Máscaras em referência à cultura africana e imagens de ícones do combate à discriminação…
Máscaras em referência à cultura africana e imagens de ícones do combate à discriminação racial recepcionaram quem compareceu à sede da Central Única dos Trabalhadores, na capital paulista, na tarde desta sexta-feira (6), para participar da solenidade de abertura do mês da Consciência Negra.
Com o tema “Consciência negra, uma história de luta”, CUT Nacional e CUT/SP promoveram um debate que abordou a luta da central no combate ao racismo e os avanços e conquistas nas políticas de promoção de igualdade.
Presidente da CUT, Artur Henrique, enalteceu a necessidade do estatuto “ser uma bandeira de todos os trabalhadores e não apenas de setores específicos”.
A secretária de combate ao racismo da CUT, Maria Júlia Nogueira, coordenou a primeira mesa que tratou do papel da central na luta contra a discriminação e também tratou da aprovação do documento. “O estatuto não responde a todos os anseios do movimento negro, mas é um grande passo para diminuir o processo de marginalização para a qual foi lançado o negro com o fim da escravidão”.
Deputada federal pelo PT/SP, Janete Pietá citou a importância da participação das centrais na divulgação da conquista. “É muito importante que as lideranças sindicais divulguem o estatuto porque se não batalharmos pela lei, ela não será implementada.”
Questão social e avanços
Secretário geral da Central, Quintino Severo, lembrou do desafio permanente de fazer do Brasil um país mais justo. “Tão importante quanto a criação da Secretaria de Combate ao Racismo – formada em 2009, no 10.º CONCUT – é transformar o combate ao preconceito em uma prática cotidiana. Para superar a discriminação é preciso uma ação permanente”, destacou.
Para o presidente da CUT/SP, Adi Lima, a criação dos coletivos que antecederam as secretarias nacional e estaduais de combate ao racismo fez com que os trabalhadores percebessem a necessidade de discutir a desigualdade não apenas dentro das instâncias das entidades, mas também a partir do local de trabalho. “Por que nas campanhas salariais não discutimos cotas para negros como fazemos com o aumento real? Porque não fomos educados para olhar para a questão social”.
Ex-secretaria de políticas sociais da CUT/SP, Maria Izabel da Silva, a Bel, resgatou momentos históricos da central na temática racial, como a criação, em 1992, da Comissão Nacional de Luta contra a Discriminação Racial e o primeiro encontro nacional sindical da CUT contra a discriminação racial, em 1995, fundamentais para avanços como a introdução da história de luta do povo negro nos cursos de formação e a orientação aos sindicatos a incluírem questões de gênero e raça nas campanhas de sindicalização.
Enfrentamento à mediocridade
A segunda mesa do dia iniciou após a execução do Hino à Negritude. A secretária estadual de combate ao racismo da CUT/SP, Rosana Silva, responsável pela coordenação, ressaltou a importância de espalhar a luta por todo o Estado de São Paulo. “Apesar da longa luta, ainda temos muito a discutir, como a devida implantação das convenções 100 e 111 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) – que tratam, respectivamente, da igualdade de remuneração entre homens e mulheres e da discriminação no emprego e na profissão – e a criação dos coletivos nas subsedes para organizar e fortalecer o movimento negro nas regiões”, disse.
A seguir, o subsecretário de políticas de ações afirmativas da SEPPIR (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), Martvs das Chagas, destrinchou o motivo dos ataques a medidas como a adoção de cotas nas universidades. “Essa é a maneira hipócrita que alguns setores da sociedade encontraram para defender o status conceitual e material que começam a perder com a inclusão dos negros por meio de programas como o Prouni”.
A solenidade terminou com uma atividade cultural comandada pelo Centro Cultural Francisco Solano Trindade, que levou música e literatura afro-brasileira à sede da CUT.