Com apoio da FUP, petroleiros movem ação contra a venda de ativos da Petrobrás no Espírito Santo

Foto: Campo de Golfinho/Foto: Divulgação

Venda dos polos Camarupim e Golfinho envolve riscos ambientais; processo pede imediata suspensão das negociações

[Da assessoria de comunicação da FUP]

Com apoio da Federação Única dos Petroleiros (FUP), o Sindipetro-ES protocolou ação na Justiça Federal do Espírito Santo na última segunda-feira, 23, pedindo a suspensão da venda dos ativos da Petrobrás no estado. Os polos offshore de Camarupim e Golfinho, localizados no Litoral Norte, estão sendo negociados para o grupo norueguês BW Energy pelo montante de US$75 milhões, o equivalente a menos de dois meses de produção, segundo dados do sindicato.

“A venda de Camarupim e Golfinho, que juntos já chegaram a produzir 15 mil barris de petróleo e 750 mil m³ de gás por dia, é mais uma etapa da política entreguista da atual gestão da Petrobrás, vendendo os ativos a preço de banana”, denuncia o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.

Na ação, o Sindipetro-ES pede a paralisação da negociação dos campos Camarupim e Golfinho até que a Petrobrás apresente o valor de mercado dos ativos e o contrato de compra e venda, a fim de contestar os estudos realizados pelo sindicato e aferir a capacidade técnica e financeira do grupo BW.

De acordo com a equipe da Advocacia Garcez, que representa o Sindipetro-ES, além do preço baixo de venda, “a operação dos campos, em mar aberto, envolve riscos que não são da expertise da empresa compradora, com grande possibilidade de geração de acidentes ambientais e de trabalho nesta atividade”.

Privatizado em 2020, Polo Lagoa Parda registrou vazamento de óleo em fevereiro

O desinvestimento no estado por parte da atual gestão da Petrobrás não é novidade, e vem criando insegurança na operação dos equipamentos. Em fevereiro deste ano, um vazamento de cerca de 7 mil litros de óleo foi registrado na cidade de Linhares (ES), onde fica o Polo Lagoa Parda, vendido pela Petrobrás para a Imetame Energia em setembro de 2020. O incidente afetou direta e indiretamente diversas comunidades do entorno, além de ter causado dano ambiental, uma vez que se localiza próximo à Reserva de Comboios e à foz do Rio Doce, no estado capixaba.

As medidas adotadas pela Petrobrás e pela Imetame foram insuficientes para o reparo total dos danos e, por isso, a ação civil pública protocolada no dia 23 também requer a suspensão da transferência dos ativos no estado até que haja o cumprimento dos normativos legais, como auditoria das operações e realização de audiências públicas.

“Alinhada ao governo Jair Bolsonaro, a atual gestão faz negociatas duvidosas, não se importando com os impactos da privatização para a população e o meio ambiente. O que aconteceu em Lagoa Parda devia ter acendido um alerta do que ocorre quando há esse tipo de barganha visando apenas a desestatização”, finaliza Bacelar.