Coordenador da CNQ fala sobre o V Congresso Nacional do Ramo Químico


O coordenador da Confederação Nacional do Ramo Químico, Aparecido Donizete Silva, fala sobre o V Congresso Nacional da CNQ, que será realizado entre os dias 28 de junho e 01 de julho, em Salvador, na Bahia, quando os trabalhadores do ramo, inclusive os petroleiros, irão debater os novos rumos que o movimento sindical deverá tomar frente a atual conjuntura. Nesta entrevista concedida à FUP, ele destaca principalmente as mudanças que acontecerão no ramo a partir do reconhecimento das centrais sindicais e os desafios que a classe trabalhadora tem diante dos investimentos programados para o PAC – Programa de Aceleração do Crescimento. Donizete também ressalta que os petroleiros precisam estar mais inseridos nestas discussões, compondo uma frente de luta unitária com os demais trabalhadores do ramo.

 

FUP – Quais serão os principais debates do Congresso Nacional da CNQ?

 

Donizete – Teremos três importantes eixos. Um é discutir a organização dos trabalhadores do ramo após reconhecimento das centrais sindicais, cujas mudanças nos coloca diante de uma série de desafios e tarefas. Outro eixo de debate é o PAC, onde os trabalhadores do setor petroquímico sofrerão um impacto muito grande. Além disso, vamos também discutir uma campanha nacional e permanente contra a prática anti-sindical no ramo.

 

 

Quais os principais desafios da CNQ para organizar os trabalhadores a partir das mudanças impostas pelo reconhecimento das centrais sindicais?

 

Donizete – Primeiramente, vamos ter que repensar a nossa forma de negociação. Não podemos continuar com campanhas reivindicatórias separadas, com datas base diferentes. Vamos ter que rediscutir isso e encontrar formas de unificar de vez nossas campanhas. Outro desafio é a Organização por Local de Trabalho, princípio que a CUT defende desde que foi criada e que ainda não conseguimos garantir para todos os trabalhadores do ramo. Além disso, tem também a questão da representatividade dos trabalhadores que, apesar de estarem diretamente envolvidos nas atividades do ramo, não são representados por nós. É o caso dos trabalhadores terceirizados que atuam no setor petróleo, entre tantos outros prestadores de serviço do ramo químico.

 

 

E em relação ao PAC? Quais são os debates que a CNQ tem feito?

 

Donizete – O PAC impactará diretamente o ramo químico, principalmente a partir dos investimentos previsto pela Petrobrás. Nosso Congresso discutirá, principalmente, a repercussão destes investimentos nas relações e condições de trabalho. Queremos que o PAC gere empregos, mas, serão estes postos de trabalho temporários? Serão terceirizados? Que condições de trabalho estarão postas? Todas estas questões têm que ser discutidas pelo movimento sindical. Nós é que temos que dar a linha deste debate e garantir que os trabalhadores do ramo apresentem suas propostas para o governo. Por exemplo, através do Mova Brasil, poderíamos estar qualificando os trabalhadores, garantindo para eles alguns dos postos de trabalho previstos para o PAC. Estaríamos intervindo para que o Programa atue da forma que queremos, garantindo inclusão social e cidadania.

 

Quais as principais expectativas para este V Congresso Nacional da CNQ?

 

Donizete – Reuniremos 239 delegados e delegadas e estamos trabalhando para consolidar uma chapa única, contemplando todos os seis pensamentos políticos que temos hoje dentro da Confederação. Este espírito de unidade é fundamental para assegurar uma agenda de luta unitária e alcançarmos nossos objetivos. Somente juntos podemos reverter a precarização das condições de trabalho em nosso ramo, assim como garantirmos melhores salários para todos e a representação de fato das categoria menos fortalecidas. Por isso, a campanha nacional contra a prática anti-sindical no ramo será fundamental para o êxito das nossas tarefas. E os petroleiros devem estar inseridos nesta luta, participando ativamente das nossas campanhas e calendários de mobilização.