A presidenta da CTB-Goiás, professora Ailma Maria de Oliveira, em entrevista ao jornal goiano Diário da Manhã, defendeu greve geral dos trabalhadores, contra a perda de direitos sociais e trabalhistas impostas pelo governo ilegítimo de Michel Temer. Segundo a sindicalista, a greve deve ser direcionada contra as mudanças na CLT e na Previdência. “O que ocorre, hoje, no Brasil, é a luta de classes, uma disputa pelos fundos públicos”, disse.
Ailma explicou que o processo que culminou no golpe parlamentar que destituiu a presidenta Dilma Rousseff no dia 31 de agosto pelo Senado Federal foi arquitetado pelo consórcio que fazia oposição aos governos progressistas, com aparato jurídico, policial e midiático. Para ela, o golpe foi, principalmente, para retirar direitos dos trabalhadores e estancar a crise econômica provocada por eles [oposição] mesmos.
Diante das medidas de retrocesso nos direitos trabalhistas anunciados pelo governo Temer, a professora acredita que todos devem se unir. “Não podemos cruzar os braços”. Para a sindicalista, “o caminho é a unidade das forças de esquerdas e a mobilização permanente dos movimentos sociais, urbanos e rurais”, propõe.
Na entrevista ao jornalista Renato Dias, a presidenta da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Ailma Maria anuncia que a saída agora é “greve geral e eleições diretas para a presidência da República!”.
Confira abaixo a publicação:
A líder sindical quer o “Fora, Temer”, defende a unidade com a Central Única dos Trabalhadores [CUT], a Conlutas, além da Frente Brasil Popular e a Frente do Povo Sem Medo, que inclui também o MTST [Movimento dos Trabalhadores Sem Teto], coordenado por Guilherme Boulos, e o MST [Movimento dos Trabalhadores Sem Terras], liderado pelo economista João Pedro Stédile, inimigo número um do latifúndio, agronegócio e transgênicos. “O Brasil precisa parar para derrubar o usurpador golpista e reconstruir a democracia!”
Formada em Pedagogia na Pontifícia Universidade Católica de Goiás [PUC-GO], com especialização em Educação Ambiental na Universidade Federal de Goiânia [UFG], a sindicalista denuncia a escalada conservadora no Brasil. Ultraliberais, as reformas da Previdência Social e Trabalhista irão liquidar e jogar na lata de lixo da história direitos econômicos e sociais dos trabalhadores no Brasil, ataca. A idade mínima, para homem e mulher, pode subir para 65 anos de idade, inclusive de professoras, protesta. “Além disso, a aposentadoria não terá mais o reajuste do salário mínimo.”
CLT e FGTS
Ailma Maria de Oliveira informa que projetos de leis abençoados por Michel Temer, que devem ser enviados, após as eleições de 2 e 30 de outubro de 2016, ao Congresso Nacional, retirarão dispositivos da CLT [Consolidação das Leis Trabalhistas], uma herança do nacional-estatismo fundado por Getúlio Vargas. O governo federal planeja mudar as regras do FGTS [Fundo de Garantia Por Tempo de Serviço]. O 1/3 de férias, fim de semana remunerado, reposição do salário mínimo podem ser atingidos por novas medidas. “O Estado Nacional será desmontado com o programa de privatizações”.
Nem o Pré-Sal escapará do apetite do mercado nacional e internacional, sobretudo da Shell, informa ao Diário da Manhã a dirigente da CTB, seção de Goiás. Emocionada, ela condena a proposta de acabar com a destinação de um porcentual obrigatório das verbas da União para as áreas de Saúde e Educação. O estabelecimento do teto de gastos é um crime contra as próximas gerações, frisa. As universidades públicas sofrerão duros cortes orçamentários, o que prejudicará o ensino, as pesquisas científicas e os programas de extensão. “A ordem é ocupar as ruas!”
