Congresso do Sindipetro MG aprova resoluções e delegados para plenárias da FUP e da CUT

[Da comunicação do Sindipetro MG, com edição da FUP]

Após três dias de intensos debates em formato híbrido, o 39º Congresso Estadual promovido pelo Sindipetro/MG, que teve como tema “Lutar por direitos e pela Petrobrás que queremos”, foi encerrado no sábado (28) com a participação de trabalhadoras e trabalhadores petroleiros da ativa e aposentados.

Os participantes aprovaram a pauta de reivindicações para o Acordo Coletivo de Trabalho de 2025, além de propostas de reforma do estatuto do sindicato. A plenária final também avaliou 14 moções apresentadas e elegeu as delegações que representará Minas na 12ª Plenafup e na Plenária estatutária da CUT.

O congresso foi aberto pelo coordenador-geral do Sindipetro/MG, Guilherme Alves, que pediu um minuto de silêncio pela perda do trabalhador Carlos Rodrigo Medeiros, vítima de acidente recente ocorrido na Replan. Após a aprovação do regimento interno do congresso estatutário, convidados e representantes de entidades sindicais e de movimentos populares fizeram as suas saudações e, em seguida, formou-se a mesa de convidados para a análise e debate da conjuntura, a partir de dados do Dieese.

Em sua saudação, o superintendente regional do Ministério do Trabalho, Carlos Calazans, enfatizou a importância do Sindicato dos Petroleiros diante dos ataques aos direitos dos trabalhadores. “Temos uma negociação permanente com a Regap e representantes sindicais sobre a situação dos trabalhadores de empresas contratadas. Lutar em defesa da classe é uma tarefa de todos”, afirmou.

Representando a CUT Minas, o diretor do Sindipetro/MG, Cristiano Almeida, pediu solidariedade nas lutas dos trabalhadores das estatais mineiras. “Assim como os petroleiros passaram sufoco durante a ameaça de privatização da Petrobrás em Minas, agora os companheiros de empresas como Copasa e Cemig lutam contra os ataques privatistas do governador Romeu Zema”, lembrou.

O diretor do Sindipetro/NF e da FUP, Tezeu Bezerra, abordou questões sobre a situação política do país e da categoria petroleira. Segundo ele, há um desafio muito grande nesse momento com um debate no Congresso Nacional sobre justiça tributária, com o Centrão pressionando o governo Lula. “A direita está organizada para fazer o uso do Estado para roubar dos pobres e beneficiar cada vez mais os ricos. A nossa responsabilidade é de não olhar só para o corporativismo, mas também para a política, elegendo representantes da classe trabalhadora que defendem o modelo de Estado que a gente tem”, afirmou.

Também estiveram presentes na abertura do Congresso, representantes da CSP Conlutas, MAM, MAB, MST, Levante Popular da Juventude, Movimento Brasil Popular e gabinete do vereador Bruno Pedralva (PT), além do Sindieletro/MG. Os convidados destacaram a necessidade de lutar pela Petrobrás estatal e soberania energética, engajamento nas ações pelo fim da jornada 6×1 e mais organização popular contra o modelo exploratório e desigual que cresce globalmente com o avanço da extrema direita. “As guerras no mundo trazem desalento para a juventude. Precisamos retomar a esperança no futuro”, afirmou Camila Morais, do Levante.

Farra dos dividendos 

O debate sobre a conjuntura foi iniciado com a apresentação do economista Cloviomar Cararine, do Dieese/FUP, que abordou os desafios e perspectivas para a campanha de renovação do ACT da Petrobrás em 2025. Ele apresentou históricos sobre o aumento do lucro da Petrobrás e do percentual de distribuição de dividendos, principalmente para os acionistas estrangeiros. A empresa lidera o grupo das dez maiores empresas pagadoras de dividendos no Brasil e figura entre as 20 maiores do mundo. Ao mesmo tempo em que o número de trabalhadores na empresa segue uma trajetória de queda e redução de investimentos. De 2013 a 2024, a queda do número de trabalhadores foi de 38%.

“Com a maior parte dos trabalhadores concentrados na região Sudeste, a Petrobrás vai perdendo a importância regional”, pontuou Cloviomar. Também lembrou que, ao contrário do que os gestores gostam de afirmar, o custo com os trabalhadores não é alto. “Em 2024, essas despesas foram de apenas 6%”. Ao comparar o comportamento da inflação e os reajustes da Petrobrás, informou que as perdas acumuladas salariais são de 1,9%.

Diante dos dados apresentados pelo Dieese, a dirigente da FUP, Cibele Vieira afirmou: “Não faz sentido apertar o cinto, como sugeriu a presidenta Magda. Essa tem que ser a tônica das próximas negociações”. Para Cibele, também é preciso colocar no centro do debate a transição energética justa.

A convidada Ana Paula Baião, dirigente do Sindipetro/RJ e representante da CSP Conlutas, ressaltou que os dividendos da Petrobrás não vão para a população e sim para pagar a dívida pública. “Estamos dando dinheiro para bilionários estrangeiros. É urgente, reverter o lucro em investimentos em tecnologia para superarmos os desafios da transição energética. Sobre a organização das lutas dos petroleiros, ela também destacou a união do administrativo com o operacional em defesa do teletrabalho, com as mulheres saindo na vanguarda durante a última greve.

Leia também: Aposentados aprovam pautas sobre AMS e Petros para o ACT