Com 21 mil trabalhadores afastados por doenças, bancários priorizam saúde na negociação

 

Rede Brasil Atual

Na primeira rodada de negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e a federação dos bancos (Fenaban) foram debatidas as pressões pelas metas que, segundo os representantes dos trabalhadores, causam um um índice preocupante de adoecimento e deterioram as condições de trabalho. Levantamento feito com base em dados do INSS aponta 21.144 registros de afastamentos no ano passado. A reunião começou na quinta-feira (8) e prosseguiu ontem.

O estudo aponta que 27% dos afastamentos são decorrentes de lesões por esforço repetitivo (LER/Dort) e outros 26% por transtornos mentais e comportamentais, como estresse, depressão e síndrome do pânico. E que a situação não é de melhora, já que, em 2011, o número de bancários licenciados foi de 20.714. Nos primeiros três meses deste ano, as ocorrências já passam de 4.300.

A categoria bancária está entre as que mais sofrem com doenças ocupacionais relacionadas à forma de gestão dos bancos que apostam numa rotina de metas abusivas, extrema pressão e assédio moral como forma de aumentar sua produtividade, de acordo com dados do INSS, em todo o país – sendo 27% por LER/Dort e 25,7% por transtornos mentais e comportamentais (como stress, depressão, síndrome do pânico). Somente nos três primeiros meses de 2013, 4.387 pessoas se licenciaram pelos mesmos motivos (25,8% transtornos mentais e 25,4% por LER/Dort). Em 2011, o número de bancários afastados foi de 20.714. “Voltamos a apontar uma situação que os trabalhadores não suportam mais e que os bancos têm de mudar”, afirma a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira, referindo-se às políticas internas das instituições financeiras por metas.

Segundo informação do site da entidade, os representantes patronais resistem a debater os programas de metas alegando se tratar de interferência nas gestões. “Mas ressaltamos que o fim da pressão por metas é a principal preocupação dos bancários e não vamos sair da campanha sem uma proposta que altere essa rotina que atormenta os trabalhadores”, disse Juvandia.

O comando nacional da categoria informou que já existe uma cláusula da convenção coletiva de trabalho, que tem abrangência em todo o país, cujo cumprimento já poderia minimizar o ambiente de pressão. Mas o acordo – que proíbe a divulgação de rankings de performance individual dos funcionários – não estaria sendo cumprido. A Fenaban se comprometeu a reorientar pelo respeito à cláusula.

Segurança

O entendimento sobre segurança bancária também foi tema da primeira rodada de negociação. “Verificamos um aumento dos assaltos, sequestros e arrombamentos nos últimos anos, bem como dos casos de ‘saidinha de banco’, mostrando a fragilidade da segurança dos estabelecimentos”, destacou Ademir Wiederkehr, secretário de imprensa da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, assinalando que as negociações precisam buscar mecanismos de proteção à vida das pessoas, trabalhadores e usuários.

A agenda da campanha nacional dos bancários prevê a participação nas ações das centrais contra o projeto de lei da terceirização (PL 4.330). A CUT fará vigília na terça (13) para pressionar a comissão da Câmara que analisa o projeto a não levá-lo a votação sem que sejam modificados pontos que permitam o agravamento do emprego fraudulento de mão de obra terceirizada. A comissão prevê votar o PL na quarta.

Nos próximos dias 15 e 16, o comando nacional e a Fenaban realizam a segunda rodada de negociação sobre o tema emprego. Na questão salarial, ainda não agendada, a categoria reivindica reajuste de 11,93%, o que inclui aumento real de 5%.