Com a diversidade e a riqueza cultural de organizações dos cinco continentes, marcha abre o Fórum Social Mundial

CUT

Uma multidão com sua riqueza de cores, raças e religiões tomou às ruas do centro de Túnis, capital da Tunísia, na marcha que abriu oficialmente o Fórum Social Mundial (FSM).

Com entusiasmo, determinação e ousadia, num canto coletivo, os/as manifestantes empunharam as suas bandeiras, faixas e cartazes contra o imperialismo, a globalização e a especulação financeira, afirmando que jamais aceitarão calados serem saqueados por capitalistas gananciosos enquanto o povo padece de fome, desemprego e proteção social.

Todos/as juntos/as exigindo um mundo livre de preconceito, discriminação, opressão e injustiças sociais, onde reine a solidariedade e a paz.

“Com o colorido das bandeiras de organizações dos cinco continentes, a Marcha caracterizou as diversas lutas do planeta que nos unem pelo princípio central do Fórum de que “um outro mundo é possível”. Destaque para a demonstração e o vigor na expressão e nos gritos do povo tunisiano. Por isso, o Fórum Social Mundial e as organizações presentes precisam deixar um legado para a população local. A Tunísia depois do Fórum não pode ser a mesma. Tem que ser um outro país, muito melhor para o seu povo”, afirmou Rosane Bertotti, secretária nacional de Comunicação da CUT.

Acompanhada sob olhares atentos e esperançosos de uma população que até pouco tempo lhe via negado o livre direito de se expressar, a marcha teve como ponto de partida a praça 14 de janeiro, que leva este nome pois expressa a data em que o ex-presidente tirano Ben Ali saiu do País para refugiar-se na Arábia Saudita após a revolução desencadeada pelo povo.

Foi a partir deste movimento que se iniciou uma sucessão de revoltas populares no norte da África e Oriente Médio. Como ponto de partida, o profundo descontentamento com a forma de governar e de estruturar a sociedade na região, exigindo democracia, liberdade e melhores condições de vida.

Mas na Tunísia a transição democrática ainda caminha. O dirigente da Frente Popular e líder da esquerda, Chokri Belaid, foi assassinado quando saia de casa no dia 6 de fevereiro. Por conta deste atentado, o então primeiro-ministro, Hamadi Jabali, acabou renunciando.

A população enfrenta hoje um processo de dificuldade econômica. A crise financeira nos países centrais do capitalismo tem reflexo direto no País, paraíso turístico europeu à beira Mar do Mediterrâneo. A taxa de desemprego, por exemplo, está nos 17%. Entre os jovens, passa de 30%.

“Pensar num mundo socialista é lutar pelos direitos de toda à população, construindo uma sociedade sem preconceito e discriminação. E ver a Marcha do Fórum Social Mundial com uma presença massiva de jovens e mulheres é algo bastante representativo”, destacou Rosana Sousa, diretora executiva da CUT.

O exemplo da Tunísia expressa bem o fato de que o aprofundamento da crise exige uma ação mais enérgica e efetiva dos movimentos sociais, sindicais e sociedade civil.

“Não há proteção social em quase nenhum dos países. E nos países capitalistas que estão em crise os governos têm adotado uma política de austeridade que ataca praticamente aqueles direitos já consolidados”, rechaçou Junéia Batista, secretária nacional de Saúde do Trabalhador da CUT.

Já para o diretor executivo da Central, Rogério Pantoja, colocado este desafio, o Fórum Social Mundial precisa avançar do ponto de reflexão para a construção de uma plataforma com ações práticas. Portanto, “a partir da capilaridade e do poder de mobilização das entidades que participam do FSM é fundamental a formulação de propostas concretas para organização da luta social articulada internacionalmente. Nossa expectativa é que possamos ter um debate aberto entre as entidades que compõem o Fórum findando a construção deste novo mundo que queremos”, salientou.

Shakeaspeare Martins, diretor executivo da CUT, acredita que a realização do Fórum é um momento importante dos movimentos estarem unificados e mostrarem seu poder de mobilização frente aos ataques do capitalismo e neoliberalismo. “Esta luta é de todos e todas que sonham com um novo mundo, muito mais justo e igualitário”, apontou.

Assim como nas outras edições, o FSM terá em sua programação uma série de atividades propostas por entidades da sociedade civil e movimentos sociais de todas as regiões do mundo e seu encerramento se dará no próximo domingo, dia 30, com uma marcha de apoio ao povo palestino.