O Sindipetro Bahia apoia a greve dos caminhoneiros, anunciada para a próxima segunda (1/02), por entender que uma vitória do movimento paredista dessa categoria, que reivindica, entre outras coisas, a redução dos preços dos derivados de petróleo, pode beneficiar toda a população brasileira.
Nesse primeiro dia da greve dos caminhoneiros, os petroleiros vão levar às ruas, mais uma vez, a campanha “Gás a preço Justo” com o objetivo de mostrar que é possível vender o gás de cozinha a um preço mais baixo do que está sendo praticado hoje no mercado, levando-se em consideração o custo de produção nacional, mantendo o lucro das distribuidoras, revendedoras, da Petrobras e a arrecadação dos impostos dos estados e municípios. O botijão de gás de cozinha de 13 kilos será vendido em um bairro popular de Salvador ao valor de R$ 40,00.
A direção do Sindipetro Bahia também está entrando em contato com motoristas de aplicativo e motoboys a fim de organizar uma carreata contra o preço abusivo dos combustíveis.
Pautas em comum
Com algumas pautas e reivindicações similares, a luta dos petroleiros e caminhoneiros se converge em pontos que são de grande interesse da população brasileira: o fim do Preço de Paridade de Importação (PPI) adotado pela Petrobras, que atrela os preços dos combustíveis no Brasil ao valor do barril de petróleo no mercado internacional e o cancelamento da venda das refinarias da estatal.
Ao produzir o combustível em real e vender em dólar, o governo Bolsonaro vem impondo severos sacrifícios à população em geral e a alguns segmentos que fazem parte de categorias específicas como os caminhoneiros que ao anunciar a greve reivindicam também o aumento da tabela do frete mínimo e direito a aposentadoria especial.
Muitos caminhoneiros que apoiaram o então candidato à presidência da República, Jair Bolsonaro, em 2018, se dizem arrependidos e se sentem traídos pelo presidente. Eles estão insatisfeitos porque as promessas feitas por Bolsonaro não foram cumpridas e outras medidas devem ser tomadas pelo atual governo que no entender dos caminhoneiros prejudicará ainda mais a categoria. Uma delas é o Projeto de Lei 4199/2020, elaborado pelo Ministério da Infraestrutura. Apelidado de BR do Mar, o PL, que deve ser apreciado pelo Senado em 2021, beneficia o transporte de carga por navios.
Critico do governo Bolsonaro, o caminhoneiro, Wanderley Alves, conhecido como Dedeco, em entrevista a BBC News, afirmou que a situação dos caminhoneiros não melhorou em relação a 2018. “Veja o preço do óleo diesel hoje, chega a estar R$ 4,40, R$ 4,50. Na época que nós fizemos paralisação, nós paramos porque o diesel estava R$ 3,30. O caminhoneiro, lá em 2015, no governo Dilma, parou porque o diesel estava R$ 2,80. Hoje, o diesel já está quase R$ 5 em alguns lugares”.
Promessas
Para evitar a greve, o governo Bolsonaro anunciou a inclusão dos caminhoneiros no grupo que terá prioridade na vacinação contra a covid-19. Além da isenção para importação de pneus. Mas não atendeu a principal reivindicação da categoria que é a mudança da política de preços adotada atualmente pela Petrobras.
“Os caminhoneiros, assim como os petroleiros, querem uma politica nacional dos preços dos combustíveis, o que vai beneficiar toda a população, inclusive a de baixa de renda, pois haverá redução considerável do preço do botijão do gás de cozinha”, pontua o Diretor de Comunicação do Sindipetro Bahia, Radiovaldo Costa, ressaltando que “hoje o Brasil produz os derivados de petróleo em real, mas vende em dólar para a sua população”.
Venda da Rlam vai prejudicar ainda mais a população
A agência Reuters divulgou na terça (26) que a Petrobras deve concluir a venda da Refinaria Landulpho Alves antes de março. Ainda de acordo com a agência “a estatal que está esperando ofertas finais de todos os concorrentes da Rlam com base nos termos do contrato estabelecido com a Mubadala Investment, de Abu Dhabi”, potencial compradora da refinaria.
Junto com a RLAM estão sendo entregues 669 quilômetros de oleodutos, que ligam a refinaria ao Complexo Petroquímico de Camaçari e ao Terminal de Madre de Deus, que também está sendo vendido no pacote que inclui ainda outros três terminais da Bahia (Candeias, Jequié e Itabuna).
Estudo da PUC Rio, que analisou os efeitos da privatização de seis das oito refinarias colocadas à venda pela direção da Petrobras: Refap (RS), Repar (PR), Regap (MG), RLAM (BA), RNEST (PE) e Reman (AM), apontou que a venda dessas refinarias vai abrir espaço e incentivar a criação de um oligopólio nacional e monopólios regionais privados e sem competitividade.
O coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, ressalta que “de acordo com os pesquisadores, a Rlam é uma das refinarias da estatal que tem potencial mais elevado para formação de monopólios regionais, o que pode aumentar ainda mais os preços da gasolina, diesel e gás de cozinha, além do risco de desabastecimento, o que deixará o consumidor inseguro e refém de uma empresa privada”.
Para o coordenador do Sindipetro, Jairo Batista, ” as empresas privadas tiveram a oportunidade de investir e construir refinarias no Brasil desde a quebra do monopólio estatal do petróleo (1997) mas não o fizeram. Agora, visando apenas o lucro, elas estão tendo a grande oportunidade dada por Bolsonaro/Guedes de “abocanhar” o patrimônio do povo brasileiro, recebendo estruturas que foram construídas durante anos com o dinheiro público”.
[Da imprensa Sindipetro Bahia]