Conselheiro eleito avalia manifestações nacionais

Publicado originalmente no Blog Zé Maria no C.A

Um dos efeitos da histórica mobilidade social, e distribuição de renda, que o Brasil experimentou nos últimos 10 anos, é a elevação das expectativas.

Para quem viveu os anos da selvageria de FHC, as conquistas têm que ser mantidas a ferro e fogo. Para quem tomou consciência da vida após FHC, a nova situação social do Brasil é o mínimo, um patamar a partir do qual se deve lutar por novas transformações.

Os protestos que tomam conta do país são legítimos, e podem deter a onda neoliberal que volta assediar os trabalhadores. Basta olhar os verdadeiros combustíveis dessas manifestações.

Se a gota d´água foi o preço das tarifas de transporte, a ele está associado o drama cotidiano da maior parte da classe trabalhadora brasileira, que em todas as grandes cidades do País é tratada como gado em transportes aviltantes, nos quais padecem até 5 horas por dia entre casa e trabalho.

Sem mobilidade urbana, sem transporte coletivo minimamente digno, sem saúde pública decente, sem educação pública à altura dos desafios que a conjuntura nos apresenta, os trabalhadores vêm também os preços dos alimentos dispararem. E o que viram do Estado?

O Estado manteve a principal política de distribuição de renda do Governo Lula, com o aumento real do salário mínimo, é verdade. Mas, seguidamente pressionado pela Mídia e pela Direita, o Governo Dilma vem cedendo a seus mais levianos aliados. Resultado?

O Estado vem sistematicamente se ausentando das áreas e deveres de onde se retirou, desde Collor até FHC, e que tinham sido retomados a duras penas nos últimos 10 anos. Em lugar dos investimentos geradores de emprego e renda, e de pagar ao menos parte de nossa imensa dívida social, o Estado privilegia a FIFA, os Cavendishes, os Eikes, e as empresas de petróleo internacionais.

O recado das ruas está dado. Com a velocidade da informação nas redes sociais: ou o Gov. Dilma se recoloca nos eixos, ou vira passado. Enquanto isso, o movimento sindical petroleiro permanecerá em seu devido lugar: junto dos trabalhadores, construindo com a CUT a Greve Geral contra a terceirização, contra a entrega das riquezas minerais e contra o neoliberalismo.

José Maria Ferreira Rangel