Impeachment de Dilma foi golpe
Segundo ela, impeachment, sem crime de responsabilidade, é golpe. A professora das redes estadual e municipal de ensino diz que a deposição do nacionalista Manuel Zelaya, que aproximara da Alba [Aliança Bolivariana das Américas], ocorrida em 2009, em Honduras, assim como a deposição que classifica como ‘relâmpago’, feita em 24 horas por um Parlamento conservador, no Paraguai, e que afastou o católico de liturgia progressista Fernando Lugo, em 2012, foram ensaios gerais para o impedimento da economista Dilma Rousseff.
“Um golpe parlamentar, com suporte do aparato jurídico e policial do Estado, e insuflado pelos grandes conglomerados de comunicação, controlados por meia dúzia de famílias no país.
É luta de classes”, destaca a sindicalista, o que ocorre no Brasil, hoje, em 2016. É a disputa da burguesia pelos fundos públicos.
As elites no Brasil não aceitam mecanismos de transferências de renda, como o Bolsa Família, além de programas inclusivos como as cotas sociais e raciais nas universidades públicas e o ProUni, o aumento real do salário mínimo, direitos econômicos e sociais às empregadas domésticas e a valorização das carreiras dos servidores públicos, registra. “Fascista, a classe média odeia ver pobre andar de avião e carro”.
“Esse é o Brasil do século 21, sem ter executado as bandeiras da revolução francesa de 1789, liberdade, igualdade e fraternidade!”
Unidade
O caminho é a unidade das esquerdas e a mobilização permanente dos movimentos sociais, urbanos e rurais, propõe. A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil reúne, hoje, em 2016, 1.100 sindicatos de trabalhadores da cidade e do capo, avisa. O programa mínimo para garantir a formação de uma frente única é a palavra-de-ordem ‘Fora, Temer!’, nenhum direito trabalhista ou previdenciário a menos, contra os cortes orçamentários para as áreas de Saúde e Educação e antecipação das eleições presidências, relata a ‘enfant terrible’ sindical. “Não podemos, de maneira nenhuma, cruzar os braços e deixar a banda passar…”
Privataria à vista?
Nem à época da ‘Privataria Tucana’, como aponta o escritor Amaury Ribeiro, sobre os turbulentos anos de gestão de Fernando Henrique Cardoso [PSDB-SP], se ousou em abocanhar tanto os direitos econômicos, sociais, trabalhistas e previdenciários dos cidadãos, insiste. O congelamento dos gastos públicos por 20 anos é um absurdo, vocifera. FHC não mexeu na CLT, apesar de seu arrojado programa de desestatização, que é, nada, mais, nada menos, do que transferir o patrimônio público para saciar a sede de lucros do mercado, analisa a professora da rede pública de ensino. “A guerra está apenas começando. Não sairemos das ruas!”
Michel Temer diz que não aceita ser chamado de ‘golpista’ e que os protestos das ruas reuniam apenas 40 pessoas, recorda-se. Cem mil pessoas manifestaram-se em 4 de setembro de 2016 na Avenida Paulista, em São Paulo, para exigir a sua saída do Palácio do Planalto, relata a sindicalista. O passado não pode assombrar o Brasil, como tragédia e farsa, recorre a Karl Marx, Ailma Maria de Oliveira.
“Tempos interessantes, como anotou Eric Hobsbawm, historiador marxista, virão pela frente!”. A Venezuela, de Nicolás Maduro, poderá ser o próximo país da América Latina a ser engolido por uma onda conservadora, com a bênção dos Estados Unidos, acredita. A queda no preços das commodities, e do petróleo em particular, afeta a economia da pátria de Hugo Chávez.
A burguesia nacional tenta desestabilizar o governo progressista, que conta com forte apoio popular, do Judiciário e das Forças Armadas, explica. Caso caia o chavista, a Venezuela irá compor a lista com Honduras, Paraguai e Brasil, de destruição da democracia”, lamenta.
“É necessário sonhar que outro mundo é possível!”.
Do Portal Vermelho