Confederação Sindical da Américas: Integração e solidariedade anti-imperialista


É com enorme satisfação que participamos do processo de unificação do sindicalismo mundial, com a fundação da Confederação Sindical Internacional (CSI) e, agora, entre os dias 27 e 29, no Panamá, com a Confederação Sindical das Américas (CSA). São processos convergentes, que refletem as mudanças em curso no planeta, onde os trabalhadores vão conquistando espaços de maior protagonismo.

Particularmente na nossa América Latina e no Caribe, vivenciamos um momento rico, de avanço dos povos, de fortalecimento da democracia, virando a página das ditaduras militares sob o controle de Washington, de tão triste lembrança. Governos de ocupação, como os de Álvaro Uribe na Colômbia, que já soma mais de 400 dirigentes sindicais assassinados sob sua gestão, estão cada vez mais isolados no Continente, que aspira e caminha rumo à construção de um novo tempo. Com nossa unidade de ação, descortinamos novos horizontes de integração e solidariedade antiimperialista.

No Brasil, a unidade da classe trabalhadores tem sido um dos pilares básicos de sustentação da nossa luta, onde tremulam alto as bandeiras da liberdade e autonomia sindical, com uma atuação classista, independente de patrões, partidos ou governos. Desenvolvemos ações conjuntas com as demais centrais sindicais brasileiras, com Marchas Unificadas da Classe Trabalhadora, que resultaram em valiosas conquistas como a política de valorização do salário mínimo, garantindo reajuste real acumulado de 37% nos últimos anos, o maior em duas décadas. Da mesma forma, garantimos recentemente que o governo enviasse ao Congresso Nacional o pedido de ratificação das Convenções 151 e 158 da OIT, sobre o direito à organização e negociação coletiva no setor público e o impedimento à demissão imotivada. Atualmente, a prioridade da CUT é a luta pela redução constitucional da jornada de trabalho sem redução de salário.

A companhia de tantos amigos e amigas no evento da CSA redobrará o nosso compromisso e a confiança na justiça da caminhada iniciada com a fundação da CUT em 1983, quando afirmamos nosso internacionalismo. Desde o primeiro congresso da Central, nossa marca tem sido a da solidariedade com a luta de libertação nacional, pelo direito dos povos à auto-determinação e pelo respeito à soberania das nações. Com esta identidade, nos solidarizamos com o povo palestino e entregamos apoio militante às lutas do sindicalismo da região contra as trevas do obscurantismo. Participamos ativamente na criação da Coordenadora de Centrais Sindicais do Cone Sul (CCSCS), em 1986, que se constituiu em ferramenta indispensável para pressionar que o Mercosul fosse um processo de integração que atenda aos interesses da classe trabalhadora.

A CUT filiou-se à Ciosl e ORIT em 1992, com a perspectiva de construí-la como espaço de unificação de todo o sindicalismo mundial. Em 1997, promovemos em Belo Horizonte, no Estado de Minas Gerais, uma expressiva manifestação contra a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e, na seqüência, tivemos participação ativa na criação da Aliança Social Continental (ASC), uma ampla coalizão de movimentos sociais, centrais sindicais e ONGs, que impulsionou mobilizações que ajudaram a enterrar definitivamente esse projeto em novembro de 2005, em Mar del Plata, na Argentina.

Nossa Central desenvolve uma frutífera política de Redes de Trabalhadores de Empresas Multinacionais, articulando sindicatos brasileiros com base nessas corporações e sindicatos dos países matriz. Criou um Observatório Social como centro de pesquisa que alimenta com informações sobre a atuação das multinacionais a essas Redes.

Em 2001, a CUT esteve entre as organizações que lançaram o Fórum Social Mundial (FSM), que se afirmou como espaço da sociedade civil para se contrapor ao modelo de globalização neoliberal, privatista e excludente. Em janeiro de 2009, nosso país sediará o 8º FSM, em Belém, na região amazônica brasileira, quando novamente estaremos somando nossas vozes pela construção de um novo mundo.

Temos a convicção de que o Congresso de fundação da CSA, mais do que coroar esta rica trajetória, significará um poderoso impulso rumo a novas lutas e conquistas no Continente.