CUT lidera acordo em Rondônia

Atuação da Central faz Odebrecht estabelecer mesa de negociação; trabalhadores discutem acordo neste momento..





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Nesse exato momento, uma comissão mediada pelo secretário nacional de Administração e Finanças da CUT, Vagner Freitas, e formada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Rondônia (Sticcero), por operários eleitos em assembleia da categoria na manha desta terça-feira (22) e por dirigentes cutistas no Estado negocia com representantes da Odebrecht uma proposta de volta ao trabalho para ser apresentada em assembleia aos três turnos da usina de Santo Antônio.

A construção da hidrelétrica foi paralisada na última sexta-feira (18) por precaução após os conflitos que tomaram conta da usina Jirau, no dia 15. Ambas fazem parte do complexo hidrelétrico do Rio Madeira, em Porto Velho, capital rondoniense.

O encontro na sede de um sindicato cutista local traz entre os pontos de pauta questões imediatas como a melhoria de segurança, da estrutura sanitária e da alimentação nos alojamentos, além da presença de lavanderia no local de trabalho. Os operários cobram ainda a equiparação salarial entre as funções, o adicional de periculosidade, o aumento da cesta básica, a inclusão de familiares nos planos de saúde e eixos ligados ao acordo coletivo, como o aumento do piso salarial.

“A CUT entende que não há crescimento sem trabalho decente, condições dignas e diálogo. O que vinha acontecendo em Rondônia era muito grave e por isso resolvemos intervir no processo de negociação”, explica Vagner Freitas.

Além dessas reivindicações, outra exigência que deixa transparecer a fragilidade nas relações trabalhistas na construção civil, especialmente quando as obras acontecem fora dos centros urbanos do país é a chamada alteração da baixa, conforme explica o carpinteiro Vicente*. “Queremos que a cada 90 dias que passamos aqui a empresa forneça passagem aérea para que a gente fique ao menos um pouco com a família. Hoje recebemos passagem de ônibus e eu, por exemplo, que moro no Maranhão, demoro cinco dias para chegar em casa. Praticamente vejo meus filhos e já preciso voltar”, diz. 

CUT na luta

De acordo com Raimundo da Costa, presidente do Sticcero, que representa os 38 mil trabalhadores das usinas do Rio Madeira, os acontecimentos em Jirau fizeram com que em Santo Antônio os empresários resolvessem abrir negociação. “A gente não quer que a situação se repita. Vínhamos tentando negociar há dois meses, mas o diálogo sobre as melhorias das condições, mas a negociação não avançava”, afirma.

Segundo o dirigente, o resultado da negociação da noite dessa terça será submetido a uma assembleia marcada para a manhã desta quarta. A expectativa é que o próximo passo seja trazer a direção da Camargo Corrêa, responsável pela construção da Jirau, para a mesa de negociação. “Nesse momento, conseguimos com que nossos companheiros continuassem recebendo enquanto aguardam nos locais onde moram a melhoria nas condições de trabalho. A empresa se comprometeu a pagar os salários e apresentar os comprovantes ao sindicato. Agora, só depende dos patrões para retornarmos aos canteiros de obras”, diz.