CUT
Presente na reunião do Coletivo Nacional de Juventude da CUT, realizado esta semana em São Paulo, o presidente da Central, Vagner Freitas, afirmou que a juventude CUTista deve aproveitar o vigor das ruas para resgatar a trajetória de luta da Central, retomar a campanha por autonomia e liberdade sindical e intensificar o processo de renovação dos sindicatos e diretorias.
Para ele, é preciso garantir a renovação na estrutura sindical, com limitação dos mandatos, que possibilite cada vez mais a participação dos jovens na política. “Os sindicatos CUTistas tem a obrigação de inserir em seus estatutos pontos essenciais como a limitação do tempo de mandato, cota de gênero, democracia interna, cota de renovação, assembleia de previsão orçamentária, além de trazer para o centro da conjuntura a retomada da luta pela autonomia e liberdade sindical, que possibilite ao trabalhador a livre escolha, com um sindicalismo desatrelado do Estado, partido político ou governo”, disse.
De acordo com Vagner, o momento de disputa de concepção desafia a juventude a politizar o debate no mundo e, em especial, no Brasil, para intervir e conscientizar a sociedade. “E a CUT tem a responsabilidade de participar ativamente com o corte de classe da Central, com as bandeiras da classe trabalhadora que vincula com os anseios e necessidades da juventude e da população”, elencou.
Juventude organizada exige reformas estruturantes
Representantes dos movimentos que compõem a Jornada de Lutas da Juventude Brasileira participaram do debate sobre a conjuntura política durante a mesa que iniciou os trabalhos do Coletivo Nacional de Juventude da CUT. Em consonância com momento atual vivenciado pela sociedade brasileira, onde milhares foram às ruas para exigir mais avanços e melhorias nos serviços públicos, é desafio dos movimentos organizados aproveitar a energia que emerge das ruas para aprofundar a luta por mudanças estruturais tão fundamentais à construção de um país justo, democrático e igualitário.
Tanto a juventude como a população em geral estão sub-representadas no sistema político brasileiro. Unificados no discurso, os representantes dos movimentos de juventude foram enfáticos ao afirmar que a conjuntura atual demanda a massificação do debate sobre a reforma política com foco na extinção do financiamento privado de campanha.
“O Congresso Nacional não representa a diversidade do povo brasileiro. As campanhas eleitorais são controladas por interesses corporativistas e privados, que permitem a formação de lobbies comprometidos com os setores mais conservadores. Precisamos de uma reforma política com financiamento público de campanha, ampliação da democracia e dos níveis de participação popular”, exclamou Virgínia Barros, presidenta da UNE (União Nacional dos Estudantes).
Carla Bueno, representante do Levante Popular da Juventude, propôs que os movimentos sociais aproveitem o dia 30 de agosto, quando ocorrerão novas mobilizações das centrais sindicais, para organizar um grande ato em prol da democratização da comunicação. “Uma bandeira de luta que unifica todos os setores é o ‘Fora Globo’. Podemos aproveitar este dia e realizar ações na frente de todas as afiliadas da Globo nos estados agregando toda juventude nesta luta. É evidente o quanto a mídia teve uma influência direta para inserir a pauta conservadora nas mobilizações atuais, o que nos mostra a importância de aprofundarmos a luta pela democratização dos meios de comunicação”, destacou.
De acordo com Jefferson Lima, secretário de Juventude do PT (Partido dos Trabalhadores), a Jornada de Lutas teve uma repercussão importante, com ações nos principais estados e em diversos municípios. “Foi um processo de mobilização que garantiu, por exemplo, a aprovação do Estatuto da Juventude que será sancionado pela presidenta Dilma no dia 5 de agosto”, informou.
Para Igor Felippe, representante do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra), a reforma política é o primeiro passo para a institucionalização de outras reformas estruturantes. “A unidade política e programática de ação dos movimentos que compõem a Jornada de Lutas da Juventude Brasileira será fundamental nesta conjuntura. Só conseguiremos enfrentar estes desafios se estivermos unidos e compreendermos o caráter da classe dominante, o quadro de formação social do País, no qual a burguesia impede a participação do povo na política e, por conseqüência, a realização da reforma agrária, da democratização da comunicação, redução da jornada.”
Alertando para a informação de que 60% dos/as jovens afirmarem que as instituições precisam ser mais flexíveis e abertas ao diálogo com a juventude, Daniel Souza, representante da REJU (Rede Ecumênica da Juventude), crê “que caso não façamos o debate entre religião, estado laico e política, corre-se o risco de ficarmos nas mãos dos setores fundamentalistas e conservadores.”
Maria Julia Nogueira, secretária nacional de Combate ao Racismo da CUT, destacou o momento oportuno no qual ocorre este Coletivo, lembrando que a Secretaria realizou seu Encontro agora em julho “onde pensamos quais ações queremos levar para a III Conferência Nacional da Promoção da Igualdade Racial (Conapir) precedida das etapas estaduais que se iniciam no começo de agosto. Ocorreu também na semana passada a reunião do Coletivo de Mulheres e agora este Coletivo de Juventude. Todas essas ações visam a construção da luta coletiva sempre com um olhar especial para os 30 anos que a nossa central comemora no mês de agosto”, observou.
“Não podemos esquecer também da luta contra os leilões do petróleo e contra o PL 4330 da terceirização desenfreada, que atingem diretamente as políticas sociais e organização da classe trabalhadora”, assinalou Alfredo Santos Jr., secretário nacional de Juventude da CUT.
Uma nova Plenária entre os movimentos que integram a Jornada de Lutas da Juventude Brasileira ocorrerá no sábado, 3 de agosto.