Não contente com a maior taxa de desemprego de todos os tempos, divulgada nesta quinta-feira 23 pelo IBGE, e que aponta que 24,3 milhões de pessoas ficaram sem trabalho em 2016, Michel Temer pode desempregar mais 1 milhão de trabalhadores brasileiros do setor de petróleo e gás.
Isso porque o governo decidiu alterar – e praticamente dar fim – à política industrial de conteúdo local no setor, irritando profundamente a indústria e provocando consequências drásticas para a economia do País, os brasileiros e os empresários. A previsão dos mais 1 milhão de desempregados é da própria indústria, segundo reportagem da Agência Estado nesta quinta.
O motivo: a frustração nos negócios da cadeia fornecedora, que teria investido, nos últimos anos, mais de US$ 60 bilhões na implementação e capacidade de produção para atender a demanda nacional do setor.
“Empresas multinacionais que para cá vieram por conta do conteúdo local, encerrarão suas atividades no Brasil e passarão a fornecer bens e serviços a partir de outros países, acarretando maior desemprego e perda de renda”, explica o movimento “Produz Brasil”, que reúne 14 entidades representantes de fornecedores. Para eles, as medidas anunciadas pelo governo sinalizam o fim do conteúdo local.
A reportagem diz ainda que o setor contava com o apoio do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços durante as discussões sobre a nova política, enquanto o Ministério de Minas e Energia atuou, principalmente, para atender as reivindicações das grandes companhias petroleiras, que prometem ao governo ampliar o investimento no Brasil.
O maior problema da mudança na política, na opinião do presidente do Conselho de Óleo e Gás da Abimaq, Cesar Prata, é a definição de 25% de conteúdo local para as plataformas de petróleo. Atualmente, esse índice é de 65%, mas o setor aceitava reduzir para 40%, com separação entre serviços e materiais.
Para exploração em terra, o índice de conteúdo local será 50%. Nos blocos em mar, o conteúdo mínimo será de 18% na fase de exploração, 25% para a construção de poços e 40% para sistemas de coleta e escoamento. Nas plataformas marítimas, o percentual será 25%. Atualmente, os percentuais de conteúdo local são definidos separadamente em cada rodada nos editais que são publicados para chamar os leilões.
VIA Brasil 247