CUT
A Central Única dos Trabalhadores foi homenageada nesta segunda-feira (26) em sessão solene realizada na Câmara dos Deputados, em Brasília e solicitada pelos deputados federais Vicentinho e Ricardo Berzoini, ambos do PT. Dirigentes, ex-dirigentes e militantes cutistas, além de convidados, participaram do evento. No discurso, parlamentares e sindicalistas se revezaram em ressaltar a importância da CUT para a transformação do Brasil em um País mais democrático e menos desigual e destacaram que a Central tem papel fundamental a cumprir nos próximos anos para que a sociedade brasileira se torne cada vez mais justa e igual.
“A CUT completa três décadas de embate contra o capital e luta por melhores condições de trabalho e de vida para os trabalhadores e as trabalhadoras na próxima quarta-feira (28) e tem uma trajetória de glórias e realizações, disse o presidente Nacional da Central, Vagner Freitas, da tribuna da Câmara. “Não foi à toa que escolhemos o slogan CUT, 30 anos transformando o Brasil. Por isso, nossa obrigação é continuar lutando nos próximos anos, pois conquistamos muito, mas muito ainda precisa ser construído”.
Os dois deputados que solicitaram a homenagem à Câmara, os ex-sindicalistas Ricardo Berzoini (bancários SP) e Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (metalúrgicos do ABC), se alternaram na presidência da sessão solene.
Após a abertura oficial da sessão foi exibido um vídeo com imagens das primeiras manifestações da CUT – contra planos econômicos e arrocho salarial, em defesa da democracia entre outras – e entrevistas do atual e de todos os ex-presidentes da Central, entre eles Jair Meneguelli. O ex-metalúrgico e hoje presidente do Conselho Nacional do Sesi lembrou que a repressão da polícia política obrigava os trabalhadores e fazer reuniões escondido. “A democracia e a liberdade que vivemos hoje são frutos da luta dos trabalhadores durante a ditadura”, disse Meneguelli.
O também ex-presidente da CUT João Felício, hoje secretário de Relações Internacionais, destacou na entrevista exibida em vídeo no plenário da Câmara a luta contra o neoliberalismo do ex-presidente FHC, que queria implantar no Brasil o Estado mínimo.
O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, também ex-presidente da CUT e ex-ministro do governo Lula, destacou a luta para implementação da Política de Valorização do Salário Mínimo, uma proposta que a CUT elaborou, entregou para Lula e foi às ruas pressionar para colocar em prática.
No vídeo, Vagner Freitas fala sobre uma das lutas atuais da Central: a modificação das estruturas do Estado brasileiro por meio das reformas agrária, política e tributária. “A CUT precisa continuar sendo a principal pilastra de luta da classe trabalhadora”, disse Vagner Freitas, que, depois, no plenário, detalhou como a Central encara e espera dessas reformas.
NO PLENÁRIO –O primeiro a falar no plenário foi Vicentinho, que lembrou das dificuldades de criação da CUT, que nasceu em plena ditadura militar, época em que líderes sindicais tinham seus direitos cassados, mas o desejo de mudança era mais forte.
“O desejo de mudar a velha estrutura sindical era um deles e isso nos levou a querer fundar a CUT que é hoje a maior central sindical da América Latina, a quinta maior do mundo”, disse Vicentinho. Ele destacou o papel decisivo da CUT na modernização e avanço do movimento sindical nacional e internacional porque levou propostas concretas para aos parlamentos e tem quadro de dirigentes preparado com seriedade para representar os trabalhadores e lutar por seus direitos.
O deputado Ricardo Berzoini, que juntamente com Vicentinho propôs à homenagem à Presidência da Câmara, saudou a CUT e todos os dirigentes e militantes presentes no plenário, lembrando que a luta dos bancários, metalúrgicos e outro segmentos fez surgir várias lideranças.
“A maior parte dos direitos sociais que estão na Constituição de 1988 ainda não são realidade para a maioria dos trabalhadores deste País e você Vagner Freitas, tem uma responsabilidade imensa de olhar para os próximos 30 anos. Precisamos implementar no Brasil de fato aquilo que já está escrito na Constituição”, disse Berzoini, ao citar como exemplo a reforma do artigo 8º, que fala de um salário mínimo capaz de sustentar uma família.
“Essas duas questões se fundem o aniversário da CUT e o da Constituição. É necessário dizer que a luta de Chico Mendes, da Margarida, e tantos que tiveram a coragem de dar a vida por uma causa tem de ser projetada para o futuro. Que a igualdade seja a marcada da nossa sociedade. CUT construiu trajetória de coerência, compromisso e coragem em nosso País
“Vamos construir os próximos 30, 60, 90 anos e lutar para que não seja preparando mais um golpe para a classe trabalhadora. Vamos lutar para derrota-lo e criar um PL de regulamentação da terceirização que proteja os trabalhadores”, disse Berzoini em seu discurso no plenário da Câmara.
A vice-presidente nacional da CUT, Carmen Foro, afirmou que a única Central que consegue representar a diversidade do Brasil. “Onde tem mulheres, negros, índios, sem-terra, agricultor a CUT esta lá a CUT, QUE cumpriu e cumprirá um papel de transformação da classe trabalhadora deste País nos próximos 30, 40, cem anos”.
SOCIEDADE BRASILEIRA –A sindicalista Erica Cocai, que falou em nome do PT, comemorou o fato de o Congresso abrir suas portas para comemorar os 30 anos da CUT. “Sou feliz por ter presidido a CUT no DF, essa central que é, acima de tudo, síntese de uma enormidade de experiências que o Brasil construiu.
“Nossa homenagem aos verdadeiros homenageados, a CUT só existe porque existe a classe trabalhadora brasileira. É claro que existem nossos sindicatos, mas quem está no chão das fábricas, nos bancos, construção civil, no comércio, no campo produzindo, com jornada excessivas, pressão por produção, sendo inclusive assassinados como era antes, muitas vezes em precárias condições de trabalho são eles. “Por isso, muito além de uma entidade sindical, a CUT é uma central que transformou o Brasil”, disse Vagner Freitas.
O presidente nacional da CUT aproveitou a solenidade para falar da luta contra o PL 4330, que amplia a precarização do trabalho terceirizado. “Não concordamos com o famigerado 4330. Nossos militantes estão aqui continuamente e, podem ter certeza de que o deputado que aprovar este projeto do jeito que o texto está hoje será denunciado pela classe trabalhava para todo o sempre para que não seja mais votado”.