Com novo reajuste, gasolina acumula 70% de aumento e ultrapassa R$ 5 nas bombas

 

Uma semana após reajustar o preço da gasolina nas refinarias, a Petrobrás anunciou mais um aumento de 1,01% no litro do derivado, que passará de R$ 2,2069 para R$ 2,2294 a partir desta quinta-feira (13). Com isso, o preço médio que será cobrado ao consumidor final nos postos de gasolina deverá ultrapassar os R$ 5,00.

Há mais de um ano, a Petrobrás vem realizando reajustes consecutivos dos derivados, que tiveram início em junho de 2017, e vinham sendo aplicados até diariamente. Desde então, o preço da gasolina nas refinarias já acumula alta de 69,62% e o do diesel, 69,46%. Variações muito acima da inflação, que nesse período beira os 5%.

No último dia 06 de setembro, a Petrobrás anunciou que passará a utilizar também um mecanismo de proteção financeira (hedge) de forma a flexibilizar a variação do preço do combustível para que ocorra a cada quinze dias. Os reajustes adotados pela empresa são fruto da mudança na política de preços dos derivados, anunciada em outubro de 2016, logo após Pedro Parente assumir o comando da companhia.

Os combustíveis passaram a ser reajustados conforme a variação do barril de petróleo e, consequentemente, do dólar. A paridade de preços com o mercado internacional vem prejudicando a população, que sofre aumentos abusivos não só da gasolina e do diesel, como também do botijão de gás. Além de não criar qualquer mecanismo de proteção para o consumidor, a gestão da Petrobrás reduziu drasticamente a carga das refinarias, que estão operando com 75% da capacidade em vários estados do país.

Quem ganha com isso são as importadoras de combustíveis. Em 2017, foram importados mais de 200 milhões de barris de derivados de petróleo, número recorde da série histórica da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Quem perde é o povo brasileiro, que paga uma das gasolinas mais caras do planeta. Levantamento feito pela consultoria Air–Inc, em fevereiro deste ano, já apontava o Brasil como a segunda gasolina mais cara entre os 15 países que mais produzem petróleo no mundo.

“É o resultado desastroso desta gestão golpista, que diminuiu o papel do Estado e passou a incentivar o investimento privado. O objetivo é atrair o capital estrangeiro para privatizar o setor de refino do Brasil. É evidente que essa política tem prejudicado o consumidor. O preço de extração da Petrobras está em torno de 40 dólares o barril. E a empresa, com essa insanidade de praticar preços internacionais, faz com que o brasileiro pague um derivado no mercado internacional que é de 80 dólares o barril. Essa é uma consequência gravíssima para o país”, afirma o coordenador licenciado da FUP, José Maria Rangel.

De volta aos anos 90

Nos anos 90, a população amargou as consequências dessa mesma política, quando a gasolina brasileira chegou a ser cotada entre as 20 mais caras do mundo. Para se ter uma ideia, entre 1995 e 2002, o preço do combustível sofreu reajustes de 350%, uma média de 44% ao ano. De 2003 a 2015, o reajuste foi de 45%, uma média de 3.75% ao ano.

Até 2003, a Petrobrás reajustava mensalmente os seus preços. Nos governos Lula, passou a exercer uma política de reajuste que levava em consideração tanto o mercado externo, quanto o interno, preservando os interesses nacionais e as necessidades da população.

Agora, quando o preço do barril já gira em torno de US$ 80,00, a gestão golpista da Petrobrás insiste em praticar a paridade de preços com o mercado internacional, sem estabelecer mecanismos de proteção para o consumidor.

“Nos governos Lula e Dilma, as nossas refinarias estavam a plena carga, com condições de suprir o mercado interno e praticar preços acessíveis à população. Agora, por uma decisão do governo, a Petrobrás reduziu drasticamente a carga processada em nossas refinarias e o país aumentou a importação”, denuncia José Maria Rangel.

“Da forma como está, se a OPEP resolver fechar as torneiras amanhã, os consumidores brasileiros vão pagar o preço e não saberão disso”, explica o petroleiro, destacando que em diversos momentos da história, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) interferiu na economia mundial, controlando o valor do barril de petróleo. “Essa política dos golpistas deixou o Brasil de novo vulnerável a qualquer problema internacional”, lamenta.

[FUP]