O Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, entregou nesta quarta-feira 1º de agosto ao presidente da Fenaban, Murilo Portugal, a pauta de reivindicações da Campanha Nacional 2012, em São Paulo. O encontro contou com a participação do novo presidente da CUT Nacional, o bancário Vagner Freitas.
Entre os principais pontos da pauta de reivindicações destacam-se o reajuste salarial de 10,25% (aumento real de 5% mais a reposição da inflação projetada de 4,97% para o período), piso de R$ 2.416,38 (salário mínimo calculado pelo Dieese), participação nos lucros ou resultados (PLR) de três salários mais parcela fixa adicional de R$ 4.961,25, além de vales-refeição, cesta-alimentação e auxílio-creche no valor de R$ 622 cada. As duas primeiras rodadas de negociação já estão marcadas para os dias 7 e 8, 15 e 16.
“Neste momento em que completamos 20 anos da Convenção Coletiva de Trabalho, estamos esperançosos de fazer um bom acordo. O sistema financeiro nacional está mais sólido que nunca. Apesar de terem aumentado drasticamente as provisões para devedores duvidosos, destoando da inadimplência real, os três grandes bancos que divulgaram balanços até agora alcançaram R$ 16 bilhões de lucro somente no primeiro semestre, o que demonstra que eles podem atender às nossas reivindicações”, afirmou o presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional, Carlos Cordeiro, ao entregar a pauta ao presidente da Fenaban.
Cordeiro ressaltou que, além da remuneração (reajuste dos salários, valorização do piso salarial e melhorias na PLR), os bancários têm como preocupações centrais da atual campanha nacional a defesa dos empregos, a preservação da saúde e a melhoria das condições de trabalho, combatendo as metas abusivas, o assédio moral e a falta de segurança nas agências e postos de atendimento.
‘Rotatividade para reduzir salário é inadmissível’
“O fechamento de postos de trabalho, que estava concentrado no Itaú, começa a se espalhar por todo o sistema e isso é muito preocupante. Nem nos países que passam por uma profunda crise, como a Espanha, estão havendo demissões assim no sistema financeiro brasileiro”, disse o presidente da Contraf-CUT. Ele também condenou o que chama de “mecanismo perverso da rotatividade” utilizado pelos bancos para dispensar funcionários mais antigos e reduzir a massa salarial da categoria.
“Na economia brasileira como um todo, segundo o Caged, a diferença de valor do salário médio dos trabalhadores contratados e dos desligados é de 7%. No sistema financeiro é de 40%. Isso é inadmissível. Não acontece em nenhum banco na América Latina. Só no Brasil”, criticou Cordeiro. Para ele, também é um fenômeno tipicamente brasileiro a imensa diferença salarial entre os altos executivos e o piso salarial dos bancários. “Aqui essa diferença chega a 210 vezes. Não podemos aceitar essa brutal concentração da riqueza produzida pelos trabalhadores.”
Metas abusivas produzem assédio moral
O coordenador do Comando Nacional também defendeu a necessidade de melhorar as condições de trabalho nos bancos. “Está aumentando o adoecimento da categoria por causa da pressão, das metas abusivas e do assédio moral. É grande o número de bancários que tomam remédio tarja preta. E ainda somos surpreendidos com banco contratando arapongas para vigiar a vida particular de bancários afastados por licença médica. Esperamos que não seja prática do setor, senão a negociação não é séria.”
A presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, destacou a importância de as negociações deste ano avançarem em relação ao combate ao assédio moral. “A inclusão da cláusula sobre o tema na Convenção Coletiva foi um avanço. Mas precisamos tomar outras medidas que vão além daquelas medidas, porque o assédio moral continua insuportável”, afirmou Juvandia.
O presidente da Contraf-CUT também defendeu a necessidade de se avançar rumo a um acordo que ponha fim à insegurança bancária. “Não podemos conviver com a banalização dessa violência, que provocou 49 mortes em 2011 e outras 27 no primeiro semestre deste ano”, disse Cordeiro.
Ele ressaltou ainda a reivindicação que garante o direito a uma aposentadoria digna a todos os bancários. “Os números do Caged mostram que é maior o número de bancários que morrem do que os que se aposentam. E quando se aposentam, os rendimentos caem drasticamente porque não incluem a parte indireta e variável da remuneração da ativa. Essa situação precisa ser resolvida num país que é a sexta maior economia do mundo”, afirmou Cordeiro.
20 anos de Convenção Coletiva
O presidente da CUT Nacional ressaltou a importância da Convenção Coletiva dos Bancários, a única categoria de trabalhadores no Brasil que possui um acordo nacional com os mesmos direitos em todo o país. “Uma das principais tarefas que terei à frente da CUT será estender essa experiência vitoriosa dos bancários a outras categorias”, disse Vagner, ex-presidente da Contraf-CUT.
“Espero que os bancários sejam vitoriosos nesse processo negocial e conquistem mais aumento real de salário. Isso influenciará outras categorias e aumentará o poder de compra dos trabalhadores, o que significa estabilidade e mais desenvolvimento e ajuda o Brasil. É com essa expectativa que a CUT acompanhará atentamente essas negociações, porque ela interessa a todo o Brasil”, concluiu Vagner.
O presidente da Fenaban, Murilo Portugal, declarou que a Convenção Coletiva é uma conquista não só dos bancários, mas também das empresas. Reconheceu que “a situação dos bancos é positiva”, citou o estudo do FMI atestando a solidez do sistema financeiro nacional e manifestou a esperança de que “as negociações deste ano sejam rápidas e exitosas para os dois lados”.
Principais reivindicações dos bancários
> Reajuste salarial de 10,25%, o que significa 5% de aumento real acima da inflação projetada de 4,97% nos últimos 12 meses.
> PLR de três salários mais R$ 4.961,25 fixos.
> Piso da categoria equivalente ao salário mínimo do Dieese (R$ 2.416,38).
> Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários.
> Auxílio-educação para graduação e pós-graduação.
> Auxílio-refeição, cesta-alimentação e auxílio creche/babá: R$ 622,00.
> Emprego: aumentar as contratações, acabar com a rotatividade, fim das terceirizações, aprovação da Convenção 158 da OIT (que inibe demissões imotivadas) e universalização dos serviços bancários.
> Cumprimento da jornada de 6 horas para todos.
> Fim das metas abusivas e combate ao assédio moral para preservar a saúde dos bancários.
> Mais segurança nas agências e postos bancários.
> Previdência complementar para todos os bancários.
> Contratação total da remuneração, o que inclui a renda variável.
> Igualdade de oportunidades.