Cúpula dos Povos começa nesta sexta (15) para aprofundar discussão e impedir omissão de chefes de Estado

CUT

A partir desta sexta-feira (15) e até o dia 23, mais de 20 mil representantes dos movimentos sociais de todo o mundo ocupam o Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. Com cerca de 800 atividades, a Cúpula dos Povos promoverá debates diários para denunciar as causas da crise ambiental, alinhar as propostas e apresentar soluções aos chefes do Estado.

Mais do que um evento protocolar paralelo à Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que começou no dia 15 e segue até a próxima sexta, a cúpula tem a obrigação de intervir na decisão dos que tentam pintar o atual modelo de verde para manter a mesma lógica de exploração da mão-de-obra e dos recursos naturais.

Após três dias de Assembleia Sindical também na capital carioca, a classe trabalhadora inicia o encontro com uma visão muito clara de que o atual sistema faliu e não poderá ser reconstruído sob os mesmos parâmetros excludentes, que buscam minimizar o papel do Estado e mercantilizar os recursos naturais. Os debates também deixaram claro que o tão comentado emprego verde não é efetivamente sustentável se não houver respeito aos direitos, proteção social e condições dignas de trabalho. Clique aqui para ler o documento – em espanhol – final da assembleia.

Discussão política – Para a secretária do Meio Ambiente da CUT, Carmen Foro, a função da central e de seus parceiros é cobrar do governo brasileiro uma fala mais firme para garantir o cumprimento de compromissos mais audaciosos.

“O movimentos sindical não é tão presente e a voz dos trabalhadores brasileiros chega, principalmente, por meio do governo. Então, é fundamental que nosso país tenha uma postura mais audaciosa. Temos ouvido da presidenta Dilma Rousseff que ela não irá fazer uma defesa de uma economia verde de qualquer forma. Isso é positivo, porque chama para uma discussão política.”

Tenda cutista 

Em parceria com a Central Sindical das Américas (CSA) e a Central Sindical Internacional (CSI), a CUT promoverá diariamente atividades na Tenda Florestan Fernandes para. Clique aqui para ver a programação completa dos próximos dias.

Além de discutir a relação entre o mundo do trabalho e o desenvolvimento sustentável, as discussões tem o objetivo de aprofundar a unidade dos movimentos sociais, conforme aponta o secretário de Relações Internacionais da Central, João Felício.

“Mesmo com concepções, contradições e diferenças sobre a relação com o meio ambiente, acredito que é possível ter um discurso comum do movimento sindical em todo o mundo. Precisamos focar em unidade, sob pena de em alguns anos percebemos que não mudou nada, como ocorreu nos últimos anos em relação à Eco-92. Porque empresários e governos continuam tendo um conceito de desenvolvimento sem nenhum respeito à natureza e muito menos aos nossos direitos. Basta avaliar a crise na Europa agora para perceber que todas as reformas surgem para retirar direitos”, aponta.
O dirigente avalia que cúpula também deve ter

 como missão conquistar o respaldo social e popular para defender as propostas dos trabalhadores. “Nem semp

re governos progressistas são respeitados pelas grandes potências, o que dirá nós. Portanto, vamos lutar para transform

ar a Rio+20 num espaço de disputa política.”

Implementar o que será discutido

Já o Secretário Geral da CUT, Quintino Severo, ressalta que a mobilização conjunta é também fundamental para garantir a implementação das reivindicações da Central e da classe trabalhadora. Caso da taxação das transações financeiras para financiar a transição do atual modelo para um outro sustentável, no qual exista a preocupação com a distribuição de renda e com a preservação do meio-ambiente.

Segundo ele, há espaço para otimismo, já que o próprio tema da preservação dos recursos naturais era um tabu dentro do movimento sindical. “Esse tema entrou na nossa pauta, que á não é mais ligada somente à luta de questões ligadas ao dia-a-dia dos trabalhadores.”

Porém, ele acredita que ainda são insuficientes. “Precisamos muito mais para consolidar definitivamente nos acordos que fazemos com empresas e governos pontos que obriguem a preservar o meio ambiente e contenham mecanismos para obrigar e punir governantes e empresários que não cumprirem esse compromisso.”

Para Quintino, a Rio+20 deve ser o início de um grande processo. “A discussão sobre desenvolvimento sustentável não se encerra agora. Por isso, ficarei satisfeito se elevarmos essa discussão a um patamar mais global e se governos, estados e empresários aceitarem iniciar um diálogo constante sobre essa questão. Essa já será uma grande conquista para a sociedade.”