Comissão da Verdade da Venezuela será instalada dia 27

Vermelho

O presidente em exercício da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta terça (5) que o país não viverá mais momentos de repressão, tortura, assassinatos e prisões políticas. A reação de Maduro ocorreu durante cerimônia em homenagem ao líder estudantil Noel Rodriguez, torturado e morto nos anos de 1970, durante o primeiro governo de Rafael Caldera.

“Tenho certeza de que nunca mais ocorrerão em nosso país casos como esses de desaparecidos, torturados e mortos”, disse.

Ele anunciou que no próximo dia 27 será instalada a Comissão da Verdade para investigar os crimes e assassinatos cometidos no país. A procuradora-geral da República, Luisa Ortega Díaz, ressaltou que “não se repetirão” na Venezuela crimes, como o assassinato do líder estudantil em 1973.

Maduro convocou o povo a sair às ruas no dia 27 para “instalar la comissão da verdade, para que na Venezuela se investiguem todos os crimes e assassinatos cometidos pelo ‘puntofijismo’, pela democracia representativa burguesa, repressora e assassina”.

Após a derrocada do ditador Marcos Pérez Jiménez (1952 – 1958), AD, COPEI, e URD (União Republicana Democrática) assinaram o “Pacto de Punto Fijo”, e a partir de então, se revezaram no governo membros da AD e do Copei. Apesar de ter durado legalmente somente até o primeiro governo de Rafael Caldera, na prática o “puntofijismo” se manteve até 1999, com a eleição de Hugo Chávez.

O presidente em exercício, que falou da Asambleia Nacional em cadeia de rádio e televisão, não deu mais detalhes sobre a futura comisão, mas afirmou que ela é necessária “para que haja justiça” e “seja um processo pedagógico de formação das gerações que estão por vir”.

Maduro pediu que o ex-vice-presidente venezuelano, José Vicente Rangel, integrasse a comissão. Segundo ele, nos livros e documentários de história utilizados em centros educativos “devem ser escritas as páginas da verdade desta época horrorosa na qual a barbárie burguesa investiu contra a humanidade de uma juventude idealista, pura e lutadora”. Maduro reconheceu o trabalho da Promotoria Geral da República e do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (CICPC) nas investigações destes crimes.

Ele lembrou que o líder estudantil Noel Rodriguez tinha “sonhos e esperanças para uma pátria livre da pobreza e da dominação estrangeira imperialista”. Após 40 anos de sua morte, o corpo de Rodriguez foi encontrado por integrantes do Ministério Público.

O presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, reiterou que a morte do líder estudantil tentou “silenciar as vozes de homens e mulheres” e “destruir a vontade e os sonhos do povo venezuelano”.

Maria Zenaida Olaso Mata Rodriguez, mãe do estudante, foi homenageada pelo governo venezuelano na quarta.