Com direitos em disputa, bancada sindical encolhe no Congresso

 

A chamada bancada sindical na Câmara estará ainda menor na próxima legislatura, a partir de 1º de fevereiro. Levantamento preliminar do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) aponta apenas 33 deputados eleitos. Em 2014, eram 51.

“Os trabalhadores terão menos defensores que na legislatura que termina”, lembra o Diap, destacando o papel da bancada sindical na manutenção de direitos e no debate de temas de interesse dos trabalhadores, além de intermediar demandas e mediar conflitos. “Por isso, sua redução é preocupante, uma vez que se papel vai além das fronteiras parlamentares.”

A situação é ainda pior se comparada com a eleição de 2010. Naquele ano, foram eleitos 81 deputados identificados com o sindicalismo.

Dos 33 de agora, 29 foram reeleitos e quatro são novos: Lídice da Mata (PSB-BA), que era senadora, Airton Faleiro (PT-PA), Carlos Veras (PT-PE) e Vilson da Fetaemg (PSB-MG). Estes últimos três têm origem no setor rural.

A maior parte dos eleitos é do PT: 18. Depois vêm PCdoB (4), PSB (3) e PRB (2). Com um cada, PDT, Pode, PR, PSL, Psol e SD. Entre eles, estão o ex-presidente da CUT Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-SP), e o presidente licenciado da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SD-SP).

Não é uma lista homogênea. Inclui, por exemplo, o nome de Delegado Waldir (PSL), vindo da Polícia Civil. Foi o candidato a deputado mais votado em Goiás (274 mil votos) e é apoiador de Jair Bolsonaro – e, segundo alguns, até cotado para ministro da Justiça.

Senado Federal

Na Casa, a bancada dos trabalhadores sofreu revés maior ainda. Dos 9 representantes que a bancada possui nesta legislatura, apenas os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Paulo Paim (PT-RS) conseguiram renovar os respectivos mandatos. Juntam-se à bancada, eleitos em 2018, Jaques Wagner (PT-BA) e Major Olímpio (PSL-SP), o candidato ao Senado mais votado do país e recém-eleito por São Paulo, que representa a Polícia Militar e é considerado um dos homens fortes da campanha de Bolsonaro.

Congresso renovado, porém fragmentado e mais conservador

O Congresso Nacional teve neste ano a sua maior renovação desde 1990, segundo o levantamento do Diap. Também está mais fragmentado – maior quantidade de partidos representados – e ainda mais conservador. Aumentou a presença de partidos de direita e diminuiu o chamado “centro”, enquanto a esquerda, minoritária, manteve sua base.

De acordo com o levantamento, das 513 cadeiras na Câmara, 269 (52%) serão de deputados que vão cumprir seu primeiro mandato. Mas 141 se elegeram “em função da relação de parentesco com políticos tradicionais, lideranças evangélicas, policiais linha dura ou celebridades”, diz o Diap. Na eleição anterior, em 2014, eram 240 novos.

As principais bancadas da Casa serão do PT, com 56 deputados (ante 61 da atual ban cada), do PSL, com 52, e do PP, com 37. A legenda que mais perdeu representação foi o MDB, que passou de 66 eleitos, em 2014, para 34, praticamente a metade. O PSDB foi de 54 para apenas 29.

À direita, os que mais cresceram foram o PSL, na “onda” bolsonarista, de 8 para 52, e o PRB, do vice, de 21 para 30. Pela esquerda, destaque para Psol, dos atuais 6 para 10, e PSB, de 26 para 32.

A Câmara terá 30 partidos representados a partir de 1º de fevereiro, dos 35 com registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em 2014, eram 28. Vinte anos atrás, havia 20 legendas na Casa.

Mais de 80% dos deputados eleitos têm ensino superior, com predominância de profissionais liberais. Por profissão, há 133 empresários.

Mais de 75% se declaram brancos e mais de 20%, negros ou pardos. Foram eleitas 77 mulheres, 15% da Casa, ante 51 em 2014.

No Senado, eram 54 cadeiras em disputa – dois terços de um total de 81. Foram 32 que tentaram a reeleição e apenas oito que conseguiram. Assim, haverá 46 “novos” – pelo menos 40 nunca foram senadores e nove nunca ocuparam cargos públicos. A renovação foi de 85%.

O MDB tem 18 senadores, sendo 14 com mandato até o ano que vem e quatro até 2023. Elegeu sete. Sua futura bancada terá 11. O PSDB vai de 12 para oito e o PT, de nove para seis.

[Com informações da Rede Brasil Atual e Diap| Foto Marcello Casal Jr, da Agência Brasil]