A aglomeração de centenas de pessoas em frente à sede da Rede Globo de Televisão, em Brasília, no início da tarde desta quarta-feira (14), chamou a atenção de quem passava pelas vias públicas que cercam o local. Mais que a quantidade de pessoas, as falações em defesa da integração latino-americana e pela democratização dos meios de comunicação despertaram o interesse dos pedestres e condutores que por ali passavam. Trata-se da Jornada Continental de Luta pela Paz, que, em Brasília, foi conduzida pela CUT-DF, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, Levante Popular da Juventude e Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação – FNDC, e contou com a participação de vários outros movimentos sociais e sindicatos filiados à Central.
Além de defender a integração latino-americana, os movimentos sociais denunciaram as manipulações de informações praticadas pela chamada grande imprensa acerca da realidade que se passa na Venezuela. Na avaliação dos movimentos sociais que participam da Jornada, a maioria dos meios de comunicação de massa brasileiros veicula uma imagem distorcida do que ocorre atualmente naquele país e em outros que enfrentam os interesses do capital internacional, especialmente o dos Estados Unidos.
“É unindo a classe trabalhadora que vamos conseguir fazer o enfrentamento à mídia, à manipulação das informações, à criminalização dos movimentos sociais; é assim que vamos lutar pela liberdade do povo da América Latina. Nós, da CUT-DF, estamos juntos nesta luta”, discursou o presidente da CUT-DF, Rodrigo Britto.
Para o secretário de Política Social da Central, Ismael José César, a integração dos povos da América Latina e a verdadeira repercussão do que acontece nos países latino-americanos só acontecerá quando houver a democratização da mídia. “A gente não se vê na TV. Quando eles se referem ao povo é para criminalizar os movimentos sociais, as mulheres, os jovens, os trabalhadores. O que vemos é a informação manipulada, distorcida, ligada aos interesses neoliberais. Essa realidade tem que mudar. E isso só vai acontecer quando o povo tiver voz”, afirma.
A representante do Intervozes – Coletivo de Comunicação Social, Bia Barbosa, esclareceu que o ato foi realizado em frente à Rede Globo por ser a empresa “o grande símbolo de concentração dos meios de comunicação”. “A imagem que a Globo e os outros meios de comunicação em massa passam é que os países da América Latina são autoritários, antidemocráticos. Mas esses países tiveram a coragem de enfrentar os meios de comunicação que monopolizavam a comunicação. Aqui no Brasil devemos fazer o mesmo. E isso não significa acabar com os veículos de comunicação de massa, mas democratizar esses meios”, esclarece.
O integrante do Movimento de Pequenos Agricultores – MPA, Valter Israel da Silva, lembrou que a paz exigida na manifestação desta quarta-feira (14) tem a ver com “a violência contida nas intervenções imperialistas norte-americanas no continente latinoamericano; com a luta por condições de vida digna no campo e na cidade; com o direito à saúde, à educação e, principalmente, à informação”.
A Jornada Continental de Luta pela Paz acontece de 11 a 17 de maio na Argentina, Peru, Honduras, México, Cuba e Brasil. No Brasil, além de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo também realizaram manifestações de apoio à Venezuela, Bolívia e outros países que compõem a América Latina, além de terem defendido uma mídia democrática e popular.
A programação da Jornada Continental também inclui atividades artísticas, como exposições de fotos e o lançamento do filme “Meu amigo Hugo”, de Oliver Stone. Em Brasília, o lançamento do documentário sobre Chávez, ex-presidente venezuelano, ocorre nesta quinta-feira, às 19h, na Embaixada da Venezuela.
O que acontece na Venezuela
Depois de um período de protestos violentos contra o governo de Nicolás Maduro, que sucedeu Hugo Chávez na Venezuela, o diálogo entre governo e oposição finalmente foi estabelecido, por iniciativa do atual presidente venezuelano. Porém, ao contrário do que a grande imprensa divulga, a maioria dos protestos que ainda persistem na Venezuela não é promovida por estudantes, e sim por grupos opositores extremistas, que continuam apostando na violência para desestabilizar o governo. Os movimentos brasileiros também lembram que, das mortes ocorridas, a maioria foi de apoiadores de Maduro.
Desde que Chávez assumiu a presidência da Venezuela, o País erradicou a pobreza extrema, a fome e o analfabetismo. O país sul-americano também é reconhecido pela educação primária universal, pelo trabalho em favor da igualdade de gênero, da redução da mortalidade infantil, dos avanços na saúde materna, do combate ao HIV, da malária e outras doenças.
Fonte:CUT-DF com informações do FNDC e MST