O FSM de Dakar será realizado entre o dia 6 e 11 de fevereiro…
A Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), integrada pela Central Única dos Trabalhadores, entre outras importantes entidades populares brasileiras, lançou um manifesto aos participantes do Fórum Social Mundial do Senegal. O documento expressa o compromisso de transformar o evento, que acontece de 6 a 11 de fevereiro na capital senegalesa, Dakar, em palco de solidariedade aos povos em luta.
Para a secretária de Comunicação da CUT e representante da Central na CMS, a conjuntura é favorável para fazer um contraponto ao Fórum Econômico de Davos, que nada tem a oferecer senão mais do mesmo, com sua política de arrocho fiscal e ajustes estruturais que equivalem a combater o incêndio com rios de gasolina.
Na avaliação de Rosane a experiência brasileira demonstrou qual o caminho a seguir: a defesa do mercado interno, colocando a roda da economia para girar num ciclo virtuoso. “Nossa pauta é a do desenvolvimento com distribuição de renda, emprego decente, respeito aos direitos. Não queremos ver nossos países e povos abatidos como presa fácil do sistema financeiro e da lógica das transnacionais. Por isso, em Dakar, vamos somar nossas vozes a milhares de companheiros e companheiras do mundo todo, para apontar diretrizes coletivas que pavimentem o caminho de construção da soberania popular, da independência e da justiça social”, destacou.
Abaixo, a íntegra da Carta da CMS
Carta da Coordenação dos Movimentos Sociais do Brasil ao Fórum Social Mundial – Dacar 2011
O mundo está com os olhos sobre o continente africano. As heróicas jornadas de lutas que ocorrem na Tunísia, Jordânia e Egito, contra as ditaduras mantidas com o apoio das grandes potências, são um exemplo das mudanças pelas quais passa o continente. Já repleto de simbolismo, o Fórum Social Mundial torna-se palco da solidariedade aos povos em luta pela construção de uma nova realidade política no continente africano, com governos democráticos que afirmem a soberania popular e não transformem seus países em marionete dos interesses externos.
Nós, movimentos sociais brasileiros, reunidos na Coordenação de Movimentos Sociais – CMS, unidos ao continente africano pelo “grande rio” chamado Atlântico Sul, reafirmamos nosso compromisso histórico e solidário com as lutas do povo africano pelo fim do colonialismo, contra a militarização, patriarcado, pelos direitos dos migrantes, por soberania.
A atual conjuntura nos coloca enormes desafios. A grave crise econômica e financeira que tem como centro os países desenvolvidos continua forte e intensa. Seus governantes, em encontros como o de Davos, tramam políticas para que os trabalhadores e os países do sul paguem pelos custos da crise. As formulas são sempre as mesmas, cortes de salários e direitos, arrocho fiscal, recessão, políticas xenófobas contra os migrantes. Estimulam conflitos de secessão e usam a OTAN para ampliar – seja no mar ou na terra – a militarização, sempre com o intuito de saquear e controlar recursos naturais que eles próprios dilapidaram.
Em contraposição a este receituário de exclusão, a CMS Brasil conclama a todos e todas para que debatam estratégias e construam convergências, organizando uma nova jornada de lutas global contra a crise, a militarização, o neocolonialismo, as mudanças climáticas e os direitos dos povos e nações.
Com este objetivo e compromisso, nosso encontro neste Fórum tem lugar marcado: será na Assembléia Mundial dos Movimentos Sociais. Neste espaço de confluências, vamos coletivizar nossas agendas, consolidar e fortalecer nossas bandeiras, para que, com unidade na diversidade, construamos um calendário de lutas onde caibam todos e todas, sinalizando o amanhã de justiça, solidariedade, independência e paz.
Contamos com sua presença dia 10, na Assembléia Mundial dos Movimentos Sociais.
CUT, MST, CMP, UNE, UBES, ABI, CNBB/OS, Grito dos Excluídos, Marcha Mundial das Mulheres, UBM, Conem, Unegro, MTD, MTST, Contee, CNTE, Conam, UNMP, Ação Cidadania, Cebrapaz, Abraço, CGTB, Intervozes, CNQ, FUP, Sintap, ANPG, CTB, CMB, MNLN