuar de forma rápida e conjunta. Se uma empresa demitir, vamos todos para lá. Nossa resposta precisa ser contundente, pois a classe trabalhadora não pode pagar pela crise dos especuladores", enfatizou.
Representando a Via Campesina e o MST, o companheiro Joaquim defendeu que o protesto do dia 30 seja bem dirigido contra o Banco Central, pela manutenção da política de juros altos; contra os banqueiros, que querem ampliar seus lucros com a crise e a Fiesp, que quer arrochar salários e retirar direitos. Joaquim elogiou a construção da ação unitária e lembrou que o dia 30 também é de solidariedade à Palestina, pois é inaceitável a política de segregação imposta pelo terrorismo de Estado de Israel.
Elogiando a maturidade das intervenções, a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Lúcia Stumpf frisou que esta articulação deve ter conseqüência para além do ato do dia 30, para que tenhamos um leque de forças realmente amplo, em condições de enfrentar e derrotar a política do tucano Henrique Meirelles.
Meirelles também foi o alvo principal da intervenção do presidente da União Brasileira ds Estudantes Secundaristas (UBES), Ismael Cardoso. Ele lembrou que "o argumento da inflação usado pelo presidente do BC é a felicidade dos rentistas, parasitas e especuladores. O BC é um agente nefasto da política econômica que precisamos enfrentar e mudar".
Para o secretário geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves (Juruna), ficou evidenciado que "os trabalhadores não aceitam pagar pela crise e que a redução das taxas de juros é uma questão essencial neste momento". Juruna também propôs que o movimento unitário se reproduza nas comemorações do 1º de Maio, com as lideranças das centrais fazendo uso da palavra em todas as mobilizações a serem realizadas.
Em nome da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Carlos Rogério saudou a realização do dia 30, lembrando que "a unificação do conjunto das categorias, somada aos movimentos sociais, aponta desde já para uma jornada vitoriosa, que deve pautar as demais ações daqui para frente".
Na avaliação de Aparecido Pires de Morais, da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), "a questão central é a redução dos juros, pois com os patamares indecentes em que está a taxa selic, acaba drenando as nossas riquezas para os especuladores internacionais". Aparecido citou o exemplo das mobilizações contra os juros altos, em frente ao BC, e ressaltou que este é o caminho para pressionar por mais investimentos públicos.
Segundo Canindé Pegado, da União Geral dos Trabalhadores, a jornada deve ainda priorizar o fortalecimento das políticas públicas e a garantia de recursos para a área social, pois representam um investimento contra a crise, dialogando com a garantia de bem-estar e a qualidade de vida da população.
Representando o Conlutas, Geraldinho avaliou a reunião como um salto de qualidade em benefício do conjunto da classe, pois se estabeleceu uma luta comum contra o desemprego, fortalecendo a ação de base para enfrentar o patronato e exigir do governo medidas mais efetivas contra a crise, que saiam do campo das declarações formais de apoio, como uma lei que proíba as demissões.
O secretário geral da CUT São Paulo, Adi dos Santos Lima, saudou a responsabilidade de todos os presentes com a construção da mobilização e sublinhou que isso potencializará o poder de convocação individual de cada um, sensibilizando os companheiros nas escolas, fábricas e bancos para esta atuação unitária.