CUT e Odebrecht fecham acordo para atender reivindicações dos trabalhadores das usinas

Após afirmar que não aceitaria mais negociar e só resolveria o caso na Justiça, a construtora Odebrecht cedeu à pressão da CUT e aceitou atender …





CUT

Os trabalhadores da usina de Santo Antônio, em Rondônia, tiveram uma boa notícia nesta quinta-feira (31). Após afirmar que não aceitaria mais negociar e só resolveria o caso na Justiça, a construtora Odebrecht, responsável pela construção da hidrelétrica na região do Rio Madeira, cedeu à pressão da CUT e aceitou atender as reivindicações dos operários que estão em greve desde o dia 25 de março.

O acordo selado pela manhã, em Brasília, durante conversa entre o presidente da Central, Artur Henrique, e representantes da empreiteira, definiu uma proposta com os seguintes pontos:

. 5% de antecipação salarial, já no dia 1º. de abril – na data-base (1º. de maio), será negociado o restante do percentual que corrigirá os salários e valerá até o ano que vem;

. aumento de R$ 132 no valor da cesta básica; o restante a ser pago também será definido na negociação com os empresário durante a campanha salarial;

. licença de cinco dias a cada três meses trabalhados, com direito a passagem de avião até as capitais; aqueles que necessitarem utilizar ônibus até a cidade de origem terão as passagens reembolsadas;

. avaliação para alteração da empresa que fornece o Big Card, uma espécie de vale alimentação. Atualmente, para fazer compras, os trabalhadores pagam um ágio aos comerciantes;

. opção de mais de um plano de saúde, com cobertura nacional, para o trabalhadores escolherem.

O próximo passo será submeter a pauta aos trabalhadores da Santo Antônio. Duas assembleias, uma pela manhã e outra à noite, já estão marcadas para a próxima segunda-feira (4), em frente ao portão da usina.

Pacto começa a ser desenhado
Antes do encontro com a Odebrecht, a CUT esteve ao lado das demais centrais, do governo federal e de entidades representantes da construção civil para iniciar a redação do pacto nacional do setor. O documento será uma forma de contrato coletivo que garantirá a qualidade de vida e de trabalho aos operários das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e de outras que utilizem financiamento público.

A próxima reunião acontece no dia 14 de abril, pela manhã, quando as partes devem fixar, de forma objetiva e pronta para entrar em ação, normas que eliminem os agenciadores, também conhecidos como gatos, e estabeleçam um plano de qualificação para os trabalhadores.

“Não dá para mudar a realidade das obras de infraestrutura e tantas outras sem enfrentar essa questão”, define Manoel Messias do Nascimento, secretário de Relações de Trabalho da CUT Nacional, que participou do evento ao lado de Artur e de Luiz Queiróz, o Luizinho, secretário de Políticas Sociais da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira (Conticom),

Jirau utiliza chantagem
A expectativa de acertar com o consórcio comandado pela Camargo Côrrea, responsável pelas obras na usina de Jirau, um acordo semelhante ao estabelecido em Santo Antônio não se concretizou.

Segundo o secretário de Administração e Finanças da CUT, Vagner Freitas, destacado para mediar as negociações no complexo hidrelétrico do Rio Madeira, a empreiteira só aceita conversar se o Ministério Público desobstruir o local. “A exigência não faz sentido porque essa discussão não passa pela alçada da CUT”, ressalta.

Para o dirigente, a central continuará insistindo para que a empresa retome a mesa de negociações, enquanto reforma os alojamentos, permitindo que órgão reveja essa decisão.