CUT cobra condições dignas para trabalhadores das obras de Jirau e Santo Antonio

Após reunião com o Ministério do Trabalho, dirigentes da CUT visitam canteiros de obras para realizar assembleia com os trabalhadores…





CUT

Escrito por: Isaías Dalle

Na manhã desta terça, um grupo de dirigentes sindicais da CUT visita o canteiro de obras da Usina Santo Antonio e, à tarde, o canteiro da Usina de Jirau, ambas em Rondônia.

As visitas têm o objetivo de verificar in loco as condições de trabalho e alojamento dos operários e poder cobrar e propor soluções para os problemas enfrentados pelos trabalhadores das duas obras, que ganharam o noticiário nacional por conta de conflitos iniciados no último dia 15.

A inspeção que ocorre hoje é a continuidade do processo de negociação e pressão, exercido desde antes da eclosão do conflito pelo Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil do Estado de Rondônia, filiado à CUT e que de fato representa os 38 mil operários das duas obras. A delegação cutista também fará assembleia com os trabalhadores.

Quem tem representatividade de fato

Ontem à noite, em audiência de mediação que terminou após as 22h em Porto Velho, a CUT Nacional, representada pelo secretário nacional de Administração e Finanças Vagner Freitas, a Conticom-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria de Construção), representada pelo secretário nacional de Políticas Sociais, Luiz Carlos José de Queiroz, e o Sindicato, representado pelo presidente Raimundo Soares da Costa, negociaram com a empresa Camargo Corrêa e com a Superintendência Regional do Ministério do Trabalho várias questões – urgentes ou de médio e longo prazo – relativas aos interesses e direitos dos trabalhadores.

Luizinho (de óculos, ao centro), Vagner e Raimundo (camisa vermelha)

Luizinho (de óculos, ao centro), Vagner e Raimundo (camisa vermelha)

 

“A audiência desta noite”, informou Vagner Freitas após a reunião, “teve um aspecto muito importante, que é o fato de o Ministério do Trabalho e a empresa terem deixado muito claro quais são as entidades sindicais que realmente representam esses trabalhadores”. Vagner refere-se a tentativas recentes da Força Sindical de participar do processo sem ter delegação dos trabalhadores para isso. Tentativas que se deram em Porto Velho, através de lobby junto à representação estadual do Ministério do Trabalho, e até mesmo em São Paulo, através de lobby na imprensa.

Entre os problemas debatidos com a empresa e o Ministério, a representação cutista cobrou alimentação adequada e alojamento digno para os operários que continuam nos canteiros e para aqueles que, desalojados, ainda permanecem na cidade de Porto Velho. A empresa se comprometeu a manter o fornecimento de roupas de cama, refeições, kits de higiene pessoal e atendimento médico – ambulâncias e postos médicos – a todos os trabalhadores, além da instalação de banheiros químicos.

A cidade de Porto Velho, a aproximadamente 80 km das obras de Jirau, tem pouco mais de 426 mil habitantes e a maior parte de seus 34 mil km2 de área são dominados pela floresta. Não há infraestrutura para receber um contigente repentino de mais de 20 mil novos habitantes.

Santo Antonio pode voltar a operar hoje

Dos operários que não moram em Rondônia e que lá se encontram exclusivamente por conta das obras, muitos já retornaram ou estão retornando a seus lares, depois de o Sindicato e o Ministério terem cobrado da empresa a concessão de licença remunerada a todos, enquanto as obras da Usina de Jirau não forem retomadas. Porém, muitos deles, por não terem conta bancária, têm dificuldades para receber seus salários. A CUT cobrou uma nova forma de pagamento, e a empresa se comprometeu a solucionar o problema nos próximos dias.

Na audiência de ontem, a CUT cobrou também responsabilidade da Camargo Corrêa para com os trabalhadores terceirizados. “As empresas terceirizadas nem sempre respeitam os acordos vigentes ou os salários estipulados com a empresa contratante, e isso tem de ser cobrado pela contratante”, comentou Luizinho, da Conticom-CUT.

A Usina de Jirau está paralisada por conta do quebra-quebra ocorrido na semana passada, e está neste momento sob guarda da Força Nacional. A Usina de Santo Antonio, uma obra de menor porte, onde estão 16 mil operários, parou por precaução da empresa. “Amanhã (hoje) vamos ver se a Força Nacional nos deixa visitar Jirau, como combinado com a empresa. Já Santo Antonio talvez volte a operar, vamos lá conferir”, comentou Luizinho.