Congresso Nacional da Contag começa nesta segunda com criticas à paralisia do governo

 

CUT

No período em que completa 50 anos de grandes lutas, enfrentamentos e conquistas, a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) realiza seu 11º Congresso Nacional tendo como tema ‘Fortalecendo o Movimento Sindical para melhorar a qualidade de vida no Campo’.

Nesta segunda (4) já começam os trabalhos, que seguem até o dia 8 de março. São esperados mais de 2.400 trabalhadores e trabalhadoras rurais de todas as regiões do País no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, local que sediará o Congresso.

Refletir sobre a conjuntura de vida e trabalho dos/as trabalhadores/as rurais, debater as dificuldades para avançar em políticas voltadas ao campo, potencializar a organização sindical e buscar estratégias de enfrentamento ao agronegócio são questões inseridas na agenda do Congresso, mas no centro do debate estará a paralisia da reforma agrária no Brasil.

Há uma clara insatisfação das entidades representativas dos trabalhadores e trabalhadoras rurais com o governo federal que tem priorizado o agronegócio e os grandes latifundiários em detrimento dos agricultores familiares, responsáveis por mais de 70% dos alimentos que chegam à mesa do povo brasileiro.

De acordo com Carmen Foro, vice-presidente da CUT e representante CUTista na Contag, o Congresso será um momento de grande importância para o conjunto da categoria, onde poderão expressar sua visão e tencionar como governo tem tratado a questão da reforma agrária.

“Passamos por um momento extremamente difícil. Fazer reforma agrária significa mexer com os poderosos neste país. E portanto, é preciso que haja uma vontade política de realizar. Mas o governo, desde o ex-presidente Lula, não teve disposição de fazer este enfrentamento, porque distribuir terra significa tirar dos que têm muito para dividir com aqueles que não têm nada”, destacou Carmen.

Como parâmetro das dificuldades, o governo Dilma registrou o pior desempenho em relação às desapropriações de terra e execução da reforma agrária, segundo informações do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Diante deste cenário, a luta por uma reforma agrária ampla e democrática se traduziu em uma das principais reivindicações da Marcha das Centrais que acontece na próxima quarta (6), em Brasília. “O caminho é a mobilização e pressão, como sempre fizemos, lutando por um novo modelo de desenvolvimento que garanta a democratização da terra e a soberania alimentar do país”, enfatizou Carmen.

Contag protagonista – uma história de enfrentamento à ditadura militar, na luta pela redemocratização do país e com uma participação ampla na organização e fundação da CUT.

A Contag, fundada em 22 de dezembro de 1963, contempla hoje 27 Federações de Trabalhadores na Agricultura e mais de quatro mil Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTRs), entidades que compõe o Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR).

Vagner Freitas, presidente da CUT, ressalta que toda essa amplitude só foi possível graças ao poder de organização e luta dos/as trabalhadores/as rurais. “A Contag é uma das principais e mais representativas entidades da classe trabalhadora. São 50 anos de história consagrada na defesa permanente dos direitos dos trabalhadores do campo. A CUT teve uma participação importante e significativa na organização da entidade. Sua executiva é composta de dirigentes CUTistas. Hoje, temos uma grande quantidade de Sindicatos dos Trabalhadores Rurais filiado à Central e permaneceremos juntos na organização da luta e representação dos trabalhadores e trabalhadoras rurais”, sublinhou Vagner.

O presidente da CUT estará presente no Congresso representando a Executiva Nacional da Central.