Os presidentes da Argentina, do Brasil, do Uruguai e da Venezuela oficializam nesta terça-feira (31) o ingresso de Caracas no Mercado Comum do Sul (Mercosul), em uma cúpula extraordinária do bloco regional, que se realiza no Palácio do Planalto.
Em 4 de julho de 2006, os então presidentes da Argentina, do Brasil, do Paraguai e do Uruguai acordaram o ingresso da Venezuela no Mercosul, mas até agora não tinha sido concretizado devido à negativa do Congresso paraguaio.
Em 29 de junho último, em Mendoza, Argentina, os mandatários da Argentina, do Brasil e do Uruguai decidiram suspender o Paraguai do Mercosul ao considerar que a destituição sumária do presidente constitucional desse país, Fernando Lugo, descumpriu as normas democráticas estabelecidas pelo grupo regional.
Igualmente, Cristina Fernandez, Dilma Rousseff e José Mujica decidiram aprovar a entrada da Venezuela no Mercosul e marcaram para esta data o encontro de oficialização deste acordo.
Estão em Brasília deste esta segunda-feira (30) os presidentes da Argentina, Cristina Fernández; do Uruguai, José Mujica; e da Venezuela, Hugo Chávez, que junto à mandatária brasileira, Dilma Rousseff, realizarão encontro que também permitirá à presidenta brasileira apresentar o programa a desenvolver neste semestre.
Entre julho e dezembro deste ano, o Brasil ocupa a presidência pró-tempore do Mercosul e para o período o chanceler Antonio Patriota adiantou que uma das prioridades será acelerar o processo de incorporação da Venezuela.
Nesta segunda-feira (30), Patriota encabeçou uma reunião informal com seus homólogos da Argentina, Héctor Timerman; Uruguai, Luis Almagro; e Venezuela, Nicolás Maduro, na qual ressaltaram o significado histórico da incorporação de Caracas ao bloco regional.
O bloco regional ganha nova dimensão geopolítica, permitindo a articulação das porções amazônica, andina e caribenha da América do Sul, além dos ganhos econômicos, indica um documento sobre esse encontro, distribuído pela assessoria de comunicação da chancelaria brasileira.
Destaca-se que com a entrada da Venezuela, o Mercosul passará a ser um ator importante em dois temas fundamentais para o futuro do planeta: a segurança energética e a segurança alimentar.
A chancelaria brasileira adiantou que antes da cúpula extraordinária do Mercosul, haverá um encontro bilateral entre Dilma e Chávez, que concluirá com a assinatura de vários acordos.
Entre estes, sobressai a compra de 20 aviões E-190 por parte da Venezuela, mediante um contrato entre a Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. (Embraer), e o Consórcio Venezuelano de Indústrias Aeronáuticas e Serviço Aéreo (Conviasa).
Ao chegar a Brasília nesta segunda-feira (30), o presidente venezuelano, Hugo Chávez, informou que a empresa Petróleos de Venezuela (PDVSA) estabelecerá um convênio energético con a estatal argentina YPF, no quadro de uma aliança que envolverá também a Petrobras.
“Amanhã (terça-feira, 31) assinaremos um convênio entre a PDVSA e a YPF”, disse Chávez, em declarações à imprensa em Brasília, acompanhado pelo ministro de Petróleo e Mineração, Rafael Ramírez; o chanceler Nicolás Maduro, assim como pelos titulares das pastas de Comércio e Indústrias, Edmée Betancourt e Ricardo Menéndez, respectivamente.
Chávez estimou que com o estabelecimento de alianças com as estatais petroleiras do Brasil e Argentina será possível ir “desenhando a Petrosul, assim como uma vez nasceu a Telesul, a Unasul e o Banco do Sul”.
O chefe de Estado venezuelano reiterou que com a entrada de Caracas no bloco regional “se está completando a equação dentro do Mercosul”.
“O ingresso é uma benção para a Venezuela”, ressaltou Chávez. Para ele, isto coloca o país “em nossa verdadeira dimensão geopolítica e econômica, em nossa exata e verdadeira perspectiva histórica”.
Nesse particular, recordou que o Libertador Simon Bolivar, depois de ter encabeçado os processos independentistas, “não foi a Miami ou a Washington, mas veio ao Sul com San Martín, a Guaiaquil (Equador)”.
Por essa razão, foi enfático ao expressar sua alegria pela formalização do ingresso da Venezuela: “Estamos em júbilo e muito alegres”, e evocou as palavras de Juan Domingo Peron para defender o fortalecimiento da integração regional: “O século 21 nos encontrará unidos ou dominados”.