Por Alessandra Campos do Sindipetro Unificado de São Paulo
Em apoio ao protesto de estudantes, contrários à reorganização da rede pública de ensino proposta pelo governo estadual, diretores do Unificado estiveram, semana passada, em quatro escolas de Campinas. O Sindicato doou, na quarta-feira (25.11), alimentos e materiais de limpeza e higiene pessoal para as instituições e, na sexta-feira, dirigentes sindicais arrecadaram donativos de trabalhadores da Replan para serem revertidos ao movimento.
Na visita às escolas Antonio Vilela Júnior, na Vila Industrial, Eliseu Narciso Reverendo, no DIC 3, e Júlio de Mesquita, no Jardim das Oliveiras, os diretores do Unificado reuniram os estudantes para conversar sobre a importância da Petrobrás e do pré-sal para a Educação do país.
“Falamos sobre o fundo social, a soberania nacional e a política do PSDB, que pretende mudar a lei de partilha e, consequentemente, cortar os investimentos da educação brasileira, decorrentes da exploração do pré-sal”, destacou o coordenador da Regional Campinas, Gustavo Marsaioli.
Até a tarde de quinta-feira (26), oito escolas de Campinas já estavam ocupadas por alunos, contrários ao fechamento de unidades de ensino no Estado.
Organização
A estudante Graziele Mendes Sousa, de 17 anos, que cursa o 2º ano do ensino médio na escola Antonio Vilela Júnior, afirmou que cerca de 40 estudantes ocupam a unidade. Segundo ela, a mobilização é tranquila, sem interferência da polícia.
Graziele conta que a ocupação é organizada e os alunos cuidam da escola. Para manter o espaço limpo e em ordem, de acordo com ela, foram montadas equipes de limpeza, nas quais meninas e meninos se revezam nos serviços de faxina, como lavar louças, banheiros e a cozinha.
O cuidado com o patrimônio público e a organização dos estudantes são visíveis. Há cartazes fixados por todos os cantos da escola, pedindo atenção com a limpeza. Uma cartolina colada na porta da cozinha recomenda: “Atenção. Favor limpar os pés antes de entrar na cozinha!”.
A escola foi ocupada na segunda-feira (23) e, segundo Graziele, sem prazo para a desocupação. “É uma palhaçada o que o governo está querendo fazer com os estudantes. Tomou uma atitude tão séria, que mexe com a vida de tanta gente, e não perguntou a opinião de ninguém. Estamos aqui, pressionando e torcendo para que o governador volte atrás e desista de mudar horários ou fechar escolas”, afirmou.
Apoio
Ela também agradeceu o apoio que os estudantes estão recebendo da população. “Tem bastante gente colaborando, principalmente com doações, que precisamos muito”, destacou.
Os estudantes do movimento de ocupação da escola Antonio Vilela, como muitas outras unidades ocupadas no Estado de São Paulo, criaram uma página no facebook para mostrar um pouco do dia a dia da mobilização na instituição de ensino. O endereço é “Ocupação Vilela Junior”.
Mauá e São Paulo
Na Regional Mauá, os diretores sindicais estão colaborando com o movimento de ocupação doando colchonetes para os estudantes.
Em São Paulo, a coordenadora do Unificado, Cibele Vieira, levou o apoio do Sindicato às escolas Salvador Allende, na Zona Leste, e Maria Petronila, em Santo Amaro. “Em Santo Amaro, batemos um papo com os estudantes sobre a Petrobrás. Foi uma aula interessante e que serviu para esclarecer e informá-los sobre o papel fundamental que a empresa exerce na educação e no desenvolvimento do país”, comentou Cibele.
Contra reorganização
Os estudantes do Estado de São Paulo se mobilizam desde o fim de setembro, quando a Secretaria da Educação anunciou o plano de reorganização da rede, que resultará no fechamento de unidades e na transferência de alunos. As manifestações contra a mudança tiveram início com atos de pais, alunos e professores e, posteriormente, com a ocupação de escolas.
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) indeferiu por unanimidade, na segunda-feira (23), a liminar requerida pelo governo do Estado para reintegração de posse das escolas ocupadas por estudantes.