Correntes políticas avaliam mandato 2006-2009 da CUT e destacam a combatividade da Central

No início da noite desta quarta, dia 5, as diferentes tendências políticas da CUT apresentaram…

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No início da noite desta quarta, dia 5, as diferentes tendências políticas da CUT apresentaram suas avaliações sobre o mandato 2006-2009, numa atividade do 10º CONCUT.

Expedito Solaney destacou que "a CUT está mais combativa. Em comparação ao mandato anterior, isso foi positivo, pois a Central estava dócil em relação ao governo e tinha muitas dificuldades para articular mobilizações", disse o secretário nacional de Políticas Sociais, representante da Articulação de Esquerda. Solaney destacou o exemplo da defesa dos interesses dos trabalhadores e trabalhadoras públicos neste segundo mandato, muito mais presente.

Shakespeare Martins de Jesus, representando a Tendência Marxista, ressaltou "as caminhadas, as marchas a Brasília, que culminaram na política de valorização do salário e nas correções da tabela do imposto de renda", falou. Shake, como é conhecido o coordenador da Comissão Nacional do Meio Ambiente, lembrou também da luta pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários, pelo fim do fator previdenciário e pela ratificação das convenções 151 e 158. Ele fechou sua intervenção alertando para a necessidade de "a CUT ficar mobilizada constantemente, com o objetivo agora de manter o projeto político popular".

Júlio Turra, em nome de O Trabalho, elogiou a decisão de não mais levar o balanço do mandato a voto. "Balanço é para avaliar os acertos e os erros e aperfeiçoar a política", disse. "Em relação ao mandato anterior, foi uma gestão mais ativa, independente e autônoma. Naquela época, a CUT estava meio atordoada em função de uma situação nova: Lula presidente", afirmou. Na gestão que se encerra no próximo dia 7, Turra disse que a Central retomou a luta aberta, "e aqui quero destacar a mobilização do dia 15 de agosto de 2007. Empunhamos naquela ocasião bandeiras nas quais tivemos vitórias parciais. A emenda 3, que conseguimos barrar. As fundações estatais de direito privado, que o governo acaba de desistir, depois da pressão da CUT". "No caso do PLP 01, que limitava investimentos com servidores públicos, a CUT apareceu na ofensiva e também impediu o progresso desse ataque", disse.

"Como aspecto negativo, a maior pisada na bola foi aceitar os termos do acordo de reconhecimento das centrais, que manteve a unicidade sindical e ainda destinou parte do imposto sindical para as centrais. Mas ainda há uma saída positiva para isso: lançar uma campanha de fato para garantir a ratificação da convenção 87, que institui a liberdade e a autonomia", completou Júlio.

Artur Henrique, presidente da CUT, fez a análise do mandato em nome da Articulação Sindical. "Nós começamos esta gestão discutindo um novo modelo de desenvolvimento, com distribuição de renda e valorização do trabalho. Isso muito antes da eclosão da crise", lembrou.

E acrescentou: "Agora, estamos fazendo um amplo debate com as nossas bases, como deve ser o papel de uma central, para elaborar a Plataforma da Classe Trabalhadora às Eleições 2010, para garantir avanços na democracia e na gestão do estado". Artur também destacou o acordo da política de valorização do salário mínimo, que chamou de "o maior acordo coletivo do mundo, pois beneficia 43 milhões de pessoas", e as lutas pela correção da tabela do imposto de renda e pela redução de juros, a redução da jornada e pela ratificação das convenções 151 e 158 e contra a terceirização, bandeiras elevadas nas marchas seguintes.

"Na V Marcha, em 2008, levantamos a bandeira de ‘A Classe Trabalhadora Não Vai Pagar pela Crise’. Lá, também protestamos diante do Ministério do Trabalho contra o aparelhamento da pasta e especialmente contra a proposta de criar imposto sindical para servidores e pelo cumprimento do acordo de reconhecimento das centrais, que inclui o envio de um projeto que extingue o imposto sindical. Mas tem que colocar algo no lugar, pois a legislação hoje favorece quem não é sócio. Esperamos que o projeto que cria a contribuição da negociação coletiva seja encaminhada pela Casa Civil ainda em agosto", anunciou Artur.

Depois de citar a conquista do Piso Nacional da Educação, a luta pela anulação da venda da Vale e a luta contra as privatizações e em defesa do pré-sal. E criticou grupos que saíram da CUT. "Não adianta nos chamar de chapa-branca. Nos últimos sete anos, quem mais fez greves foram os sindicatos da CUT, incluindo no setor público. Os sem-lutas e outros saíram da CUT, e eu digo que eles serão benvindos de volta, mas saíram e não causaram o impacto que imaginavam. Sem mexer artificialmente na proporcionalidade, construímos esse grande Congresso. O que precisamos agora é ampliar nossa unidade interna para a disputa com as outras centrais".

Pela CUT Socialista e Democrática (CSD) apresentou o balanço o diretor executivo Dary Beck Filho. "Nós entendemos que a CUT conseguiu retornar ao protagonismo da sociedade brasileira. Dary lembrou que a intervenção da CUT nas discussões sobre os agrocombustíveis conseguiu flexionar o projeto para a valorização da agricultura familiar e menos espaço para o agronegócio. Ele também pontuou diversas ações empreendidas pela CUT, como a conquista do nexo técnico epidemiológico previdenciário. "Sabemos o impacto que isso tem tido contra as subnotificações de acidentes ou adoecimento no trabalho e nos ajudado a elaborar políticas de saúde do trabalhador". Dary fez entusiasmada defesa do papel da Central na construção da 1ª Conferência Nacional de Comunicação, e exortou: "É importante que nossos sindicatos participem da etapas municipais e estaduais, pois esse é um debate estratégico para um novo modelo de País".