Críticas às ameaças privatistas de Bolsonaro marcam o Ato Nacional na SIX

Manifestação na Usina do Xisto fez parte da caravana nacional de protestos promovidos pelas federações de petroleiros

[Da imprensa do Sindipetro PR e SC | Foto: Juce Lopes]

Petroleiros, representantes de movimentos sociais e moradores de São Mateus do Sul realizaram na manhã desta sexta-feira (15) uma manifestação na Unidade de Industrialização do Xisto (SIX). A mobilização faz parte do calendário nacional de Atos Contra as Privatizações e Precarização das Condições de Trabalho na Petrobrás, convocado pela FUP, FNP e sindicatos filiados.

A caravana de protestos tem reafirmado a resistência dos trabalhadores contra a privatização do patrimônio público brasileiro. “Nós estamos aqui em mais um dia de luta contra o desmonte no sistema Petrobrás. Não é de agora, a Petrobrás já nasceu de um processo de luta popular. Foram 7 anos da campanha ‘O Petróleo é Nosso’ para conseguir a criação dessa empresa”, disse a diretora da FUP e do Sindipetro Unificado SP, Cibele Vieira.

A Petrobrás de 2017 para cá perdeu 11% da sua fatia estatal. A empresa está cada vez menos voltada para desenvolvimento nacional. O alto preço dos combustíveis no Brasil é resultado da atual política de preço e das privatizações na Petrobrás. “Eles primeiro jogam o preço na estratosfera, com a nova política de preço dos combustíveis e depois jogam a culpa na Petrobrás e dizem que tem que privatizar”, explicou Roni Barbosa, secretário nacional de comunicação da CUT, que também é diretor do Sindipetro PR e SC.

Cibele avaliou que o governo Bolsonaro tem encontrado dificuldades dentro da estratégia privatista de fazer as vendas fragmentadas das refinarias. Entranto, com o objetivo de jogar a população contra a Petrobrás, o governo adota uma política de preço que reajusta em dólar os combustíveis produzidos no Brasil. “A política de preços que a Petrobrás pratica é uma opção de gestão. Não precisa ser assim, não era assim”. A diretora explicou que os acionistas privados querem aumentar o lucro em cada etapa do processo. “Eles querem maximizar o lucro na exploração, no refino e na distribuição. Antes se o dólar estivesse alto e encarecesse o refino, mas favorecia a exportação tanto de petróleo como de derivados. Então você aumenta o lucro na exportação e consegue ter um preço mais baixo nos combustíveis para a população brasileira”, explicou.

Paulo Sérgio Cardoso, diretor do Sindicato dos Petroleiros de Caxias (RJ), criticou a venda da SIX, o governo fascista de Bolsonaro e a política econômica do ministro Paulo Guedes. “O plano de Guedes e Bolsonaro é vender a Petrobrás inteira. Eles estão tentando fazer isso fatiadamente”. Ele lembrou que a resistência a categoria tem conseguido algumas vitórias contra as privatizações e que o apoio da comunidade local é fundamental.

Deivyd Bacelar, coordenador da FUP ressaltou a importância da unidade entre os trabalhadores próprios e terceirizados. “Quando a FUP, em parceria com os Sindipetros, decidiu fazer essa série de atividade pelo país contra as privatizações e a precarização da relação de trabalho na Petrobrás, tivemos a intenção de chamar a atenção sobre esse tema que é de extrema importância para nós. Aqui na SIX como em outras unidades da Petrobrás, já temos um processo amplo de terceirização das atividades fins que eram realizadas por pessoas concursadas. Infelizmente, os trabalhadores contratados por essas empresas estão sendo super explorados”. Ele lembrou que a precarização do trabalho no Brasil tem se aprofundado com as “deformas” promovidas pelo governo Bolsonaro. “O que o governo federal fez com a ‘deforma’ administrativa e com a deforma previdência foi prejudicar a classe trabalhadora como um todo”.

O coordenador da FUP comentou a declaração do presidente Jair Bolsonaro que disse estar com vontade de privatizar a Petrobrás como um todo. “Com o atrelamento da gestão bolsonarista da Petrobrás ao capital financeiro internacional nós temos os aumentos sucessivos dos preços dos combustíveis no Brasil. Por conta disso Bolsonaro diz que dá vontade de vender a Petrobrás”. Bacelar lembrou ainda que Bolsonaro se dizia defensor do patrimônio público e da soberania nacional. “Ele deveria usar o seu poder de presidente da República e pegar aqueles que ele indicou para a presidência da Petrobrás, para o conselho administrativo, para esses mudarem a política de preços que foi implementada pelo Temer e mantida pelo seu governo”.

Adaedson Costa, secretário geral da FNP e diretor do Sindipetro Litoral Paulista, falou sobre a importância da organização da luta contra as privatizações e a precarização no trabalho. “Nós podemos ter um Brasil onde se respeita os trabalhadores. Hoje o que nós vemos no Sistema Petrobrás são trabalhadores próprios sendo precarizados, achatados no seu salário e condição de segurança. Pior ainda, o contratado que muitas vezes está trabalhando 30 dias e ao final a empresa que contratou fala que não tem dinheiro pra pagar, mesmo tendo recebido da Petrobrás”. Ele afirmou que se não está bom para os terceirizados também não está para os próprios. “Cada trabalhador que passar necessidade é como se cada um de nós passássemos necessidade”, declarou, reafirmando a importância da unidade.

O presidente do Sindipetro Paraná e Santa Catarina, Alexandro Guilherme Jorge, anfitrião desta edição do protesto, criticou o gestor da Petrobrás que tentaram atrapalhar o ato. Ele ressaltou que a atividade é um direito constitucional do trabalhador e lembrou que o Sindicato existe por causa daquela unidade. “Quem faz sindicalismo tem um projeto de vida, de luta pela classe trabalhadora. Nós vamos fazer tudo que a Constituição permite que a gente faça enquanto trabalhador organizado”. O sindicalista desaprovou os desmontes na empresa para favorecer os acionistas. “Eles trocam a nossa segurança, a nossa saúde e a nossa qualidade de vida por lucro. Que não é destinado para esse país, para esse Brasil que nós carregamos a bandeira no peito”, se referindo a quem tem offshore e se beneficia com a inflação e o dólar alto.

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