A queda brusca do preço do petróleo prova as afirmações e defesas que vêm sendo feitas, há anos, pelas diretorias da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e do Sindipetro Bahia, da necessidade da manutenção da Petrobrás como empresa pública integrada, com negócios diversificados.
A guerra do petróleo entre Arábia Saudita e Rússia abalou as bolsas de valores, fez com que o dólar ficasse ainda mais alto e atingiu profundamente a Petrobrás – a empresa perdeu R$ 91 bilhões em valor de mercado, maior queda em quase 30 anos.
O pânico causado pela baixa do preço do barril do petróleo, que já chegou a US$ 60 e caiu repentinamente para US$ 31,52, mostrou a instabilidade desse mercado e também a força que o petróleo tem na economia mundial.
“O atual cenário coloca em xeque as ações que estão sendo implementadas pela Petrobrás. O preço baixo do barril de petróleo fortalece o refino, portanto, vender quase a totalidade do seu parque de refino não é uma boa estratégia da estatal, pois isso traz impacto negativo no presente e no futuro, não só para a Petrobrás, mas também para o próprio país”, afirma o diretor de comunicação do Sindipetro Bahia, Radiovaldo Costa.
Para o sindicalista, manter uma empresa integrada garante o equilíbrio e a sustentabilidade financeira da estatal. “Hoje se temos um setor com uma rentabilidade maior e um mercado mais propício, ele acaba dando sustentabilidade a um outro setor da empresa que não esteja bem naquele momento”.
Radiovaldo explica que a Petrobrás tem um parque de refino e um mercado consistentes nessa área. Para ele a hora é de aumentar a carga processada nas refinarias e não vendê-las. A Refinaria Landulpho Alves, por exemplo, tem capacidade de produzir 377.388 barris de derivados de petróleo por dia, sendo 67.776 barris de gasolina e 22.435 de GLP. De acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP) em dezembro de 2013 a capacidade de uso da RLAM era de 98%. Já em janeiro de 2019 essa capacidade foi reduzida para 56%.
A redução da capacidade de processamento da RLAM vem sendo implementada desde que a estatal adotou a política de paridade de preços dos seus derivados em relação ao mercado internacional, seguindo os preços do dólar e do barril de petróleo (que começou no governo Temer), gerando aumentos sucessivos dos preços da gasolina, diesel e gás de cozinha. Nos últimos dois anos, a produção na RLAM oscilou na faixa de 205 a 210 mil barris de derivados.
O Sindipetro defende que, nesse momento, o refino pode garantir, inclusive, a manutenção nos investimentos na área de Exploração e Produção de petróleo. Para a entidade sindical é um grande erro a desativação de unidades, a diminuição da carga processada e a venda de ativos, como os campos de produção terrestres. “Na Bahia, por exemplo, esses campos têm custo de produção muito baixo e ainda têm capacidade de ofertar um petróleo mais barato. Junte-se a isso o processamento do petróleo feito pela própria Petrobras e não teremos necessidade de importação e nem de comprometer a balança comercial”, afirma Radiovaldo, que cita ainda o prejuízo que o Brasil terá caso a Petrobras insista em vender seus ativos em um momento como esse (além de campos terrestres, a empresa colocou à venda 8 refinarias) . “Além da retração do mercado, você corre o risco de depreciar o patrimônio, vendendo-o a preços muito baixos”.
Para o Sindipetro, a hora é de investimento, não de encolhimento, o que só agrava a crise econômica. “Não é hora de fatiar ou diminuir o tamanho e a importância e atuação de uma grande empresa como a Petrobrás. O que há é a necessidade urgente de mais investimentos, de gerar empregos, aumentando com isso a arrecadação dos impostos federais, estaduais e municipais. A roda da economia está parada, para o bem de todos ela tem de girar”, finaliza Radiovaldo.