Contraf-CUT critica terrorismo do mercado financeiro para aumentar a taxa Selic

Contraf-CUT

A Contraf-CUT critica o terrorismo do mercado financeiro para aumentar a taxa básica de juros, a Selic, na terceira reunião deste ano do Comitê de Política Monetária (Copom), que teve início na tarde desta terça-feira (16). O encontro será concluído no início da noite desta quarta (17) com o anúncio da decisão sobre a Selic, atualmente em 7,25% ao ano.

“O Copom não pode ceder às chantagens dos rentistas do mercado financeiro. Não se justifica aumentar os juros para atender o apetite dos especuladores de títulos públicos em função de uma elevação esporádica da inflação. Até o preço do tomate já está caindo”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.

“O Brasil vive um ciclo histórico de queda da Selic, que trouxe crescimento, expansão do crédito, fortalecimento da produção e do consumo e geração de empregos. O Banco Central não pode recuar e deveria, isto sim, retomar o bom caminho da redução da Selic, como forma de estimular o desenvolvimento econômico e social”, ressalta o dirigente sindical.

Para Cordeiro, “elevar a Selic elevaria ainda mais o spread bancário que permanece entre os mais altos do mundo, sugando recursos que deveriam ser direcionados para investimentos em políticas sociais, indispensáveis para o crescimento da economia com distribuição de renda”.

Conforme levantamento feito pelo Dieese com dados do FMI, dentre os países dos Brics, o Brasil possui o maior spread (12,2% ao ano), seguido da Rússia (3,57% a.a.), África do Sul (3,30% a.a.) e China (3,00 % a.a.). A Índia não teve os seus dados disponibilizados.

Em um grupo de nove países da América Latina, apenas Paraguai (25,1% a.a.) e Peru (16,78% a.a.) possuem spread maior que o Brasil. Em seguida estão Bolívia (9,51% a.a.), Colômbia (7,22% a.a.), Uruguai (6,74% a.a.), Chile (4,26%), México (3,64% a.a.), Argentina (2,04% a.a.) e Venezuela (1,87% a.a.). Os números são relativos a 2012.

O presidente da Contraf-CUT ressalta que, “em vez de atender os interesses dos rentistas, o país necessita de políticas públicas que venham a distribuir e não concentrar renda”. Ele lembra que “o Brasil ainda ocupa a condição vergonhosa de 12º país com a pior distribuição de renda do mundo”.

“Está mais do que na hora de o Banco Central, além das metas de inflação, definir também metas sociais, como o aumento do emprego e da renda dos trabalhadores e a redução das desigualdades sociais do país”, salienta.